Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

3378 - Parabéns e obrigado, REI-Naldo!

Levado por meu irmão José de Freitas Tolentino à capital Belo Horizonte pela primeira vez nos anos 70, vivi as mais belas emoções que um jovem garotinho de uma cidadezinha do interior jamais havia sonhado. Além de me assustar e me surpreender com o trânsito frenético e com os arranha-céus de concreto e vidro, pude conhecer e vivenciar de forma intensa e emocionante em pleno Mineirão, um clássico entre o meu Atlético e o Cruzeiro do meu mano querido. No meio daquela multidão de cerca de 100 mil pessoas, algo assim como três Espinosas, aquele garotinho ingênuo e caipira sentiu pela primeira vez na vida a trepidante emoção de ver ao vivo e a cores o seu Clube Atlético Mineiro jogar. E mais! Foi inesquecível ver em campo o genial ídolo da camisa 9, José Reinaldo de Lima, mostrar todo o seu extraordinário talento e cumplicidade com a bola, marcando o gol da vitória alvinegra por 2 x 1. Foi a primeira e única vez que vi o REI jogar, ao vivo. Mas felizmente ainda o vi desfilar pelos gramados do mundo pela TV, atuando pelo Galo e pela Seleção Brasileira, sempre hipnotizado por sua genialidade e coragem de explicitar para o mundo a sua posição política, sem medo de represálias, com seu gesto característico de punho fechado e braço levantado. O REI é eterno!





Como Deus é sempre muito bom comigo, tive a honra, a felicidade e o privilégio de me encontrar em três oportunidades com meu ídolo. Uma no Shopping Montes Claros, quando de uma entrevista dele e do Raul Plassmann na época da Copa do Mundo; outra no mesmo shopping, no lançamento de seu livro; e a terceira e última, ou melhor, mais recente, na visita que fiz à Arena MRV, em Belo Horizonte. Como sempre, apesar da fama internacional e do assédio constante, Reinaldo me tratou com a maior generosidade, atenção e humildade, um exemplo de profissional e ídolo do futebol. 
Ontem, o REI da Nação Atleticana comemorou seus 67 anos de idade! Parabéns pelo aniversário, REI, e vida longa repleta de saúde e felicidade! Obrigado por tudo e gratidão eterna, gênio da bola!
Um grande abraço espinosense.


Centenário de Espinosa - Postagem 10

Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.

Uma cidade qualquer do mundo é construída com o trabalho de milhares de pessoas, não só das poderosas e letradas, mas e também das humildes e incultas. Todas essas figuras são peças importantes na engrenagem que faz funcionar uma comunidade evoluída, feliz e harmoniosa. Em Espinosa não é diferente. Cada cidadão, por mais simples que seja seu trabalho, é de suma importância no desenvolvimento cotidiano da localidade. É quase certo também que cada lugar deste mundo tenha seus personagens excêntricos, assim nos mostra a realidade. Espinosa não poderia ser diferente, obviamente.
Entre tantas figuras incomuns que viveram ou vivem no nosso meio, podemos citar este senhor da fotografia abaixo. Damião o seu nome, figura excepcional, quase que completamente fora do padrão. Trabalhador rural arretado, forte, dedicado, Damião já chamava a atenção pelo porte físico privilegiado. Alto, esguio, de cor negra, inteligente, honesto. Todo sábado saía da "roça" e vinha para a cidade fazer compras no "comércio". Após a obrigação terminada, era hora de tomar suas cachaças, direito sagrado de todos nós. O problema era o excesso, a perda do controle. Era muito gole, o que o deixava às vezes ou quase sempre, completamente embriagado. Era comum vê-lo pelas ruas da cidade falando sozinho um dialeto incompreensível enquanto perambulava por aqui e acolá em sua jeguinha, companheira de todas as horas. Ele era tão grande que praticamente arrastava os pés no chão ao montar naquele pequeno animal. Ninguém explica como ele conseguia se equilibrar totalmente bêbado no espinhaço da sua jeguinha, sem despencar no chão. Lembro-me bem que ele adorava cantar uma música em que imitava a voz masculina e também a voz feminina, em um espetáculo deveras engraçado. Caíamos na gargalhada ao ouvi-lo cantar aquela canção até hoje desconhecida para mim.       
 



Damião constantemente não conseguia voltar para casa no sábado de feira, depois de tomar seus goles. Pernoitava em algum lugar da cidade até que o dia de domingo amanhecesse para ele retornar para casa são e salvo com sua leal companheira de aventuras. Ele era uma atração para a criançada da cidade, que o seguia gritando e festejando pelas ruas. Gostaria muito de conhecer completamente a história de Damião e ter a oportunidade de bater um longo papo com ele, mas nunca tive essa sorte. Figuraça!
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.

Centenário de Espinosa - Postagem 9

Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.

A numerosa família Freitas em Espinosa, fruto da união dos meus avôs Joaquim de Freitas e Joana Antunes, teve personagens marcantes na história de Espinosa. O mais famoso e importante foi sem dúvida Alvacy de Freitas, o Preto, que com seu carisma, popularidade e dinamismo foi eleito prefeito em duas eleições, deixando sua marca no município, especialmente na área da educação, com várias escolas instaladas na zona rural. Outro personagem dos Freitas que se destacou bastante na história de Espinosa foi Aníbal de Freitas, o Bola, cidadão digno e exemplar, gentil e atencioso, nobre e íntegro, empreendedor e ativo na sua sofisticada loja de bicicletas localizada ao lado de sua residência, à época próxima do Mercado Municipal, na famosa Rua da Resina, a Rua Coronel Domingos Tolentino.





Como naqueles tempos de outrora o automóvel e a motocicleta eram produtos caríssimos, bem distantes da imensa maioria da população espinosense, a bicicleta era o meio de locomoção mais fácil e acessível. E através da sua loja, Bola proporcionou a imensa parcela da comunidade a aquisição da sua "magrela", que naquela época vinha equipada até com um farol para iluminar o caminho durante à noite. Para gerar a luz, havia um dínamo fixo ao garfo da bicicleta, que encostado ao pneu em movimento, gerava o atrito e a eletricidade pela rotação do eixo interno da peça. Quanto mais velocidade, melhor a força da luz. O dínamo ainda hoje é utilizado, mas mais moderno e embutido no cubo da roda dianteira das bicicletas modernas.




Bola movimentava a vida pacata dos moradores da cidade. Foi um promotor entusiasmado de passeios e encontros de dezenas e centenas de ciclistas, inclusive com aventuras até a Barragem do Estreito e o Rio Verde Pequeno, na divisa com a Bahia. Era um cara bom, generoso e fraterno, sempre distribuindo sorrisos e bondades e surpreendendo as pessoas nas ruas com as luzes coloridas piscantes instaladas na sua bicicleta diferenciada e na sua Rural novinha.
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.