Espinosa, meu éden

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

2116 - O encanto do engenhoso Pipiripau

O Natal acabou de acontecer mais uma vez, a de número 2018 na história, comemorando o nascimento do mais importante ser humano que pisou neste mundo, Jesus Cristo. Nova festa dos cristãos quanto a este acontecimento maravilhoso só mesmo em 25 de dezembro de 2019. Mas a história da vida, morte e ressurreição de Cristo pode ser acompanhada durante todo o ano através de uma obra de arte encantadora e única: o Presépio do Pipiripau. A tradição de montagem de presépios, estas tradicionais representações do nascimento de Jesus com a presença das figuras de São José, da Virgem Maria, do burro e do boi (as principais), vem de longos anos, desde que São Francisco de Assis montou o seu em 1923 na floresta de Greccio, na Itália.



Imaginado e construído pelo mecânico da Estrada de Ferro Central do Brasil e artesão Raimundo Machado de Azevedo, o Pipiripau conta a trajetória de Jesus Cristo na Terra, desde o seu nascimento até sua violenta e covarde morte na cruz e posterior ressurreição. Através da sincronização de 586 figuras móveis, distribuídas por 45 cenas, a vida de Jesus é contada em meio a cenas do cotidiano de uma cidade qualquer do interior do Brasil, com a presença de figuras simples das comunidades como o marceneiro, o pescador, a lavadeira, o lavrador, o sanfoneiro, a banda de música, as igrejas com seus sinos, a procissão, a roda d´água, o carrossel, entre outras. As suas peças foram modeladas em argila, papel machê, conchas e outros materiais e a parte mecânica contou com o uso de barbante, carretéis de linha, polias, mecanismos de relógio, radiola, gramofone e várias outras peças de velhos maquinários. 
Esta maravilha saída da mente brilhante de seu Raimundo teve a construção iniciada em 1906, quando ele tinha apenas 12 anos e demorou nada menos que 82 anos para ficar totalmente pronta. O presépio foi doado à UFMG em 1976, depois tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1984 e passou por uma completa restauração e modernização entre 2012 e 2017, com o uso de recursos captados através da Lei Rouanet, cerca de R$ 490 mil, com apoio do Instituto Unimed-BH. Além da reforma no presépio, foram executados serviços na edificação, nas instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção a incêndio, na segurança eletrônica, sonorização e sinalização de emergência.



O Presépio do Pipiripau está localizado dentro das instalações do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, na Rua Gustavo da Silveira, 1.035, bairro Santa Inês, em Belo Horizonte. Ele pode ser visitado com um ingresso no valor irrisório de R$ 10,00 nas quartas, quintas e sextas-feiras, das 11h às 16h e nos finais de semana às 11h, 12h, 15h e 17h.
É muito interessante como um tesouro dessa magnitude tenha sido construído por uma única pessoa, sem uso de nenhuma tecnologia, com o uso de materiais simples do dia a dia, com um resultado tão surpreendente e encantador. Ficam o agradecimento e o reconhecimento ao Seu Raimundo e à sua mente genial, ele que nos deixou aos 27 de agosto de 1988, aos 93 anos de idade.
Um grande abraço espinosense.