Estive em Espinosa neste Natal e, como sempre, perambulei um pouco pelas ruas para ver se descobria alguma novidade na estrutura física e comportamental da cidade. Pouca coisa mudou desde que passei por lá nas minhas férias em outubro. Entre as boas mudanças, pude comemorar a volta da água corrente ao leito do Rio Verde Pequeno e a melhoria considerável no nível do reservatório da Barragem do Estreito. Outra coisa alvissareira é ver de novo o verde tomar conta da paisagem, com os umbuzeiros carregados de frutos, ainda pequenos é verdade, mas que em poucos dias farão a alegria daqueles que, como eu, adoram sair pelo mato para catá-los e saboreá-los.
Um fato que me chamou a atenção foi o intenso movimento no comércio, principalmente ali no coração econômico da cidade, na Avenida Minas Gerais. Parecia a Rua 25 de Março em São Paulo, claro que guardadas as devidas proporções.
A lamentar, porém, a incrível incivilidade de algumas pessoas que ainda insistem em fazer os seus passeios e farras nos rios da cidade e deixar para trás montanhas de lixo, com litros de bebidas, sacos plásticos, garrafas pet e latinhas de cerveja espalhados por todo lado. Quanta imbecilidade, meu Deus! Esses idiotas deveriam ser multados, obrigados a limpar a sujeira que deixaram e ainda levar uma surra de "corrião", como nos nossos velhos tempos de criança. Que povo burro, sô! Será que já se esqueceram de que há pouco tempo passamos por uma das piores secas da história e que estivemos à beira de um racionamento de água, causada em parte pela nossa degradação ambiental? Quando esse povo tapado irá se conscientizar da necessidade urgente de protegermos o meio ambiente para que fatos da espécie não voltem a acontecer?
Eu fico indignado com tamanha demonstração de burrice e falta de educação. Será que eles não param um minuto para pensar que eles poderão voltar lá para outra patuscada com os familiares e amigos e irão encontrar tudo cheio de lixo, que eles mesmos jogaram? Ô, cambada de patetas, acordem!
Outra coisa lamentável, que não muda nunca, é a falta de consciência de cidadania de uma enorme parcela dos jovens que, nas suas casas ou nos seus carros, tocam músicas de péssimo gosto a um volume ensurdecedor, sem o mínimo respeito ao direito dos outros de não querer escutar tamanha baboseira. Até quando irá durar tamanha falta de bom gosto? Estive no Rio Verde para tomar um banho e lá estavam dois carros com o som nas alturas competindo para ver quem fazia mais barulho. As músicas, se é que se pode chamar aquilo de música, se misturavam e ninguém entendia nada de nada. Como é que conseguem isso?
Uma constatação triste que faço de Espinosa: tudo gira em torno de bebida. É a razão de ser da cidade. Não que eu não goste de bebida. Adoro tomar minhas cervejas e farrear como todo mundo. Só acho que tem outras coisas interessantes para se fazer além de só tomar gole. Já passou da hora de alguém entrar na Prefeitura e implementar mudanças radicais na estrutura de lazer e esporte na cidade. Quais as opções que a população tem? A alegação pela ausência de eventos culturais e esportivos sempre é a falta de recursos. Mas quanta coisa pode ser feita com pouco dinheiro nessas áreas. Por que não se promove competições de atletismo, com corridas de 50, 100, 200 ou 400 metros, salto em altura, salto em distância, arremesso e levantamento de peso, minimaratona etc? E campeonatos de basquete, vôlei, handebol, futsal, futebol de campo a cada seis meses? E uma feirinha na praça da Liberdade com barracas padronizadas, artesanato, comidas típicas e um festival de música para descobrir novos talentos? E uma massiva plantação de árvores pela cidade inteira para deixá-la mais bonita, amenizar o calor e proporcionar uma sombra para o descanso da população? E um projeto anual de apresentações na praça de filmes e documentários de fora do circuito comercial? E por que não um programinha de calouros na praça uma vez por mês, num sábado à noite? Quem sabe não aparece um novo Roberto Carlos por lá? Mas não sai nada, só bebedeira e aquela politicagem idiota e estéril. Não duvido nada que ainda tenha gente em Espinosa que nunca tenha ouvido falar da Bossa Nova ou do Tropicalismo; do Rock Progressivo ou do Heavy Metal; do Punk Rock ou da New Age; de Woodstock ou do Rock in Rio; do Live 8 ou do Crossroads Guitar Festival; do Festival de Montreaux ou do Monterey Jazz Festival. Por que lá só se ouve axé, funk e aquelas músicas bregas com letras de duplo (ou quádruplo) sentido, o tempo inteiro. É um tal de Silvano Sales pra lá e Gusttavo Lima pra cá que acaba ficando insuportável. Que coisa triste! Na nossa época de "boy" não tínhamos as possibilidades que nos proporciona