Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

50 - O Cruzeirinho em Belo Horizonte, 1977

Se não me engano a data, em agosto de 1977, talvez, vivi um dos dias mais felizes da minha adolescência. Como sempre apaixonado por futebol, eu fazia parte do time do Cruzeirinho Esporte Clube, então uma verdadeira seleção de jovens craques espinosenses, capitaneados pelo saudoso e estimado presidente Mateus Salviola Antunes. "Sêo" Mateus foi um líder dedicado e de enorme importância para o futebol de Espinosa e para todos aqueles garotos que fizeram parte do Cruzeirinho. Com muito esforço, ele angariava apoios da comunidade para que o Cruzeirinho pudesse viajar e jogar em outras cidades vizinhas, o que era muito dispendioso na época. O então prefeito Paulo Cruz, pai do nosso colega Palau, liberava uma caminhonete C-10 para as nossas aventuras, sempre dirigida pelo também saudoso pai de Tatuzinho, "Sêo" Ezinho. Não havia asfalto e íamos todos debaixo de muita poeira, frio e cansaço na caçamba da caminhonete jogar em várias cidades da região: Monte Azul, Mato Verde, Taiobeiras, Rio Pardo de Minas, Porteirinha, Janaúba, Urandi, Mortugaba, Jacaraci, entre outras.
Mas queríamos mais. E "Sêo" Mateus resolveu nos levar à Belo Horizonte para enfrentar o juvenil do Cruzeiro Esporte Clube. Ficamos maravilhados com essa possibilidade. Foi uma verdadeira luta para arrecadar recursos para a viagem. Mas com total apoio da comunidade, conseguimos o dinheiro suficiente para a viagem e até para comprar agasalhos Adidas, de ótima qualidade, na cor verde. Passamos a ser chamados, carinhosa e ironicamente de "papagaios de Mateus".
E lá fomos nós, extasiados, jogar futebol na capital do estado contra o Cruzeiro. Era um sonho! Muitos de nós não conheciam Belo Horizonte. E foi uma descoberta encantadora avistar todos aqueles prédios enormes, aquelas largas avenidas apinhadas de carros, grandes e belas lojas e um movimento interminável de pessoas nas ruas.
Dessa viagem lembro-me de uma história um tanto engraçada: nosso colega Jorjão comprou, assim como quase todos, uma chuteira novinha para estrear naquele jogo, até ali o mais importante de toda a nossa vida. Acontece que o vendedor se atrapalhou e colocou na caixa dois pés esquerdos da chuteira, o que só foi descoberto pouco tempo antes da partida. Assim, Jorjão teve que se conformar em jogar com a velha e surrada chuteira. Coisas do futebol.
Jogamos na sede do Cruzeiro, no Barro Preto, e perdemos o jogo por 3 x 1. O nosso gol foi marcado por Benildo. Tenho enorme saudade daquela experiência e muita gratidão a "Sêo" Mateus por ter nos proporcionado a realização de um sonho. O meu eterno agradecimento.
Em pé: Péba, Zinho, Jânio, Cleone, Valdo Pezão e Jorjão;
Agachados: Euclides (In memoriam), Benildo, Tatuzinho, Sérgio e Eustáquio.



Entrada em campo do Cruzeirinho no Barro Preto em BH
Em fila: Valdo Pezão, Eustáquio, Péba, Jânio, Benildo,
Tatuzinho (encoberto), Cleone, Euclides, Zinho, Sérgio e Jorjão.