Ele está lá no descampado, sozinho, naturalmente ingênuo, feliz, sereno, sentado confortavelmente com as pernas cruzadas e as mãos unidas sobre um dos joelhos, com um sorriso cativante e hospitaleiro na face rosada pelo Sol da Serra do Cipó, ali no cenário deslumbrante da região cheia de montanhas, rios e cachoeiras as mais belas das cidades de Santana do Riacho, Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar. É o Juquinha, amado personagem daquele território de tantas belezas naturais, emoldurado em icônica escultura confeccionada em argila e gesso no ano de 1987 pela artista plástica formada na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG), Virgínia Ferreira, natural dali perto mesmo, de Conceição do Mato Dentro. O mérito da ideia de homenagear o andarilho deve ser creditado aos então prefeitos de Conceição do Mato Dentro, Sebastião Soares dos Santos, e de Morro do Pilar, Clério Lima, na década de 1980. A imagem, instalada às margens da Rodovia MG-10, na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e no Circuito Turístico da Serra do Cipó, localizados a cerca de 120 quilômetros de Belo Horizonte, mede 3 metros de altura e retrata o peregrino José Patrício, um cidadão humilde, elegante, amigável e extremamente gentil, que perambulava pela região acolhendo os visitantes com seu jeito de matuto dócil, sempre com um sorriso no rosto e flores nas mãos. Juquinha morreu em 1984 aos 70 anos de idade, entrando para o imaginário dos habitantes do lugar como o guardião da Serra do Cipó, imortalizado na escultura que acabou virando um dos atrativos do turismo rural mineiro.
Infelizmente, como o terreno em que está instalada a escultura do Juquinha é particular, não aconteceu ainda o tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), o que coloca sob risco a integridade do monumento.
Espero que as autoridades da região da Serra do Cipó consigam o mais rápido possível o tombamento da estátua do Juquinha, para que ela resista ao tempo com total proteção, continuando a transmitir paz e harmonia aos viajantes que por ali trafegam. E que, nesses tempos sombrios de tamanha falta de humanidade e de desconexão da realidade, seu exemplo de gentileza, nobreza e delicadeza desperte nas pessoas o mais poderoso sentimento humano, o amor.
Um grande abraço espinosense.
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