O maranhense de São Luís, José Ribamar Coelho Santos, mais conhecido pelo seu nome artístico Zeca Baleiro, nasceu aos 11 de abril de 1966, filho do Seu Antônio e de Dona Socorro. O apelido veio da sua predileção por doces, balas e todo o tipo de guloseimas que carregava sempre nos bolsos, às vezes até fornecendo para os amigos. O apelido pegou e se tornou a assinatura desse excelente cantor e compositor que, mesmo depois de vários anos de carreira musical, apareceu para a mídia e ganhou projeção nacional através do show Acústico MTV de Gal Costa em 1997, quando participou cantando junto com ela a canção "À flor da pele", de sua autoria. Outros cantores também já gravaram músicas suas como Simone, Rita Ribeiro, Elba Ramalho, Luísa Possi e Renato Braz. Também teve parcerias com Fagner, Lobão, Chico César, Arnaldo Antunes, Zé Geraldo, Vander Lee, Paulinho Moska, Lenine, Zeca Pagodinho e Zé Ramalho. O seu trabalho mistura ritmos tradicionais brasileiros como samba, baião e pagode com elementos do rock, pop e música eletrônica, reinventando a música popular brasileira, com letras bastante inteligentes e bem contestadoras, entremeadas de pitadas ácidas de humor. Seu primeiro disco saiu em 1997 com o título "Por onde andará Stephen Fry?" com os sucessos "Bandeira", "Heavy metal do Senhor" e "À flor da pele". Depois vieram os álbuns Vô imbolá (1999), Líricas (2000), Pet Shop Mundo Cão (2002), Raimundo Fagner e Zeca Baleiro (2003), Baladas do asfalto e outros blues (2005), Baladas do asfalto e outros blues - Ao vivo (2006), O coração do homem-bomba - Vol. 1 (2008), O coração do homem-bomba - Vol. 2 (2008), O coração do homem-bomba - Ao vivo (Ao vivo mesmo) (2009) e Concerto (2010), além de coletâneas, trilhas de filmes e participações em álbuns de outros artistas.
Aqui uma amostra do talento contestador e bem-humorado de Zeca Baleiro ao, genialmente, brincar com as palavras estrangeiras que invadem o nosso dia-a-dia:
Samba do approach
Venha provar meu
brunch
saiba que eu tenho
approach
na hora do
lunch
eu ando de
ferryboat
eu tenho
savoir-faire
meu temperamento é
light
minha casa é
hi-tech
toda hora rola um
insight
já fui fã do Jethro Tull
hoje me amarro no Slash
minha vida agora é
cool
meu passado é que foi
trash
fica ligada no
link
que eu vou confessar
my love
depois do décimo
drink
só um bom e velho engov
eu tirei o meu
green card
e fui pra Miami Beach
posso não ser
pop star
mas já sou um
noveau riche
eu tenho
sex-appeal
saca só meu
background
veloz como Damon Hill
tenaz como Fittipaldi
nao dispenso um
happy end
quero jogar no
dream team
de dia um
macho man
e de noite uma
drag queen.
Várias de suas letras comentam temas da atualidade e brincam com marcas fortes do capitalismo, como esta canção composta em parceria com Chico César.
Eu detesto Coca Light
Eu detesto George Bush desde a Guerra do Kwait
Não quero que tu te vás, mas se tu queres ir vai-te
Quero adoçar minha sina, que viver tá muito diet
Danação é cocaína, mesmo quando chamam bright
Gosto de você menina, mas detesto Coca Light
Gosto de sair à noite, de tomar um biri night
Jurubeba, tubaína, Johnny Walker, Black White
Me afogo na cangibrina, caio no tatibitáti
Tomo cinco ou seis salinas, feito fosse chocolate
Engulo até gasolina, mas detesto Coca Light
Fazem da boate igreja, da igreja fazem boate
Poem veneno na comida, cicuta no abacate
Eu cuido da minha vida, não sou boi que vai pra o abate
Podem cortar minha crina, podem partir pra o ataque
Podem me esperar na esquina, mas detesto Coca Light
Deus é o juiz do mundo, ele apita o nosso embate
Nem Carlos Eugênio Simon nem José Roberto Wright
A partida não termina, prorrogação e pênalti
A torcida feminina dá o molho ao combate
Aprendo o que a vida ensina, mas detesto Coca Light
Tolerância zero, fome zero, Coca Zero
No quartel do mundo eu sou o Recruta Zero
Quero, quero tanta coisa
E só me dão o que não quero
(A patroa agradece!...)