Yabadabadoooooooooooooooooooooo! Que maravilha! Que trem porreta, sô! Nossa Fernanda Torres, que repetiu o feito dos brasileiros Sônia Braga, Wagner Moura, Daniel Benzali e da sua admirável mãe e atriz Fernanda Montenegro na indicação ao cobiçado prêmio norte-americano, acabou sendo premiada com o Golden Globes (Globo de Ouro) de Melhor Atriz em Filme de Drama. É uma conquista inédita e histórica para a cultura brasileira!
Acompanhando a premiação ao vivo pela TV, no canal TNT, que entrou pela madrugada da segunda-feira, fiquei tão feliz e entusiasmado no momento mágico do anúncio da vitória da Fernandinha feito pela Viola Davis, que senti como se um filho meu tivesse passado no vestibular ou o meu Galo houvesse vencido um título importante. Vibrei com tanta energia que acabei acordando a esposa que dormia ao lado. E por que vibrei tanto? Porque eu imaginava ser quase impossível a vitória da Fernandinha, já que ela tinha como concorrentes atrizes primorosas e famosas como Angelina Jolie (9 indicações, 3 estatuetas), Kate Winslet (11 indicações, 4 estatuetas), Nicole Kidman (19 indicações, 6 estatuetas), Pamela Anderson (1 indicação, 0 estatueta) e Tilda Swinton (4 indicações, 0 estatueta). Era uma batalha quase invencível. Poucos minutos atrás, eu já havia me frustrado e entristecido com a anunciação da escolha do filme "Emilia Pérez", do francês Jacques Audiard, como "Melhor Filme em Língua Não Inglesa", superando o filme brasileiro "Ainda Estou Aqui" ("I'm Still Here"), do Walter Salles. O vencedor ainda levou os prêmios de "Melhor Filme de Comédia/Musical", de "Melhor Atriz Coadjuvante" com Zoe Saldaña, e "Melhor Canção Original", com "El Mal", música e letras de Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard.
Fernanda Torres se consagrou com a escolha, superando sua mãe Fernanda Montenegro, esta que é considerada a melhor atriz do país, que concorreu na mesma categoria do Golden Globes no ano de 1999 com o filme "Central do Brasil", também dirigido por Walter Salles, mas infelizmente sendo preterida. No discurso da vitória nesta madrugada de segunda-feira, Fernanda Torres agradeceu ao diretor, aos colegas e familiares e dedicou o prêmio à sua mãe.
A cerimônia de premiação da 82ª edição do Golden Globes (Globo de Ouro) foi realizada ontem, domingo, 5 de janeiro, no Beverly Hilton Hotel, em Los Angeles, nos Estados Unidos, com apresentação da comediante norte-americana Nikki Glaser. Esta premiação iniciou-se em 1944, quando em uma cerimônia informal na 20th Century Fox, a Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, hoje denominada Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, entregou aos escolhidos os primeiros prêmios em forma de pergaminho. Neste ano de 2025, ocorreu a 82ª cerimônia de premiação que elege os principais filmes e séries e atuações do último ano, divididos entre 27 categorias, entre produções dramáticas e produções de comédia ou musical, 14 em filmes e 13 em televisão.
