Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sábado, 4 de junho de 2011

140 - Espinosenses pelo mundo: Frei João Pereira dos Santos

Do sonho do Irmão Augusto Gonçalves, acompanhado em seguida pelo Irmão Júlio César, surgiu a Casa da Hospitalidade São João de Deus, na pequena cidade de Aparecida do Taboado, em Mato Grosso so Sul, quase na divisa com São Paulo, com pouco mais de 20 mil habitantes. O lema é: "Se alguém está doente, em solidão ou grave carência, ligue Irmãos de São João de Deus". A missão é levar apoio aos necessitados, em que lugar ou situação estejam. São visitas a enfermos nos hospitais, doação de alimentos, ajuda às pessoas deficientes e aos idosos, reparações em casas degradadas, combate ao alcoolismo, encontros bíblicos e disseminação da palavra de Deus. Entre os irmãos integrantes dessa associação de caridade, encontra-se um espinosense. Veja aqui.
Frei João Pereira dos Santos nasceu em Espinosa-MG, no dia 15 de junho de 1971, em uma família de 11 irmãos. Sentindo-se chamado à vocação hospitaleira, foi recebido em 1998 na Ordem Hospitaleira, em São Paulo, pelo Frei Julio Faria dos Reis. Esteve dois anos no Peru, em formação, no Noviciado Interprovincial da América Latina, e retornou ao Brasil em Dezembro de 2002. Fez os primeiros votos em março de 2003, e em seguida foi enviado para a Comunidade do Lar São João de Deus, em Itaipava-Petrópolis, onde viveu e trabalhou quatro anos e meio. Em julho de 2007 foi transferido para São Paulo, onde iniciou a faculdade de Serviço Social. Em 12 de julho de 2008 fez os votos perpétuos. Passado dois anos em São Paulo, foi transferido para Aparecida do Taboado-MS. Atualmente, segue sua caminhada religiosa, realizando, com o Frei Augusto, o apostolado Hospitaleiro, nesta Cidade, “e não está estudando". Seu lema de vida: ”Dou graças a Cristo Jesus Nosso Senhor, que me considerou digno de confiança pondo-me ao seu serviço” (1 Tim 1,12).

PARA SER UM IRMÃO DE SÃO JOÃO DE DEUS. . .

• Você não precisa ser perfeito, mas buscará a santidade;
• Você não precisa deixar de amar, mas amará mais os pobres e os doentes;
• Você não precisa esquecer a família, mas construirá uma família de irmãos;
• Você não renunciará à liberdade, mas decidirá escutando Deus e os irmãos;
• Você não renunciará a estudar, mas descobrirá que o doente é uma universidade;
• Você não viverá de portas fechadas, mas abrirá as portas à hospitalidade;
• Você poderá vestir o hábito, mas cultivará sobretudo o hábito de servir;
• Você fará um trabalho duro, mas Deus será o seu salário!



Imagine uma instituição hospitaleira joandeína onde as pessoas tivessem maior visibilidade do que os edifícios, onde o carismático suplantasse o institucional-empresarial, onde as estruturas não atrapalhassem o serviço, onde o hóspede fosse acolhido pelo decisor, onde a gratuidade fosse a regra e a cobrança a exceção, onde o usuário percebesse soluções sem preencher ficha, onde o pobre recebesse na hora o possível e depois a surpresa de uma visita em sua casa para dialogar soluções mais holísticas...
Imagine uma instituição mais generalista do que especialista, onde o usuário pudesse ser tanto a mulher depressiva que vem por escutadores, como a criança triste que vem por leite para a irmãzinha bebê porque “o pai foi embora”, como a viúva que vem por solução para as mil goteiras do telhado de sua casa sem porta, como o pai que vem por empréstimo de R$ 150,00 para viajar à capital com a filhinha, para um exame clínico complexo, como o ancião isolado no campo que não consegue visitar nem ser visitado pela saúde pública para o cuidado das feridas purulentas, como o PSF ou a paróquia, que vêm por parcerias ou colaboração nas pastorais, como o alcoólatra que não vem, mas precisa que alguém vá para ajudá-lo a sair do fundo do poço...
Pois essa instituição está acontecendo e é o nosso desafio, aqui na modesta cidade de Aparecida do Taboado-MS – Brasil.

