Espinosa, meu éden

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terça-feira, 30 de abril de 2019

2183 - O Samba em lágrimas

Sua belíssima voz por tantas e tantas vezes entoou as mais variadas canções, como os inspirados versos da composição de Guilherme de Brito e de Nélson Cavaquinho, "Folhas Secas", que assim diz:
"Não sei quantas vezes subi o morro cantando, sempre o Sol me queimando e assim vou me acabando, quando o tempo avisar que eu não posso mais cantar, sei que vou sentir saudades ao lado do meu violão e da minha Mocidade..."
Morreu a cantora Elizabeth Santos Leal de Carvalho, intérprete magistral conhecida como Beth Carvalho. Nascida em 5 de maio de 1946 no Rio de Janeiro, a sambista carioca iria completar 73 anos daqui a poucos dias. Era filha de João Francisco Leal de Carvalho e de Maria Nair Santos Leal de Carvalho. Tem uma única irmã, a Vânia, e uma única filha, a Luana.


Beth Carvalho desde pequena já se embrenhava pelo caminho da música, já que a família era bastante apaixonada pelas harmonias dos sons. Aprendeu e ensinou a arte de tocar violão, participou de inúmeros festivais da canção, apresentou-se em vários lugares do mundo e se tornou cantora e reveladora de outros artistas populares como Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e Arlindo Cruz, ganhando o apelido de "Madrinha do Samba". Gravou músicas belas que se tornaram clássicos, de compositores ímpares como Cartola e Nélson Cavaquinho.  
Beth tinha muitas paixões. A família, o Samba, o encontro com os amigos nas rodas de pagode do Rio, o Botafogo de Futebol e Regatas, a Estação Primeira de Mangueira e o ativismo político na defesa da justiça social. Jamais se entregava. No ano passado, já bastante adoentada, com problemas sérios na coluna operada que a impedia de caminhar e ficar de pé, ela, guerreira, ainda se apresentou cantando deitada no show "Beth Carvalho Encontra Fundo de Quintal - 40 Anos de Pé no Chão".
Gravou grandes sucessos como "Andança", "Coisinha do Pai", "Firme e Forte", "Olho por Olho", "Saco de Feijão", "1800 Colinas", "Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço", "Acreditar", "Folhas Secas", "As Rosas Não Falam" e a música que iria se tornar um segundo hino da torcida do Atlético Mineiro, a composição de Jorge Aragão, Dida e Neoci intitulada "Vou Festejar".
Beth Carvalho ganhou vários prêmios na carreira artística, entre eles 6 Prêmios Sharp, 9 Discos de Platina, 17 Discos de Ouro, 1 DVD de Platina e dezenas de outras premiações. No Grammy Latino de 2009, em Las Vegas nos Estados Unidos, ela foi homenageada.
A música brasileira perde uma das suas grandes artistas e intérpretes, que irá deixar um enorme vazio no cenário do mundo do Samba. Beth vai certamente descansar em paz, porque ela jamais "pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", como diz os versos da música "Vou Festejar", composição de Dida e de Jorge Aragão. A "Madrinha do Samba" vai fazer muita falta!
Um grande e tristonho abraço espinosense.

A grande artista cantou até o fim. Imagem de Mauro Ferreira