Perdi mais um grande amigo! Bastante triste, recebi hoje esta péssima notícia, logo após participar da Missa de domingo. Infelizmente assim é a vida. Não viemos ao mundo para existir eternamente, todos sabemos, mas cada partida de pessoas que amamos é um baque no coração.
Morreu meu querido amigo Márcio Virgílio Gonçalves Dias. Filho de Dona Neuza e Sêo Noé, Márcio foi meu colega de escola por longos e inesquecíveis bons anos. Incrivelmente espirituoso e brincalhão, ele me fez rir muito das suas peripécias dentro e fora da sala de aula. Márcio era muito gozador. Lembro-me de que o ex-prefeito Florindo Silveira Filho, o caro amigo Betão, era nosso professor de Química. Betão sempre entrava na sala de aula com uma pasta, cadernos ou livros debaixo do braço, com sua postura e andar peculiar. Márcio tinha uma capacidade incrível de imitá-lo de maneira abosolutamente perfeita, no caminhar e nos trejeitos. Certo dia, Betão atrasou uns poucos minutos e a turma pediu a Márcio que o imitasse como sempre o fazia, fazendo-nos cair na gargalhada. Só que neste dia, aconteceu o inesperado. Enquanto Márcio o imitava, Betão apareceu repentinamente na porta da sala, pegando-o em flagrante. Ao mesmo tempo em que Márcio ficara todo desconcertado, sem graça, indo rapidamente se sentar em sua carteira, o resto da turma não se aguentava em pé de tantas risadas. Betão foi indulgente e condescendente, fazendo de conta que nada havia acontecido, iniciando rapidamente a aula, sem esboçar qualquer reação rancorosa.
Quando os professores, especialmente de História e Geografia, nos indicavam trabalhos para fazer em grupo, sempre íamos nos reunir na casa de Dona Neuza. E havia uma razão extracurricular para isso. Eu, Márcio e mais alguns outros colegas sempre estávamos juntos no mesmo grupo de tarefas escolares e a casa de Márcio era a escolhida simplesmente por conta do excelente café da tarde oferecido por Dona Neuza. Então íamos lá, nos fartávamos de comer e depois enrolávamos um tanto para fazer o trabalho. Recordo-me que, não muito raramente, pegávamos o assunto do trabalho nos livros, copiando um parágrafo e descartando outro, imaginando que os professores não iriam ler tudo. A tática funcionava pois ganhávamos notas razoáveis. Éramos um pouco inconsequentes e desordeiros, características de muitos de nós na juventude.
Quando eu, já funcionário do Banco do Brasil, ia a Montes Claros fazer algum curso, ficava hospedado na Pensão Espinosa de Sêo Noé e Dona Neuza na Praça de Esportes e à noite ele me levava pelos bares e boates da noite montes-clarense, atuando como meu cicerone. Era um festival de boas risadas e divertimento. Márcio sempre foi um amigo bem-humorado, fiel e leal. E agora o perdemos, de maneira lamentável. Anos atrás, após longo tempo sem contato, nos reencontramos e firmamos o compromisso de qualquer dia desses marcarmos um encontro em algum lugar de Montes Claros ou Espinosa para tomarmos umas cervejas, batermos um longo e prazeroso papo e relembrarmos os bons tempos que convivemos juntos. Não aconteceu. A gente tem essa mania de prometer as coisas e não batalhar para cumpri-las, sempre as postergando, infelizmente. Agora ele se foi e a gente vai reencontrar outros grandes amigos não mais em um momento de alegria e regozijo, mas em um velório, entre tristeza, lágrimas e arrependimentos.
Tenho amigos que moram perto ou bem distante, alguns com quem não tenho contato há bastante tempo, mas que continuam, e continuarão até o fim dos meus dias, no lado esquerdo do peito, dentro do meu coração. Márcio era, é e será um deles, meu eterno amigo e colega de escola, o centro-avante da Oitaec, Oitava "A" Esporte Clube, nosso time da oitava série da Escola Estadual Joaquim de Freitas. Descanse em paz, meu amigo Márcio! E muito obrigado por tudo, parceiro! Gratidão eterna! Um dia, se Deus quiser, a gente volta a se encontrar, espero.
Aos familiares e amigos de Márcio, os meus sinceros sentimentos de pesar e o pedido a Deus para que conceda a todos muita serenidade, força, fé e resignação neste momento tão doloroso e triste.
Um grande abraço espinosense.
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