Aqui tudo é diferente...

Aqui tentamos ser farejadores de oportunidades de hospitalidade e de humanização e restauradores de relações feridas;
Aqui nossa bicicleta segue atrás ou ao lado da bicicleta do menino ou da do operário com 2 crianças na garupa;
Aqui se o telhado da viúva solitária tem goteiras, a gente vai atrás de ajuda ou dá um jeito;
Aqui vamos na mesma igreja que o povo;
Aqui, se um Irmão chega sozinho, o povo já pergunta pelo outro;
Aqui a vizinha, se faz bolo, manda-nos um pedaço;
Aqui quando rezamos em casa do doente que nos chamou, damos uma olhada na panela, que pode o Jesus-doente, ser também Jesus-faminto;
Aqui a gente sabe quanto custa o que come;
Aqui as pessoas nos param na rua e as crianças dizem nosso nome para pedir uma bala ou a benção;
Aqui as crianças saltam-nos para o colo;
Aqui vamos à Missa e já voltamos com dois ou três endereços para visitarmos;
Aqui estamos começando a acreditar que a escuta empática do ferido também cura;
Aqui sentimos consolação porque o Evangelho e o Joandeinismo nos confirmam e nos ajudam a confirmá-los;
Aqui a oração da noite dura quanto necessário e leva nomes das pessoas do nosso dia e dos projetos do dia seguinte;
Aqui quando alguém morre ou adoece a gente fica sabendo;
Aqui nosso prestígio nasce nas casas ou nas ruas dos pobres;
Aqui os visitantes ou hóspedes não interrompem nossa hospitalidade, mas são mais uma oportunidade para ela;
Aqui, mais do que viver a reza, optamos por rezar a vida;
Aqui tentamos acolher cada pessoa com toda sua história;
Aqui suprimimos o álcool em nossa casa por solidariedade com quem bebe demais;
Aqui concluímos demasiadas vezes que a instituição familiar embaralha a cabeça das crianças;
Aqui tentamos não nos prender a nada, nem mesmo às boas obras do dia;
Aqui resgistramos os “milagrinhos” de cada dia para que nem hoje nem no futuro nos assalte a tentação da inutilidade;
Aqui a TV não nos desvia do essencial;
Aqui as circulares dos Superiores são lidas, comentadas e rezadas;
Aqui quando falta a luz ou a água na cidade, ou a net, faltam para nós também;
Aqui nos deslocamos sobre 4 rodas, duas para cada um, e acorremos a qualquer ponto da cidade em 10 minutos;
Aqui muitas conversas externas incluem a pergunta: “o que é Frei mesmo?”;
Aqui as famílias agradecidas às vezes nos mandam fruta ou mandioca do seu quintal;
Aqui o político testemunha que “os Irmãos são muito conhecidos na periferia”;
Aqui tem poucos ricos e não grudam em nós;
Aqui durante as tarefas domésticas evocamos muito nossa infância;
Aqui quando algum Irmão de longe faz aniversário, cantamos os parabéns a duas vozes pelo telefone;
Aqui escutamos sangue demais nas narrativas históricas da região;
Aqui quando os serviços públicos já não podem, a gente ainda pode fazer algo;
Aqui a gaveta do dinheiro é só uma e ao fazermos a contabilidade do mês comentamos os número$ pessoais e comunitários;
Aqui comentamos a Palavra em casa das famílias e ela ganha mais sabor;
Aqui importa o que fazemos, mas importa-nos mais o que somos e ainda mais o que significamos;
Aqui nossos superiores todos, até ao Papa, estão pendurados na nossa parede e em nossa oração;
Aqui nossa castidade é mais divina, nossa pobreza é mais humana, nossa obediência é mais aos pobres e nossa hospitalidade é nossa vida;
Aqui não escolhemos a Palavra, abrimo-nos para que ela nos surpreenda;
Aqui Deus é Pai e Mãe, é Filho e é Espírito Santo;
Aqui ainda há muito por fazer!...

Fonte: casadahospitalidade.org.br

Gratificante saber que ainda existe muita gente boa e caridosa no mundo. Que Deus os proteja! Um grande abraço espinosense.

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