Espinosa, meu éden

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sábado, 26 de março de 2022

2925 - O assalto que foi furto

Antes de mais nada, ainda sem entrar no assunto da postagem e com o intuito de somente esclarecer as denominações legais dos crimes, vamos tentar entender as diferenças entre roubo, furto e assalto. Roubo é um delito cometido por quem se apossa indevidamente de coisa móvel pertencente a outrem por meio de violência ou de grave ameaça. Furto é uma ação ou efeito de se apoderar de coisa alheia, sem violência. Já assalto é uma ação de atacar súbita e violentamente algúem para roubar, com uso de violência. Ou seja, seguindo o constante nos dicionários, o tema desta postagem e do documentário "3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central", disponível desde 16 de março na Netflix, foi um furto e não um assalto. Mas que causou assombro, polêmica e alvoroço no país, ah, isso ninguém duvida.



O inacreditável crime de dimensões cinematográficas ocorrido em Fortaleza, no Ceará, em 6 e 7 de agosto de 2005 (sábado e domingo), ganhou as manchetes dos jornais, rádios e TVs deixando incrédula a população brasileira. Cerca de 34 bandidos estiveram envolvidos no furto que surrupiou, em um final de semana, um montante de R$ 164,7 milhões, com peso estimado em 3,5 toneladas de cédulas de R$ 50,00. A incrível jornada dos ladrões começou três meses antes com o planejamento da ação criminosa. Foi alugada uma casa simples próxima ao prédio do Banco Central, na Rua 25 de Março, nº 1071, no Centro de Fortaleza, para funcionar como uma empresa de comercialização de grama sintética. A partir dali, os meliantes construíram um túnel de cerca de 75 metros de comprimento, com 70 cm de largura e 4 metros de profundidade, dotado de sistema de ar-condicionado, interfone e iluminação elétrica e totalmente escorado com vigas de madeira para evitar desabamentos. Foi uma verdadeira obra de engenharia. E, convenhamos, de extraordinária ousadia e competência dos ladrões. Além da bem-sucedida construção do túnel, eles ainda tiveram a capacidade de conseguir atravessar a pesada blindagem do cofre, perfurando o piso de 1,10 metro feito de concreto reforçado com aço, com a utilização de maquitas e britadeira, sem provocar o disparo dos alarmes nem registro nas câmeras de segurança do cofre. 



O documentário "3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central" mostra em três episódios de cerca de uma hora cada ("O Crime", "A Caçada" e "Dinheiro Maldito") os bastidores da epopeia criminosa que sacudiu o país em 2005. O projeto consumiu três meses de pesquisa e outros seis meses de produção, com mais quatro meses de pós-produção, entrevistando cerca de 30 pessoas e captando quase cem horas de material, entre depoimentos, imagens reais e imagens encenadas do fato. Nos três episódios está contada a história de audácia e perícia na ação de furto e o despreparo da turma na hora de aproveitar a vida com os milhões subtraídos do Banco Central. Ali são expostos os excessos de gastos e as situações difíceis que alguns passaram mesmo com muito dinheiro guardado, vítimas de extorsões de policiais bandidos, sequestros de familiares e até assassinatos, parecendo se transformar toda aquela grana em um dinheiro maldito que só lhes trouxe complicações e problemas. 



"3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central"    
Ficha Técnica:
Direção Geral: Rodrigo Astiz
Direção e Roteiro: Daniel Billio
Pesquisadora-Chefe: Claudia Belfort
Produção-Executiva: Adriana Marques, Íris Sodré Mendes e Mauricio Hirata Filho
Produtores Associados: Gavulino Filmes e Marcos Tardin
    
Há algum tempo, em 22 de julho de 2011, foi lançado outra produção cinematográfica sobre o furto em Fortaleza, um filme de nome "Assalto ao Banco Central", dirigido por Marcos Paulo e com Milhem Cortaz, Eriberto Leão, Hermila Guedes, Lima Duarte, Giulia Gam, Tonico Pereira, entre outros, no elenco. Este filme não seguiu exatamente a história real, seguindo uma linha de adaptação livre, um tanto romantizada.
A verdade é que este acontecimento foi uma aventura extraordinária desses bandidos e mais ainda uma façanha elogiável dos nossos policiais federais que empreenderam uma investigação ampla, longa, difícil e muito bem sucedida, seguindo as poucas pistas deixadas e conseguindo identificar e prender quase todos os participantes no furto milionário. Para relembrar o fato e entender melhor o furto e a investigação, só acessando a Netflix para assistir à série. Vale a pena! 
Um grande abraço espinosense.