Mais um Campeonato Brasileiro chega à sua rodada final, desta vez sem maiores emoções nos seus jogos derradeiros, a não ser a briga desesperada de Sport, Bahia e Portuguesa para não se tornar o quarto time a cair para a segunda divisão, e a disputa pela classificação direta à Copa Libertadores entre Grêmio e Atlético Mineiro.
Mais uma vez um clube carioca, o Fluminense de Abel Braga, conquista o título, com todos os méritos, claro. Mas não se pode deixar de ressaltar a rotineira coleção de erros de arbitragem a favor da equipe carioca, sem contar as nebulosas jogadas de bastidores. Essa ajudazinha aos grandes times de São Paulo e Rio de Janeiro já se tornou uma coisa tão natural e corriqueira, que ninguém mais se surpreende. Aceita-se essa anomalia como parte do processo político do país, sobretudo o famoso e reprovável "jeitinho brasileiro", assim como a corrupção e os desmandos de alguns governantes e congressistas. Mas vamos falar apenas de futebol.
A maior surpresa da disputa foi, sem dúvida, a queda do poderoso Palmeiras, pela segunda vez, à Série B. Mesmo depois de ganhar a difícil disputa da Copa do Brasil e com um técnico de alto gabarito como Luís Felipe Scolari no comando (de volta à Seleção Brasileira), a equipe do Parque Antártica não conseguiu se estabilizar e com fracas atuações, sucumbiu aos adversários e foi rebaixado inapelavelmente.
O Cruzeiro, que no início do campeonato era apontado como um dos candidatos ao rebaixamento pela Revista Placar, mesmo apresentando um futebol feio e de pouca qualidade técnica, conseguiu se recuperar alcançando uma boa colocação na tabela, ficando entre os oito primeiros (até o momento). A falta de dinheiro, a contratação de jogadores medianos e a aposta em técnicos meio retranqueiros parece ter influenciado bastante no pífio desempenho do clube na temporada, tendo sido eliminado da Copa do Brasil nas oitavas de final pelo Atlético (PR) e não conseguindo chegar nem à final do Campeonato Mineiro.
O Atlético Mineiro, ao contrário, só tem o que comemorar neste ano de 2012. Depois de recuperar a hegemonia no estado de Minas Gerais ao conquistar de forma invicta o Campeonato Mineiro, o Galo voltou a frequentar as primeiras posições da tabela do Campeonato Brasileiro, liderando por 15 rodadas e brigando pelo título até as rodadas finais. A contratação do gênio da bola Ronaldinho Gaúcho, que inesperadamente e em boa hora, preencheu uma posição de carência crônica da equipe, veio contagiar a Massa Atleticana e inspirar os outros jogadores, principalmente o garoto Bernard, que passou a ser uma peça imprescindível na equipe montada pelo treinador Cuca.
Mesmo com a desconfiança de uma parte da torcida atleticana e sob um intenso bombardeio de pragas desferidas pela torcida adversária, que contava com uma vida desregrada do craque pelos incontáveis bares da cidade e um insucesso nos gramados, Ronaldinho Gaúcho voltou a mostrar a sua velha qualidade técnica, o carisma arrebatador, a vontade de jogar sério e competitivamente e a sua eterna genialidade e intimidade com ela, a bola. Em menos de seis meses, conquistou a exigente Massa Atleticana e já se tornou um ídolo tal qual Reinaldo, Cerezzo, Éder, Marques, Dario e Luizinho.
Ronaldinho, Bernard e Réver, ao lado dos companheiros, devolveram à torcida atleticana o orgulho, a alegria, o prazer de assistir aos jogos com a confiança na vitória e a louca satisfação de lotar o estádio e cantar a plenos pulmões o belíssimo hino do clube.
Méritos também à diretoria, especialmente o presidente Alexandre Kalil, que mudou a mentalidade e o cenário desanimadores antes existentes no clube, afundado nos últimos anos em dívidas e vexames. O Atlético voltou a se destacar não só nos gramados do país e na tabela de classificação das competições, mas se tornou destaque em todo o mundo devido ao seu desempenho em campo como também, claro, à presença do ídolo mundial Ronaldinho Gaúcho. E parece que as mudanças para melhor não irão parar, pois se descortina para o ano seguinte mais investimentos e boas contratações para reforçar a equipe que disputará a Copa Libertadores da América.
Só espero que na última rodada o Galo volte a mostrar a sua força e vença o seu maior rival, não reeditando aquele vexame gigantesco ocorrido na partida final do ano passado, quando, em uma possibilidade única e histórica, poderia ter decretado o rebaixamento do Cruzeiro e, inexplicavelmente, sucumbiu por 6 x 1, na maior goleada da história do clássico aplicada pelo time azul da Toca da Raposa.
Um grande abraço espinosense.