Nos movimentados anos da minha juventude, tive a alegria e o prazer de descobrir a beleza inebriante do mar em viagem de excursão à cidade baiana de Ilhéus. Início dos anos 80, aproveitávamos as excursões de ônibus à praia organizadas por Maria das Graças, a sempre animada e empolgada Dedé, para curtir a vida adoidado. Naquela época, o distrito de Olivença era um dos points mais badalados do país e nós aproveitávamos em tempo integral a oportunidade de estar diante daquele mar maravilhoso da nossa amada Bahia de José da Conceição Santana, Paulo Tito Cotrim de Sá, Joelão do Baneb, Gil, Gal, Betânia, Caetano, João Gilberto e Raul Seixas.
Distante cerca de quatorze quilômetros ao sul da sede do município de Ilhéus, Olivença tem uma origem indígena da etnia Tupinambá, hoje um tanto esquecida após a miscigenação e a tomada da localidade pelos novos habitantes, comerciantes, funcionários do governo e poderosos proprietários de terras. Com a dinâmica sociocultural, os índios antes majoritários perderam espaço na sociedade, com sua cultura e ascendência política e social perdendo força. A reconstrução da identidade étnica é uma luta diária de alguns determinados defensores das origens indígenas na localidade. Alguns dos antigos habitantes ainda vivem da agricultura em pequenas propriedades rurais, outros sobrevivem na pobreza na periferia da cidade grande, sempre tratados pela elite brasileira, em grande parte vinda da Europa, como figuras preguiçosas, ingênuas e improdutivas. Assim como os negros, os índios foram utilizados como mão-de-obra barata e escravizada pelos colonizadores na Capitania de São Jorge dos Ilhéus, naqueles tempos em que o aldeamento de Nossa Senhora da Escada foi alçada à condição de Vila Nova de Olivença em 22 de novembro de 1758. Com a colonização realizada pela Coroa Portuguesa com a ideia das Capitanias Hereditárias, os índios foram sendo sacrificados em prol do lucro dos invasores.
Mas isto é História e, infelizmente, íamos para lá apenas para nos divertir, ignorantes que ainda somos. Nada nos preocupávamos em conhecer a história do lugar, apenas em namorar e nos embriagar pelos botecos da localidade, curtindo cada instante naquele lugar maravilhoso. Normalmente, íamos em feriados prolongados e o tempo curto tinha que ser aproveitado ao máximo. Só que aproveitávamos o tempo integralmente somente na farra e no gole, sem o mínimo de preocupação em conhecer as origens do lugar, o que a gente só descobre depois que cresce, envelhece e aprende a ampliar a visão de mundo. Mas valeu cada momento vivido nessas excursões cheias de boas e hilárias histórias, de sufoco e de prazer, sempre ao lado de gente da melhor qualidade, com raras exceções.
Um grande abraço espinosense.
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