OS CONCORRENTES E PREMIADOS DO GOLDEN GLOBES 2025:
Melhor Filme (Musical ou Comédia)
Emilia Pérez
Anora
Challengers
A Real Pain
The Substance
Wicked
Melhor Filme (Drama)
The Brutalist
A Complete Unknown
Conclave
Dune: Part Two
Nickel Boys
September 5
Melhor Ator (Filme/Drama)
Adrien Brody, The Brutalist
Timothée Chalamet, A Complete Unknown
Daniel Craig, Queer
Colman Domingo, Sing Sing
Ralph Fiennes, Conclave
Sebastian Stan, The Apprentice
Melhor Atriz (Filme/Drama)
Fernanda Torres, I’m Still Here
Pamela Anderson, The Last Showgirl
Angelina Jolie, Maria
Nicole Kidman, Babygirl
Tilda Swinton, The Room Next Door
Kate Winslet, Lee
Melhor Série (Drama)
Shōgun
The Day of the Jackal
The Diplomat
Mr. and Mrs. Smith
Slow Horses
Squid Game
Melhor Atriz (Série/Drama)
Anna Sawai, Shōgun
Kathy Bates, Matlock
Emma D’Arcy, House of the Dragon
Maya Erskine, Mr. and Mrs. Smith
Keira Knightley, Black Doves
Keri Russell, The Diplomat
Melhor Série (Musical ou Comédia)
Hacks
Abbott Elementary
The Bear
The Gentlemen
Nobody Wants This
Only Murders in the Building
Melhor Série, Antologia ou Filme para TV
Baby Reindeer (Bebê Rena)
Disclaimer
Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story
The Penguin
Ripley
True Detective: Night Country
Melhor Conquista Cinemática e Box Office
Wicked
Alien: Romulus
Beetlejuice Beetlejuice
Deadpool & Wolverine
Gladiator 2
Inside Out 2
Twisters
The Wild Robot
Melhor Música Original (Filme)
Emilia Pérez, "El Mal" por Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard
The Last Showgirl, "Beautiful That Way" por Miley Cyrus, Lykke Li, e Andrew Wyatt
Challengers, "Compress/Regress"
Better Man, "Forbidden Road" por Robbie Williams, Freddy Wexler e Sacha Skarbek
The Wild Robot, Kiss the Sky de Maren Morris
Emilia Pérez, "Mi Camino" por Clément Ducol e Camille
Melhor Trilha Sonora (Filme)
Trent Reznor e Atticus Ross, Challengers
Volker Bertelmann, Conclave
Daniel Blumberg, The Brutalist
Kris Bowers, The Wild Robot
Clément Ducol, Camille, Emilia Pérez
Hans Zimmer, Dune: Part Two
Melhor Realizador (Filme)
Brady Corbet, The Brutalist
Jacques Audiard, Emilia Pérez
Sean Baker, Anora
Edward Berger, Conclave
Coralie Fargeat, The Substance
Payal Kapadia, All We Imagine as Light
Melhor Filme de Animação
Flow
Inside Out 2
Memoir of a Snail
Moana 2
Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl
The Wild Robot
Melhor Ator (Filme/Comédia ou Musical)
Sebastian Stan, A Different Man
Jesse Eisenberg, A Real Pain
Hugh Grant, Heretic
Gabriel LaBelle, Saturday Night
Jesse Plemons, Kinds of Kindness
Glen Powell, Hit Man
Melhor Atriz (Filme/Comédia ou Musical)
Demi Moore, The Substance
Amy Adams, Nightbitch
Cynthia Erivo, Wicked
Karla Sofía Gascón, Emilia Pérez
Mikey Madison, Anora
Zendaya, Challengers
Melhor Atriz (Série Limitada, Antologia, Filme para TV)
Jodie Foster, True Detective: Night Country
Cate Blanchett, Disclaimer
Cristin Milioti, The Penguin
Sofía Vergara, Griselda
Naomi Watts, Feud: Capote vs. the Swans
Kate Winslet, The Regime
Melhor Ator (Série Limitada, Antologia, Filme para TV)
Colin Farrell, The Penguin
Richard Gadd, Baby Reindeer
Kevin Kline, Disclaimer
Cooper Koch, Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story”
Ewan McGregor, A Gentleman in Moscow
Andrew Scott, Ripley
Melhor Filme em Língua Não Inglesa
Emilia Pérez
All We Imagine as Light
The Girl With the Needle
I’m Still Here
The Seed of the Sacred Fig
Vermiglio
Melhor Stand-Up de Comédia em Televisão
Ali Wong, Single Lady
Jamie Foxx, What Had Happened Was
Nikki Glaser, Someday You’ll Die
Seth Meyers, Dad Man Walking
Adam Sandler, Love You
Ramy Youssef, More Feelings
Melhor Argumento (Filme)
Conclave, Peter Straughan
Emilia Pérez, Jacques Audiard
Anora, Sean Baker
The Brutalist, Brady Corbet, Mona Fastvold
A Real Pain, Jesse Eisenberg
The Substance, Coralie Fargeat
Melhor Ator (Séries/Comédia ou Musical)
Jeremy Allen White, The Bear
Adam Brody, Nobody Wants This
