Ufa! Já era esperado. Em se tratando de Atlético, não se poderia esperar outra coisa que não uma partida tensa e emocionante até o apito final. A torcida atleticana já está acostumada com esse sufoco, mas bem que o time poderia causar menos ansiedade e sofrimento aos apaixonados alvinegros de Minas Gerais.
O título inédito da Recopa Sul-Americana veio depois da suada e épica vitória por 4 x 3 sobre o Lanús da Argentina, após a derrota por 3 x 2 no tempo regulamentar. É o quarto título continental do Atlético, que já havia sido campeão da Conmebol por duas vezes, em 1992 (venceu o Olimpia do Paraguai) e 1997 (venceu o mesmo Lanús da Argentina), e a inesquecível conquista da Taça Libertadores da América no ano passado (venceu o mesmo Olimpia do Paraguai).
A Recopa Sul-Americana, que na realidade tem o nome de Recopa Santander Sudamericana 2014, é disputada anualmente e está na sua 21ª edição. É realizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol, a Conmebol. Participaram da presente edição o Atlético, vencedor da Copa Santander Libertadores, e o argentino Lanús, ganhador da Copa Sul-Americana de 2013.
No primeiro confronto, realizado no Estádio La Fortaleza, em Lanús, Argentina, o Atlético levou a melhor e venceu por 1 x 0, gol de Diego Tardelli aos 20 minutos do segundo tempo, depois de ótimo passe de Guilherme.
Ontem, no jogo decisivo realizado no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, completamente lotado, o Atlético passou por maus bocados no primeiro tempo, depois de abrir o placar logo no início, aos 6 minutos, através de uma cobrança de pênalti de Diego Tardelli, que entrou para a história do clube ao anotar o seu centésimo gol com a camisa alvinegra. Mas a alegria durou pouco e logo adiante, aos 8 minutos, em uma desatenção incrível da defesa atleticana, o Lanús chegou ao empate com um belo gol de Ayala, camisa 16, um dos destaques da partida. E a coisa ficou ainda pior aos 25 minutos, quando o "tanque" Santiago Silva completou rebote do goleiro Víctor após cobrança de falta da esquerda e passou à frente no placar, 2 x 1, complicando a situação até então confortável. Com este resultado, no agregado das duas partidas, 2 x 2, o jogo iria para a prorrogação e, persistindo o empate, acabaria sendo decidido nas cobranças de pênaltis. Mas o Atlético reagiu e, depois de rápida troca de passes no ataque, Marcos Rocha cruzou com extrema competência para Maicosuel estufar as redes de Marchesín e decretar o empate tranquilizador aos 36 minutos de jogo. E assim terminou o primeiro tempo, como sempre, com emoção à flor da pele.
O intervalo seria crucial para que o técnico Levir Culpi arrumasse a disposição tática do Atlético, que sofria uma marcação forte do Lanús, que estava melhor na partida e chegava sempre com perigo ao gol de Víctor.
O segundo tempo foi de tensão absoluta, com o Atlético meio perdido, com dificuldades para conseguir conter os rápidos ataques da boa equipe argentina. Se no primeiro jogo o Lanús se mostrou um tanto frágil, neste segundo confronto a equipe surpreendeu com um esquema tático eficiente, com marcação forte e rápidas trocas de passes em direção ao ataque, dificultando ao máximo a vida do Atlético, que sentiu a pressão do adversário.
Depois de passe perfeito de Diego Tardelli, Ronaldinho quase marcou, depois de dar um leve toque tirando do goleiro, mas Acosta chegou a tempo de desviar a bola para escanteio. Foi a melhor chance de o Galo matar o jogo e confirmar o título. Mas como não existe jogo tranquilo e sossegado para o Atlético, o impossível aconteceu aos 48 minutos do segundo tempo, quando Acosta tocou para as redes, depois de rebote de Víctor, decretando a vitória do Lanús por 3 x 2, deixando a imensa Massa Atleticana presente ao estádio completamente atordoada. Inacreditável!
Prorrogação. Tensão. Sofrimento. Ansiedade. Medo. O que poderia de mais ruim acontecer?
