Por residir em outra cidade, nem sempre consigo informações seguras e confiáveis sobre acontecimentos ocorridos na nossa terrinha ou com figuras da nossa querida comunidade espinosense. Às vezes as informações chegam com certo atraso, o que me dificulta noticiar o quanto antes aqui no nosso humilde blog.
Depois de me inteirar tristemente há poucos dias do falecimento do meu amigo Zé Maria, eis que recebi informações de mais duas enormes perdas para a sociedade espinosense. Através do meu amigo-primo-irmão Júlio César, tomei conhecimento da morte, em São Paulo, do senhor Dalcy Cangussu Almeida, de 73 anos, vítima de consequências físicas após um atropelamento criminoso por um ônibus no bairro do Tremembé, na Zona Norte da capital paulista, no domingo anterior. Conforme informações divulgadas na imprensa, o senhor Dalcy, que é irmão da esposa de Júlio, Nely Cangussu, questionou o motorista do coletivo sobre o uso correto da máscara de proteção, exigência da legislação paulista. Com o desentendimento, o motorista discutiu com o idoso e este, ao deixar o ônibus, com o fechamento da porta dianteira e a arrancada súbita e irresponsável do veículo, desequilibrou-se, caindo sob as rodas traseiras, tendo suas pernas atingidas. A vítima foi socorrida e levada ao hospital, mas infelizmente, teve paradas cardíacas após embolia pulmonar e veio a falecer na quinta-feira, dia 2 de março. O irresponsável motorista foi demitido da empresa e indiciado por homicídio doloso consumado e deverá ser punido pela Justiça.
Outra perda significativa foi a do meu amigo Antônio Roberto da Silva. Para mim, Roberto era sempre lúcido, sereno e equilibrado, desde os tempos em que jogamos futebol juntos no Juventus. Ele era goleiro. Nunca o presenciei irritado, alterado ou desequilibrado emocionalmente, sempre cordial e educado. Ele trabalhou muito tempo com agricultura e na compra e venda de algodão, tornando-se empresário e proprietário da Casa do Lavrador, conquistando boa condição financeira. Devo-lhe muita gratidão pelo carinho e confiança que depositou em mim em um episódio surreal ocorrido nos anos 80. Era eu um jovem ainda imaturo, imprudente e às vezes, irresponsável, naqueles tempos bons de juventude. Eu tinha um Chevette e Roberto havia acabado de adquirir um Chevrolet Monza 0 km, um dos carros mais cobiçados e mais vendidos da época, bonito e caro. Encontramo-nos em um barzinho na noite de sábado em Espinosa (nem me recordo mais qual foi, talvez o "Bar 24 Horas" da esquina da Minas Gerais com Álvaro Cruz) e depois de um bom papo e muitas cervejas, sem a menor noção, fiz uma proposta insensata de trocarmos os carros até o dia seguinte, domingo, pois eu estava fascinado pelo novo automóvel da General Motors e gostaria de experimentar dirigi-lo um pouquinho. Surpreendentemente, Roberto concordou na boa e me entregou as chaves do Monza. Fomos à Santana comer um pirão de Chico e amanhecemos o dia na farra, indo tomar café às 7 horas da manhã na Panificadora Bom Sucesso, de Sêo João. Ao sair de lá, fui obrigado a dar ré, já que alguém havia estacionado o carro bem diante do Monza de Roberto. E eu, na minha mais completa ignorância, não sabia engatar a marcha à ré no veículo tão moderno. Precisamos empurrar o carro um pouco para trás até conseguirmos sair. Ao devolver o carro intacto a Roberto ainda naquela manhã, depois de mandar lavá-lo, foi que ele gentilmente me ensinou como engatar a ré no Monza, com o acionamento de uma argola instalada na alavanca de câmbio. Esta história é somente para testemunhar a generosidade e o desprendimento de Roberto. Minha amizade e gratidão eternas!
A todos os familiares do senhor Dalcy e de Roberto os meus sinceros sentimentos de pesar e a súplica ao bom Deus para que lhes console neste momento de tamanha tristeza e sofrimento.
Que ambos descansem na mais completa paz dos Céus!
Um grande abraço espinosense.
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