Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.
Uma cidade qualquer do mundo é construída com o trabalho de milhares de pessoas, não só das poderosas e letradas, mas e também das humildes e incultas. Todas essas figuras são peças importantes na engrenagem que faz funcionar uma comunidade evoluída, feliz e harmoniosa. Em Espinosa não é diferente. Cada cidadão, por mais simples que seja seu trabalho, é de suma importância no desenvolvimento cotidiano da localidade. É quase certo também que cada lugar deste mundo tenha seus personagens excêntricos, assim nos mostra a realidade. Espinosa não poderia ser diferente, obviamente.
Entre tantas figuras incomuns que viveram ou vivem no nosso meio, podemos citar este senhor da fotografia abaixo. Damião o seu nome, figura excepcional, quase que completamente fora do padrão. Trabalhador rural arretado, forte, dedicado, Damião já chamava a atenção pelo porte físico privilegiado. Alto, esguio, de cor negra, inteligente, honesto. Todo sábado saía da "roça" e vinha para a cidade fazer compras no "comércio". Após a obrigação terminada, era hora de tomar suas cachaças, direito sagrado de todos nós. O problema era o excesso, a perda do controle. Era muito gole, o que o deixava às vezes ou quase sempre, completamente embriagado. Era comum vê-lo pelas ruas da cidade falando sozinho um dialeto incompreensível enquanto perambulava por aqui e acolá em sua jeguinha, companheira de todas as horas. Ele era tão grande que praticamente arrastava os pés no chão ao montar naquele pequeno animal. Ninguém explica como ele conseguia se equilibrar totalmente bêbado no espinhaço da sua jeguinha, sem despencar no chão. Lembro-me bem que ele adorava cantar uma música em que imitava a voz masculina e também a voz feminina, em um espetáculo deveras engraçado. Caíamos na gargalhada ao ouvi-lo cantar aquela canção até hoje desconhecida para mim.
Damião constantemente não conseguia voltar para casa no sábado de feira, depois de tomar seus goles. Pernoitava em algum lugar da cidade até que o dia de domingo amanhecesse para ele retornar para casa são e salvo com sua leal companheira de aventuras. Ele era uma atração para a criançada da cidade, que o seguia gritando e festejando pelas ruas. Gostaria muito de conhecer completamente a história de Damião e ter a oportunidade de bater um longo papo com ele, mas nunca tive essa sorte. Figuraça!
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.
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