Espinosa, meu éden

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sábado, 26 de setembro de 2020

2504 - Gal Costa e sua privilegiada voz comemoram 75 anos

"Ser plural é detonar toda raiz e detonar-se enquanto raiz. É subdividir-se e multiplicar-se." Assim a aniversariante do dia se revela. Seu nome é Maria da Graça Costa Penna Burgos. Mas pode-se chamá-la apenas de Gal. A Gal estratosférica, tropical, legal, profana, plural, fatal e de tantos amores é um prazer para os ouvidos cansados de tanto barulho incômodo vindo de boa parte da música mundial. A voz, aos 75 anos completados, continua impecável, afinada, límpida, aguda, natural, encantadora, estupenda, maravilhosa, sublime. 
Gal nunca se acomoda, não se estaciona, não se amedronta, não receia se arriscar em transmutações até radicais nos seus projetos profissionais. Começou a cantar bastante influenciada pela maneira sutil e serena de João Gilberto soltar a voz, depois fez um disco inteiramente psicodélico, tornou-se a musa da Tropicália, flertou com o Rock and Roll, cantou e encantou com a MPB de Dorival Caimmy e Tom Jobim, passou com sucesso pela música Pop e pela seara trepidante do Carnaval baiano e não cessa de ousar e buscar novos caminhos para trilhar e se satisfazer completamente nos discos e principalmente no palco, seu lugar sagrado.     
Tomando conta das músicas que cantou durante sua longa carreira de absoluto sucesso, poderíamos denominar Gal Costa como a "Mãe de Todas as Vozes", a "Sublime" "Musa de Qualquer Estação", que, de "Cabelos e Unhas" cortadas em uma "Viagem Passageira" "Dentro da Lei", vai em "Um Dia" de "Domingo" "Realmente Lindo" com seu "Coração Vagabundo" à procura da "Coisa Mais Linda Que Existe". A "Falsa Baiana", "Livre do Amor", com "Pé Quente, Cabeça Fria" e "Sem Medo Nem Esperança", mas com "Muita Sorte" e "Balancê", vai desbravando o "País Tropical" "Divino, Maravilhoso" sob a "Luz do Sol" e com seus "Olhos Verdes" sempre "Um Passo à Frente" com a "Força Estranha" na "Estrada do Sol". "Só Louco", em um "Barato Total", para não "Te Adorar", "Alguém Como Tu", "Apaixonada", "Bonita", "Lindeza", "Tigresa", "Morena dos Olhos d´Água", "Flor de Maracujá", "A Coisa Mais Linda Que Existe", "Eternamente" nossa "Baby" com seu "Dom de Iludir".






Foi na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, no dia 22 de agosto de 1964, que Gal Costa estreou no palco ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e mais alguns artistas no espetáculo "Nós, Por Exemplo". Ali também, com a mesma turma, participou adiante de outro espetáculo, "Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova". Seguindo os passos da amiga Maria Bethânia, foi morar no Rio de Janeiro. Estreou em disco em 1965 no dueto com Bethânia no álbum de estreia dela, cantando ""Sol Negro", de Caetano Veloso. O primeiro disco de Gal foi um compacto com as músicas "Eu Vim da Bahia", de Gilberto Gil, e "Sim, Foi Você", de Caetano Veloso. Em 1966, participou, interpretando a música "Minha Senhora", parceria de Gilberto Gil e Torquato Neto, do I Festival Internacional da Canção, sem sucesso. Em 1967 veio o primeiro LP gravado, ao lado do também estreante baiano Caetano Veloso. O disco chamou-se "Domingo" e uma das canções que fizeram sucesso foi "Coração Vagabundo". Depois vieram mais participações em festivais e mais discos, um em especial, o revolucionário "Tropicália" ou "Panis et Circencis", lançado em 1968, em que participou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Rogério Duprat, Tom Zé, Capinam, Os Mutantes e Nara Leão. O disco solo viria em 1969, com sucesso estrondoso, com várias músicas explodindo nas paradas, casos de "Baby" e "Não Identificado", de Caetano Veloso, "Divino Maravilhoso", de Caetano e Gilberto Gil, e "Que Pena", de Jorge Benjor. A partir daí vieram muitos ótimos álbuns e muitas metamorfoses no visual, no repertório e na carreira vitoriosa de uma das mais talentosas, brilhantes e competentes cantoras do Brasil. Para mim, acima de Gal só a gigantesca e eterna Elis Regina Carvalho Costa.

Álbuns de estúdio:
Domingo (1967) - com Caetano Veloso
Tropicalia ou Panis et Circencis (1968) - com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé
Gal Costa (1969)
Gal (1969)
Legal (1970)
Índia (1973)
Cantar (1974)
Gal Canta Caymmi (1976)
Caras & Bocas (1977)
Água Viva (1978)
Gal Tropical (1979)
Aquarela do Brasil (1980)
Fantasia (1981)
Minha Voz (1982)
Baby Gal (1983)
Profana (1984)
Bem Bom (1985)
Lua de Mel Como o Diabo Gosta (1987)
Plural (1990)
Gal (1992)
O Sorriso do Gato de Alice (1993)
Mina d'Água do Meu Canto (1995)
Aquele Frevo Axé (1998)
Gal de Tantos Amores (2001)
Bossa Tropical (2002)
Todas as Coisas e Eu (2003)
Hoje (2005)
Recanto (2011)
Estratosférica (2015)
A Pele Do Futuro (2018)

Álbuns ao vivo:
Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (1971)
Temporada de Verão (1974) - com Caetano Veloso e Gilberto Gil
Doces Bárbaros (1976) - com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia
Acústico MTV (1997)
Gal Costa Canta Tom Jobim (1999)
Ao Vivo (2006)
Live at the Blue Note (2006)
Recanto Ao Vivo (2013)
Live in London '71 (2014) - com Gilberto Gil
Estratosférica Ao Vivo (2017)
Trinca de Ases (2018) - com Gilberto Gil e Nando Reis
A Pele do Futuro ao Vivo (2019)

Gal Costa é uma quase unanimidade entre os que têm real conhecimento de música, uma espécie de Rainha da MPB, mas mesmo com tamanha fama ela se mantém sempre discreta quanto à sua vida pessoal e seus relacionamentos amorosos. Pouco aparece na mídia, por exemplo, notícias sobre o seu único filho, Gabriel, hoje com 15 anos, adotado com um ano e dois meses depois que ela se descobriu com as trompas obstruídas, impedindo gestações.







Gal se apresentou em Salvador na Concha Acústica do Teatro Castro Alves em fevereiro de 2020 e tinha tudo programado para sair com a turnê "A Pele do Futuro" em outros países como Inglaterra, França, Espanha e Portugal, mas a série de shows teve que ser abortada devido à pandemia do Coronavírus. Mas Gal promete não se entregar, determinada a continuar trabalhando e nos encantando, pois cantar é o que lhe dá, e também nos dá, imenso prazer. Parabéns, felicidades e vida longa e saudável, Gal!
Um grande abraço espinosense.





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