Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

3130 - Uma dor que nunca acaba

No dia 27 de janeiro de 2013, na cidade gaúcha de Santa Maria, aconteceu um grande incêndio em uma boate denominada Kiss, com o segundo maior número de vítimas fatais da história brasileira, com a morte de 242 pessoas, a maioria de jovens estudantes de universidades da cidade. Outras centenas ficaram feridas, algumas com sequelas pesadas. O incêndio com maior número de vítimas havia ocorrido 52 anos antes, no dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Na tragédia que se abateu sobre a população presente no espetáculo do Gran Circus Norte-Americano, perderam a vida 503 pessoas, cerca de 300 crianças entre elas. Em ambos os casos, uma tragédia de proporções gigantescas.
Agora quando se completam 10 anos de tão doloroso acontecimento, motivo de dor e sofrimento não só para os pais e familiares das vítimas, como para todos nós, seres humanos com um mínimo de compaixão, estão sendo liberadas séries focadas na tragédia. Uma delas, o documentário "Boate Kiss - A Tragédia de Santa Maria", está disponível na Globoplay, produzida pelo repórter da TV Globo Marcelo Canellas. São cinco episódios com uma proposta de mostrar os fatos com imagens reais e entrevistas com personagens ligados à tragédia. 
Outra produção sobre a matéria está disponível na Netflix, de forma ficcional, com o nome "Todo Dia a Mesma Noite", com cinco episódios de pouco mais de 40 minutos (1. A noite - 43 min., 2. O Luto, 43 min., 3. A Culpa, 46 min., 4. O Processo, 42 min. e 5. Sem Fim, 44 min.). A minissérie foi adaptada do livro homônimo da jornalista Daniela Arbex que conta a história do incêndio, dos mortos e dos sobreviventes, como também da dura e até agora fracassada luta dos pais e familiares por Justiça, ou seja, a condenação dos responsáveis pela tragédia que tantas vidas destruiu.

Minissérie: "Todo Dia a Mesma Noite"
Produção: Netflix
Roteiro: Gustavo Lipsztein
Direção: Júlia Rezende e Carol Minêm
Elenco:
Thelmo Fernandes - Pedro Leal
Débora Lamm - Silvana Leal (Sil)
Laila Zaid - Policial Tereza Rocha
Erom Cordeiro - Delegado João Portella
Paulo Gorgulho - Ricardo Martins
Bianca Byington - Ana Campos
Pablo Sanábio - Médico Bernardes
Leonardo Medeiros - Geraldo
Mafê Medeiros - Juliana Leal
Manu Morelli - Marilene Leal (Mari)
Miguel Roncato - Felipe Campos (Felipinho)
Sandro Aliprandini - Marco
Álamo Facó - Vicente
Raquel Karro - Lívia
Bel Kowarick - Telma
Gabriela Munhoz - Capitã Idalina
Paola Antonini - Grazi
Nicolas Vargas - Fernando
Pedro Sol Victorino - Luis
Priscila Reis - Beatrize (Bia)
Flávio Bauraqui - Bruno
Lucca Pougy - Antônio
Aisha Moura - Sabrina
Luan Vieira - Guilherme
OBS: Na minissérie os nomes dos personagens foram trocados.




Assisti há pouco a minissérie da Netflix, "Todo Dia a Mesma Noite". E confesso, chorei muito, assim como minha esposa Cléa. É uma tristeza só a história. É um soco no estômago, um tapa na cara, um chute nos testículos, uma facada no coração, um tiro na testa, uma dor angustiante em alta voltagem para quem é pai ou mãe ou para quem tenha um mínimo de empatia no coração. Aos que são mais sensíveis e se sentem mal com emoções fortes, sugiro não assistir, pois é muito penoso e lancinante ver cenas com tanta gente jovem, alegre e feliz perdendo a vida de forma tão aflitiva e terrível. 
Além da tristeza pela perda de tantas vidas inocentes, de estudantes universitários tão jovens e sonhadores com um possível futuro brilhante, indigna a gente também a inoperância e morosidade das autoridades do Poder Judiciário em permitir em tempo hábil a condenação de todos os responsáveis pelo mortal acontecimento, os proprietários da boate Kiss, os integrantes da banda, os fiscais do Corpo de Bombeiros, os fiscais da Prefeitura de Santa Maria e seus superiores e até os membros do Ministério Público que não impediram o estabelecimento comercial de funcionar, mesmo com várias falhas graves detectadas, como inexistência de saídas de emergências, falta de extintores de incêndio e presença de espuma no forro com material inflamável e tóxico. Por todos esses erros inadmissíveis revelados, é mais do que claro e justo que os responsáveis sejam punidos por seus atos e omissões. 
Em dezembro de 2021, em júri popular, foram condenados os réus Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da Boate Kiss, e Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, mas logo em seguida, em agosto de 2022, o júri foi anulado. Até o momento, após 10 longos anos do fato, não há data marcada para novo julgamento, o que é vergonhoso.
Que a Justiça seja feita o quanto antes para deixar em paz as vítimas e seus sofridos pais! É o mínimo que o Estado Brasileiro pode fazer para minimizar a dor dessas pessoas. A todos eles a minha solidariedade!
Um grande abraço espinosense.   

 

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