É bastante comum, em nossa fase adolescente, apaixonar-se perdidamente e à primeira vista por uma garota um tanto quanto inatingível, fenômeno conhecido como amor platônico. Um dos meus melhores amigos, Pedrão*, encantou-se por uma menina que não tinha laços de amizade com ninguém da nossa Turma da Resina.
Nos nossos tempos de juventude, aos domingos à noite, depois de assistir à missa na Igreja Matriz, ficávamos ali na praça, sentados nos bancos batendo papo e "mexendo" com as meninas, ou rodávamos a praça conversando e observando inocentemente as beldades que cruzavam com a gente. Naquele tempo as meninas tinham horário para chegar em casa, coisa rara hoje em dia. Pois bem. Nestas situações rotineiras, a gente tentava motivar Pedrão* a se declarar para a menina, mas a sua timidez e o temor de uma resposta negativa o deixava meio ressabiado. Até que um dia, depois de ser bastante pressionado por nós, ele finalmente se encheu de coragem e resolveu abordar a menina para declarar a ela todo o seu amor e a sua imensa vontade de namorá-la. Com tudo minuciosamente ensaiado em sua mente, dia após dia, lá foi Pedrão*. Ao cruzar com a garota, encheu-se de brios e soltou a cantada, à queima-roupa:
- Desde que a vi, gostei de você e quero namorar com você.
A menina, meio assustada, apenas olhou para ele por longos e angustiantes segundos, virou o rosto e seguiu a sua caminhada pela praça, indiferente à dor de amor de nosso companheiro.
Totalmente desconcertado, Pedrão* retornou à nossa turma com uma enorme decepção estampada no rosto. Como bons amigos, só nos restou tirar o maior sarro e convidá-lo a tomar uma cervejinha no Espigão de "Sêo" Zé do Hotel e tentar consolá-lo pelo final infeliz de um amor impossível. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
*Pedrão: nome fictício.
*Pedrão: nome fictício.
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