2360 - 1917, um primor da sétima arte

Muitos conhecem o Cinema como a sétima arte. E muitos talvez até desconheçam as outras seis demais maravilhosas artes. Quais são elas? Uma rápida pesquisa no sempre disponível e infalível (será?) Mestre Google nos leva a relembrá-las imediatamente: Arquitetura, Escultura, Literatura, Música, Pintura e Teatro (Dança). 

E nesta tão importante e encantadora sétima arte, está agora em cartaz nos cinemas de Montes Claros um representante de altíssima qualidade: o drama de guerra denominado "1917". O filme do diretor Sam Mendes conta, em 119 minutos, a saga de dois jovens militares britânicos na tentativa de cumprir uma missão praticamente suicida, a de entregar ao comandante do front uma mensagem de aborto de um ataque de tropas inglesas contra os alemães, na linha de frente da batalha, em plena Primeira Guerra Mundial. Para ter sucesso nessa tarefa inglória de salvar cerca de 1.600 compatriotas, inclusive o irmão de um deles, os dois jovens terão que atravessar, em tempo muito curto, o território inimigo. São eles os cabos Will Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman).

A insanidade, a estupidez e a violência abissal da guerra ficam em segundo plano na história contada por Sam Mendes, que se concentra em mostrar a determinação e a coragem dos jovens na incumbência de cumprir a missão que lhes foi confiada. Para isso, o diretor se utiliza de um trunfo cinematográfico que se apresenta fenomenal e que eleva e muito a qualidade do filme: a filmagem em plano-sequência.
O diretor Sam Mendes chega ao seu nono filme na carreira, após ganhar o Oscar de Melhor Diretor em 1999 por "Beleza Americana" e dirigir longas como "Estrada para Perdição" (2002), "Soldado Anônimo" (2005) e também dois filmes do famoso agente 007, "Skyfall" (2012) e "Spectre" (2015).

A oportunidade de o espectador acompanhar passo a passo e milimetricamente a movimentação dos atores nas cenas mostradas na tela grande é uma experiência impactante. É quase impossível desviar os olhos da tela e deixar de seguir os acontecimentos, sob pena de perder um fato importante da história. A fotografia de Roger Deakins é espetacular, seja em cenas de esperança, quando aparecem as cerejeiras cortadas mas com chance de renascerem em breve; seja em cenas angustiantes e dolorosas, quando corpos destroçados aparecem inertes na lama do campo de batalha. 

Como quase sempre no cinema de Hollywood, a maldita e desumana guerra é exposta mais como um ambiente de heróis em defesa da pátria, com as mortes de milhares ou milhões de pessoas sendo um resultado natural de uma competição de ideias e opostos jogos de poder entre povos. O filme não foge dessa ideia caracteristicamente americana e belicosa, saudando a bravura de soldados valentes e resolutos, prontos a oferecer a própria vida em defesa do país. "1917" se destaca mais não por essa fábrica de heróis com todo seu patriotismo e bravura, mas pela competentíssima direção e especialmente pela forma de confecção da película, com o uso estupendo da técnica do plano-sequência para captar as ações em tempo real, com um resultado esplendoroso. 

Elenco da produção: 

Cabo Thomas "Tom" Blake (Dean-Charles Chapman)

Cabo William "Will" Schofield (George Mackay)

Tenente Joseph Blake (Richard Madden)

General Erinmore (Colin Firth) 

Capitão Smith (Mark Strong)

Coronel Mackenzie (Benedict Cumberbatch)

Tenente Leslie (Andrew Scott)

O filme "1917" já ganhou vários prêmios:

Globo de Ouro: Melhor Filme de Drama e Melhor Direção

Bafta: Melhor Filme, Melhor Filme Britânico, Melhor Fotografia e Melhor Diretor

Critics’ Choice: Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Edição

PGA (Sindicato dos Produtores): Melhor Produção

MPSE (Sindicato dos Editores de Som): Melhor Diálogo/ADR

No Oscar, "1917" disputará premiações em 10 categorias:

Melhor Filme

Melhor Direção

Melhor Fotografia

Melhor Roteiro Original

Melhor Trilha Sonora Original

Melhores Efeitos Visuais

Melhor Mixagem de Som

Melhor Edição de Som

Melhor Design de Produção

Melhor Cabelo e Maquiagem

Agora é esperar a cerimônia de entrega do Oscar no dia 9 de fevereiro, no Teatro Dolby de Los Angeles, e torcer para que realmente os melhores sejam premiados. Dos nove indicados ao prêmio de Melhor Filme, consegui assistir a cinco deles: Este "1917" e mais "Coringa", "Era Uma Vez Em... Hollywood", "História de Um Casamento" e "O Irlandês". Entendo que "1917" merece o prêmio de Melhor Filme, indiscutivelmente. 

Um grande abraço espinosense.