Mas o Atlético tinha Luan, o pequenino atacante que havia substituído o ídolo Ronaldinho Gaúcho e que sempre aparece nos momentos mais difíceis, um jogador iluminado. Aos 13 minutos do primeiro tempo da prorrogação, ele tenta o cruzamento pela esquerda e a bola desvia em Gómez e vai descansar serena no fundo do gol de Marchesín, para delírio dos atleticanos no Mineirão e em todo o mundo. O título estava garantido depois deste gol que empatava a partida. Será? Será mesmo assim? Perguntavam-se os fanáticos atleticanos. Em se tratando de Atlético, só se pode comemorar alguma coisa uns 10 minutos depois do apito final do árbitro, já que coisas inexplicáveis e misteriosas costumam acontecer. E aconteceu o imponderável, só que de maneira positiva. Aos 6 minutos do segundo tempo extra, uma incrível indecisão na defesa do Lanús fez com que Ayala cabeceasse contra o próprio gol e anotasse o gol da confirmação do título atleticano. Não havia mais tempo para surpresas desagradáveis. Galo Campeão! Ricardo está feliz lá em cima e eu também, aqui.
Um grande abraço espinosense.
Atlético 4 x 3 Lanús
Motivo: segundo jogo da final da Recopa
Data: 23-07-2014, quarta-feira
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Assistentes: Miguel A. Nievas (URU) e Nicolas Taran (URU)
Público: 54.786 pagantes
Renda: R$ 5.732.930,000
Gols: Diego Tardelli (6m/1ºT), Ayala (8m/1ºT), Santiago Silva (25m/1ºT), Maicosuel (36m/1ºT), Acosta (47m/2ºT), Luan (12m/1ºT da prorrogação) e Ayala (contra, 7m/2ºT da prorrogação).
Cartões amarelos: Pierre, Réver e Diego Tardelli (ATL), Somoza, Gómez, Braghieri, González, Acosta e Ayala (LAN).
Cartão vermelho: Acosta (Lanús).
Atlético (MG): Víctor, Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Emerson Conceição; Pierre, Leandro Donizete, Maicosuel (Guilherme), Ronaldinho Gaúcho (Luan) e Diego Tardelli (Dátolo); Jô.
Técnico: Levir Culpi.
Lanús: Agustín Marchesín; Carlos Araújo (Melano), Gustavo Gómez, Diego Braghieri e Maximiliano Velásquez; Leandro Somoza, Diego González e Jorge Ortiz (Pasquini); Lautaro Acosta, Santiago Silva e Victor Ayala.
Técnico: Guillermo Barros Schelotto.
A história da Recopa
O argentino Boca Juniors é quem mais venceu o torneio, com quatro conquistas. São Paulo, Olimpia, Liga de Quito e Internacional venceram por duas vezes. Confiram os vencedores:
Ano Campeão Vice-campeão
1989 - Nacional (Uruguai) Racing Club (Argentina)
1990 - Boca Juniors (Argentina) Atlético Nacional (Colômbia)
1991 - Olimpia (Paraguai) *
1992 - Colo Colo (Chile) Cruzeiro (Brasil)
1993 - São Paulo (Brasil) Cruzeiro (Brasil)
1994 - São Paulo (Brasil) Botafogo (Brasil)
1995 - Independiente (Argentina) Vélez Sarsfield (Argentina)
1996 - Grêmio (Brasil) Independiente (Argentina)
1997 - Vélez Sarsfield (Argentina) River Plate (Argentina)
1998 - Cruzeiro (Brasil) River Plate (Argentina)
2003 - Olimpia (Paraguai) San Lorenzo (Argentina)
2004 - Cienciano (Perú) Boca Juniors (Argentina)
2005 - Boca Juniors (Argentina) Once Caldas (Colômbia)
2006 - Boca Juniors (Argentina) São Paulo (Brasil)
2007 - Internacional (Brasil) Pachuca (México)
2008 - Boca Juniors (Argentina) Arsenal (Argentina)
2009 - Liga de Quito (Equador) Internacional (Brasil)
2010 - Liga de Quito (Equador) Estudiantes (Argentina)
2011 - Internacional (Brasil) Independiente (Argentina)
2012 - Santos (Brasil) Universidad de Chile (Chile)
2013 - Corinthians (Brasil) Sâo Paulo (Brasil)
2014 - Atlético (Brasil) Lanús (Argentina)
* Em 1991 o Olimpia foi declarado campeão por ter conquistado no ano anterior a Libertadores e a Sul-Americana. Entre 1999 e 2002 a competição foi suspensa.
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