Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

84 - A festa do GALO em Montes Claros

Neste domingo, penúltimo dia do mês de janeiro de 2011, tive a oportunidade de assistir ao jogo do Funorte, estreante na primeira divisão do futebol mineiro, contra o Clube Atlético Mineiro, aqui em Montes Claros. Na verdade, no estádio, assisti ao primeiro tempo, somente. No intervalo, devido à superlotação do estádio José Maria Melo, do Cassimiro de Abreu, decidi ir embora e ver o segundo tempo na confortabilidade da minha casa.
Há muito tempo há a promessa de se construir um estádio decente para sediar os jogos dos times profissionais e amadores de Montes Claros. Só promessa. O famoso Mocão, estádio que seria construído na cidade, só teve começada a terraplenagem e parou por aí. Até hoje hão notícias de que uma parte da verba liberada para a construção do estádio terá que ser devolvida aos cofres públicos, pela Prefeitura, que não aplicou devidamente o dinheiro ou não entrou com a sua parte na empreitada.
O estádio Mocão ficou apenas na terraplenagem
O que se viu neste domingo em Montes Claros foi uma magnífica demonstração de amor incondicional pelo Galo, externado pelas centenas de torcedores alvinegros apaixonados que foram, primeiro ao aeroporto recepcionar o time que chegava de avião, e depois à porta do Hotel Monte Rey, cantando o hino do clube e gritando palavras de ordem para homenagear os seus ídolos, principalmente Diego Tardelli e Renan Ribeiro. Estive lá e pude presenciar a louca paixão dos atleticanos.
Torcedores atleticanos aguardam a chegada do time ao hotel
A chegada do ônibus que trazia os jogadores atleticanos
Os jogadores do Galo chegam ao hotel

Forte aparato policial para a chegada do Galo
A torcida atleticana cerca o ônibus que traz os jogadores

A torcida enlouquecida cerca o ônibus do Galo
Os bares da Rua Santa Maria, no Bairro Todos os Santos, onde se localiza o estádio José Maria Melo, local da partida, ficaram lotados de atleticanos com suas camisas e bandeiras alvinegras. Uma festa maravilhosa, sem dúvida. Mas a parte decepcionante do evento ficou para a total inadequação do estádio do Cassimiro de Abreu para receber jogos dessa magnitude. O estádio não oferece as mínimas condições de conforto para receber tamanha quantidade de torcedores, como aconteceu neste domingo. Foi anunciado que 5000 ingressos foram colocados à venda, sendo que o estádio não comporta nem 3000 pessoas, com total segurança e conforto. O que se viu foi uma completa irresponsabilidade por parte dos organizadores. Pessoas que se espremiam com as outras, filas intermináveis que não se moviam um palmo dentro do estádio, além da total indisponibilidade de se chegar até os banheiros. Muitas pessoas mal podiam ver um pedaço do campo de jogo.
Arquibancada lotada de torcedores do Galo e do Funorte,
juntos e em paz
Torcedores em pé, espremidos na arquibancada lotada
Fiquei imaginando se houvesse um tumulto no meio da torcida e as graves consequências que poderiam ocasionar, já que haviam muitos idosos e crianças presentes. Lembrei-me dos graves distúrbios acontecidos na final da Taça dos Campeões Europeus, na Bélgica, em 29 de maio de 1985, entre o Liverpool da Inglaterra e o Juventus da Itália, quando brigas entre os hooligans ingleses e os tifosi italianos causaram a morte de 38 torcedores e ferimentos em milhares, acontecimento trágico que ficou conhecido como a Tragédia do Estádio do Heysel.
Corpos de mortos e feridos na Tragédia de Heysel, na Bélgica

Torcedores encurralados no Estádio do Heysel tentam se salvar
Após assistir ao primeiro tempo em pé, desconfortavelmene instalado, completamente espremido entre as pessoas e sem ter uma visão completa do campo, decidi sair no intervalo e, no conforto e comodidade da minha casa, assistir ao segundo tempo. Não me arrependi da decisão tomada, pois pude acompanhar todo o segundo tempo com toda a tranquilidade em casa, tendo melhores condições de avaliar o desempenho dos times.
Quanto à festa da torcida e ao jogo, valeu cada momento. O povo montesclarense é apaixonado pelo futebol e merece um estádio que o receba em condições de acompanhar os jogos confortavelmente sentado, com ótima visão do gramado e com acesso fácil na entrada e no acesso aos bares e aos banheiros, com total segurança.
Um dado interessante é que haviam ínúmeros torcedores cruzeirenses camuflados de torcedores do Funorte, mas sem qualquer ato de violência, em perfeita harmonia, pelo menos no período em que eu permaneci no estádio.
Como os poucos ingressos à venda disponibilizados aos torcedores do Atlético acabaram rapidamente, uma enorme parcela de atleticanos comprou ingresso da área destinada aos donos da casa e ficou no meio da torcida do Funorte, também sem maiores consequências. Cantaram até o hino do Galo, quando o time entrou em campo, tudo na maior tranquilidade, sem confusões. Isso é maravilhoso e demonstra a capacidade de convivência pacífica entre os torcedores, adversários e não inimigos.

Ainda sob o sol, o Galo entra em campo para o aquecimento

A entrada em campo com muitas crianças
A entrada do Atlético em campo com a meninada

O Galo cumprimenta a torcida montes-clarense
Quanto ao jogo, o Galo fez um primeiro tempo instável, meio dispersivo, com muitos erros de passes e pouca objetividade. No segundo tempo, ao partir para o ataque, já que estava perdendo por 1 x 0, a equipe conseguiu render bem mais, conseguindo a virada no placar por 2 x 1, com gols de Magno Alves e Diego Tardelli, de pênalti, em uma marcação polêmica do árbitro. Os destaques, na minha opinião, foram o zagueiro Réver (jogador de rara qualidade), o armador Ricardinho (qualidade técnica impressionante), o volante Richarlyson (jogador com um fôlego incomum), Diego Tardelli (o nosso maior craque e ídolo) e o Wesley (que causou muito boa impressão).

Jóbson, em primeiro plano, bem marcado pelo zagueiro do Funorte

Tardelli e Renan Oliveira na área do Funorte

Richarlyson, um dos destaques da equipe do Galo

Ricardinho se prepara para bater o escanteio em frente
à torcida do Funorte, apertada contra o alambrado
A torcida agarrada ao alambrado observa o ataque do Galo
Outra coisa boa foi ver por aqui  (ou ter notícia de) vários espinosenses presentes no estádio, entre eles Gessandro, Naneza, Zinho, Day, Fonso e Wagner Oliva. Apesar do preço salgado do ingresso e da desorganização e superlotação do estádio, a vinda do Galo a Montes Claros valeu e muito. Que venha mais vezes.