Ted Danson, A Man on the Inside
Steve Martin, Only Murders in the Building
Jason Segel, Shrinking
Martin Short, Only Murders in the Building
Melhor Ator Secundário (Televisão)
Tadanobu Asano, Shōgun
Javier Bardem, Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story
Harrison Ford, Shrinking
Jack Lowden, Slow Horses
Diego Luna, La Máquina
Ebon Moss-Bachrach, The Bear
Melhor Atriz Secundária (Televisão)
Jessica Gunning, Baby Reindeer
Liza Colón-Zayas, The Bear
Hannah Einbinder, Hacks
Dakota Fanning, Ripley
Allison Janney, The Diplomat
Kali Reis, True Detective: Night Country
Melhor Ator (Série/Drama)
Hiroyuki Sanada, "Shogun"
Donald Glover, "Mr. And Mrs. Smith"
Jake Gyllenhaal , "Presumed Innocent"
Gary Oldman, "Slow Horses"
Eddy Redmayne, "The Day of the Jackal"
Billy Bob Thornton, "Landman"
Melhor Ator Secundário (Filme)
Kieran Culkin, A Real Pain
Yura Borisov, Anora
Edward Norton, A Complete Unknown
Guy Pearce, The Brutalist
Jeremy Strong, The Apprentice
Denzel Washington, Gladiator II
Melhor Atriz (Séries/Comédia ou Musical)
Jean Smart, Hacks
Kristen Bell, Nobody Wants This
Quinta Brunson, Abbott Elementary
Ayo Edebiri, The Bear
Selena Gomez, Only Murders in the Building
Kathryn Hahn, Agatha All Along
Melhor Atriz Secundária (Filme)
Zoe Saldaña, Emilia Pérez
Selena Gomez, Emilia Pérez
Ariana Grande, Wicked
Felicity Jones, The Brutalist
Margaret Qualley, The Substance
Isabella Rossellini, Conclave
Fernanda Torres mereceu e muito sua premiação. No filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, baseado no livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva, ela interpreta com refinamento, sobriedade e segurança, a mãe do escritor e esposa do deputado federal Marcelo Rubens Paiva, dona Eunice Paiva. A trama, baseada em fatos reais, narra a dor, o sofrimento e a luta da mulher que se vê sozinha para criar seus cinco filhos depois que o seu esposo foi sequestrado de casa pelas forças militares da maldita ditadura que comandou o Brasil durante longos e dolorosos 21 anos, de 1964 a 1985. A luta de dona Eunice foi árdua e difícil naqueles tempos sombrios e violentos da repressão. Foi presa e pressionada a revelar segredos a que não tinha conhecimento ou não existiam. Valente e decidida, ela se formou em Direito aos 47 anos e passou a lutar bravamente a favor dos direitos humanos, conquistando, após muitas batalhas, o direito de ter registrado o atestado de óbito do seu marido dado como "desaparecido", na verdade covardemente torturado e assassinado pelos canalhas covardes integrantes da ditadura militar no início dos anos 70.
Além da alegria minha e de milhões de brasileiros pela conquista de tão relevante prêmio, de importância fundamental para o reconhecimento da cultura e do cinema nacional, também se comemora a possibilidade de história tão triste, mas alentadora, cruzar oceanos e montanhas e ganhar o mundo, mostrando a força das mulheres e o enorme mal que causou a maldita ditadura que imperou no Brasil durante tanto tempo, deixando ferimentos na alma ainda não cicatrizados, enquanto as famílias vitimadas pela barbárie não tiverem o sagrado direito de enterrar dignamente os seus entes queridos dados como "desaparecidos". Que o mundo tenha acesso ao filme e se inteire das selvagerias cometidas pelos ditadores e seus lacaios, com seus atos bárbaros de torturas, violências e assassinatos, infelizmente ainda desacreditados, mesmo com tantas comprovações irrefutáveis, por uma boa parte dos fanáticos político-religiosos delirantes e míopes do nosso país.
Parabéns a Fernandinha, ao Walter Salles, ao Selton Mello, a todos os demais profissionais que construíram esta obra magnífica tão pungente e dolorosa, mas extremamente necessária para escancarar a verdade que por tanto tempo e para tanta gente ficou desconhecida. Agora já se pode sonhar mais alto. Que venha o Oscar então!
Um grande abraço espinosense.
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