hoje a Internet. Mas grandes artistas ainda se apresentavam na televisão, de todos os estilos musicais, fato que infelizmente hoje não ocorre. Mas não nos contentávamos com isso e procurávamos por novidades na loja de discos "A Musical" de Julinho Figueiredo, ali na Rua 9 de Março, ou então garimpávamos músicas e artistas de qualidade nas rádios, principalmente na Rádio Mundial do Rio de Janeiro, que nem sei se existe mais. A gente não conhecia tudo, mas pelo menos sabia um pouquinho de cada universo musical e a partir daí escolhíamos o que nos agradava. Atualmente, como não se escuta boas músicas nem na TV, nem nas rádios, nem nas ruas da cidade, a tendência natural é que a pobreza musical se dissemine contaminando a cabeça da garotada. Assim, rapaziada, usem a Internet para conhecer novos rítmos, novas vertentes musicais, artistas e músicas que não entram no circuito comercial e vocês poderão se encantar com tanta coisa boa que existe por aí sem divulgação na mídia convencional. Abram os seus horizontes, a vida não se resume a Calcinha Preta, Silvano Sales, É o Tchan e Gusttavo Lima.
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O aeroporto virou uma grande avenida, recheada de casas por
todos os lados. Será que veremos um dia tudo isso asfaltado
e com imensas árvores no canteiro central embelezando a paisagem? |
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Mesmo ignorado por muitos que desconhecem a sua grandeza,
ou nem o percebem, o busto de José Cangussu enfrenta com firmeza o
sol causticante, dia após dia na praça do poder municipal. |
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Zé Dias e Alisson Cruz, duas figuras de destaque da cidade,
batem um longo papo no banco do jardim da Praça Coronel
Heitor Antunes. |
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O bar do atleticano reúne os amigos na Praça Antônio Sepúlveda. |
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Grande movimento na Avenida Minas Gerais para as compras de Natal. |
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A esperança nunca acaba: a roça de algodão já está plantada... |
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A Barragem do Estreito começa a voltar ao seu estado normal. |
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O cenário de beleza da represa volta aos poucos. |
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O Rio Bom Sucesso, ou do Galheiro, mesmo que apenas com um
pequeno fio de água corrente, insiste em continuar vivo. |
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Meu Rio São Domingos acolhe água em seu leito castigado pela
insensibilidade de muitos, mas já não corre mais como na
minha infância encantada e feliz. |
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Na estradinha para o açude de Clóves, o verde está de volta. |
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Dentro em pouco, os umbus deliciosos estarão disponíveis para consumo. |
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Mesmo com água represada, o açude de Clóves continua belo. |
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A Natureza é pródiga em lindas imagens, mesmo no caos. |
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Um lugar tão bonito e bom para se usufruir da Natureza e tão
malcuidado por alguns idiotas ignorantes. |
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Rio Verde Pequeno, adoro esse lugar! Se eu tivesse dinheiro,
compraria isso tudo só para preservar eternamente a sua beleza. |
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A barraginha acima da ponte ferroviária, um ótimo lugar para
se refrescar nesse calor insuportável. |
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Uma curiosidade: um mural no bar reúne as nossas grandes perdas
humanas na cidade recentemente. Lamentavelmente, entre elas, Tintin,
Dé da Codevasf, Mauri, Sílvio Ribeiro, Nivaldo Faber, Dona Carmita,
Manoel da Luz, Dirceu Ribeiro etc. Saudades... |
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Mas a esperança não pode jamais findar. Até a lua resolveu aparecer
no nosso céu em plena tarde ensolarada, para embelezar ainda mais
o nosso já tão encantado firmamento e confirmar que Deus existe e
está dentro de cada um de nós...
Um novo ano de felicidades para todos vocês... |
Um comentário:
Querido amigo Eustáquio, concordo plenamente como o seu comentário. Essa falta de iniciativa e de boa vontade das autoridades, políticos, empresàrios e da própria comunidade, me deixa muito triste. Quem sabe um dia desses voltaremos e tentaremos mudar o propósito desse povo que tanto respeito e gosto.
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