O futebol de Espinosa nunca teve uma fase tão empolgante como a verificada na década de 70, quando tínhamos duas grandes equipes em atividade e a rivalidade entre elas arrebatava os torcedores que, aos domingos, enchia o então "Campão", onde atualmente se localiza o Mercado Municipal. E o mais interessante e surpreendente é que naquela época o campo não era murado, não havia alambrado, nem vestiário e muito menos gramado. Mas o futebol apresentado pelos jogadores era de muito boa qualidade. A rivalidade implacável era entre as equipes do Santa Cruz e do Espinosense (ex-M. Teixeira, uma empresa de engenharia que fazia obras na cidade naquela época). O futebol era tão animado que, em todos os domingos havia grandes jogos, pois sempre que um desses times jogava em Espinosa, o outro time saía para enfrentar times de outras cidades da região. E quantos grandes jogos eu assisti e quantos grandes jogadores eu vi jogar ali em partidas memoráveis.
No time do Santa Cruz, destacavam-se Sidney, Paulão, Tarcisinho, Paulo Fernando, Valdomiro, Lucídio (goleiro), Bertoldo, Zé Maria e Neném Godela. No Espinosense as estrelas eram Kita, Roberto Pé-Duro, Dim, Fonso, Dai, Téo, Valdeci, Acyr (goleiro) e Itamar. Mas havia muitos outros bons jogadores que nos faziam delirar de encantamento e alegria. Sempre torci pelo Espinosense, pois enquanto o Santa Cruz praticava um estilo mais forte e aguerrido, o meu time apresentava um estilo de jogo mais bonito, cadenciado, de mais categoria, com um toque de bola refinado, mostra da qualidade técnica dos seus jogadores. Mas os jogos entre eles eram disputadíssimos e sem nenhum favoritismo, uma verdadeira batalha.
Lembro-me do principal combate entre eles, em que a taça que era disputada, desapareceu misteriosamente. Neste jogo histórico houve uma briga generalizada e Téo, que era muito bom de briga, foi o destaque ao colocar para correr um cara que se dizia lutador de caratê. Nem me lembro mais o porquê da briga, mas lembro-me bem que, após um tumulto entre os jogadores, a torcida invadiu o campo e aí foi um deus-nos-acuda, com muita correria e enorme confusão. Minha memória não me permite lembrar mais detalhes deste acontecimento, mas conforme um e-mail que recebi tempos atrás, de Raimundo Mário, foram disputados três jogos em uma melhor-de-três, em que o time vencedor levaria a taça de campeão. No primeiro jogo, o Espinosense ganhou por 2 x 0. No segundo, o Santa Cruz deu o troco e venceu por 2 x 1. Aí veio a famosa partida final em que o Santa Cruz bateu o Espinosense por 1 x 0 e faturou o título. Só não conseguiu levar a taça, que desapareceu misteriosamente durante a confusão. Histórias do futebol espinosense.
Veja mais aqui neste link em que Raimundo Mário conta detalhes desta partida memorável. Saudades do futebol emocionante e de intensa rivalidade daqueles bons tempos.
Um grande abraço espinosense.
Um grande abraço espinosense.
Reparem no árbitro, todo de branco: o saudoso Quincão |
Disputa de bola dentro da área (Hoje é o local da entrada do Mercado Municipal) |
Mesmo sem infraestrutura, a torcida comparecia ao campo |
O maior clássico da cidade agitava o futebol |
O ponta-esquerda Juju cruza a bola na área |
A charanga, em cima da Rural, animava a torcida o tempo inteiro |
O maior craque da história da cidade em ação: Kita |
O time do Espinosense: Valdeci, ?, Manelão, Téo, Chico, Carlinhos Pé-de-Chumbo, Acyr, Kita, Tone Lacrau, Pé-Duro, Tota, Fonso, Dim, Juju e Geraldinho. |
Em pé: Manelão, Valdeci, Acyr, Téo, Carlinhos Pé-de-Chumbo, Chico, Pé-duro e Tota; Agachados: Geraldinho, ?, Tone Lacrau, Fonso, Dim, Kita e Juju. |
Time da M. Teixeira, do grande desportista Drumond: Em pé: Chico, Pé-Duro, Carlinhos Pé-de-Chumbo, Luiz, Eloísio, Fonso e ?; Agachados: Zezinho da Gráfica, Tota, Kita, Tone Lacrau, Haroldinho e Téo. |