Espinosa, meu éden

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terça-feira, 13 de outubro de 2020

2521 - O ocaso de um símbolo de BH

Quem passa pela famosa Avenida Afonso Pena, nº 1050, bem no centro de Belo Horizonte, certamente haverá de notar o bonito e imponente edifício construído em forma de meia-lua diante do Parque Municipal, ali na esquina com a Rua da Bahia. Naquele belo edifício funcionou, entre 1978 e novembro de 2018, o luxuoso Othon Palace Hotel, com seus 29 andares, 296 quartos e sua suíte presidencial de 120 m² e banheira em mármore de Carrara que ocupa a metade do 23º andar do prédio. Lá no alto do último andar funcionava o Restaurante Varandão, ao lado da piscina com visão espetacular do coração da capital Belo Horizonte. O Othon era referência de requinte no setor hoteleiro belo-horizontino, recebendo por seus 40 anos de vida muitas personalidades ilustres de todo o mundo. Por lá se hospedaram a primeira-dama da França, Danielle Mitterrand, o escritor José Saramago, os músicos Astor Piazzolla, Tom Jobim, Roberto Carlos e Nara Leão e a magnífica atriz Fernanda Montenegro, entre tantos outros personagens célebres.









Por conta da recessão econômica do país nos últimos anos, com diminuição da lotação e aumento da concorrência e das dívidas, o Othon foi obrigado a fechar as portas. O ano de 2014, com a realização de jogos da Copa do Mundo na cidade, foi o último com superávit nas contas. O hotel perdeu o status de 5 estrelas, sendo obrigado a reduzir suas tarifas por ter sido rebaixado a 4 estrelas. A partir daí os prejuízos se acumularam e ficaram impagáveis, com débitos exorbitantes de IPTU que beiram os R$ 5 milhões. Depois de fechado, o prédio foi a leilão há poucos dias com o lance mínimo de R$ 30 milhões, sem aparecer interessados. Conforme especialistas do mercado imobiliário, o desinteresse pela aquisição do hotel deve-se a vários fatores, como sua obsolescência, seu passivo tributário, os altos custos de manutenção e a necessidade de uma reforma geral em elevadores, refrigeração, ar-condicionado e rede hidráulica que ficaria em torno de R$ 12 milhões em plena retração da Economia com a ainda presente pandemia do novo Coronavírus. Contam ainda contra o edifício, a pouca oferta de vagas de estacionamento, mesmo que localizado em posição excepcional em pleno centro da cidade, e o tombamento da construção pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH), o que dificulta eventuais alterações na fachada, por exemplo. 









É muito triste ver verdadeiros símbolos de uma época de brilho e pujança como o Othon Palace de Belo Horizonte se pulverizando no ar impassível do capitalismo. É mesmo de se lamentar que toda uma estrutura gigantesca de matéria e luxo antes pulsante, efervescente e de celebração se desfaça, deixando prejuízos a investidores, funcionários e demais trabalhadores indiretos que faturavam nos seus arredores. Uma pena o declínio de tão belo cartão postal da linda Belo Horizonte! Fica a lição de que, assim como nós humanos, nada, por mais grandioso que seja, é para sempre. 
Um grande abraço espinosense. 

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