Espinosa, meu éden

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

2611 - "Reflorestar" é preciso, tão preciso quanto a vida

Sebastião Salgado, um doce de pessoa. E uma impressionante consciência da realidade, um ser iluminado não só pelos flashes que costuma disparar para retratar o mundo, e a vida, e o planeta, e a injustiça, e a dor de seres humanos e de demais seres vivos. Sebastião Salgado tem a visão cristalina e cintilante de que somos totalmente nada em meio à Natureza. Ela, a Natureza, se transforma sempre, por muitas vezes pela força da imbecilidade humana, pelo descaso da destruição suicida do Meio Ambiente. Mas ela se regenera, muda de forma, mas nunca morre. Nós, seres vivos, não temos essa prerrogativa natural, infelizmente. A Natureza ficará por aqui eternamente, nós não.



Uma experiência pessoal mudou profundamente a vida do Sebastião Salgado, um dos mais renomados e respeitados fotógrafos documentaristas do mundo. Ele é graduado em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1964-1967) e pós-graduado na Universidade de São Paulo. Viveu e trabalhou em Paris, na França, mas só tempos depois é que descobriu sua verdadeira paixão, a fotografia. Depois de trabalhar em grandes agências de imagens, decidiu se dedicar a grandes projetos fotográficos, como retratar os pobres da América Latina, a seca no Norte da África, os trabalhadores rurais do Brasil, os garimpeiros de Serra Pelada e as crianças emigrantes. Premiado inúmeras vezes, Salgado também se empenha em ajudar organizações humanitárias pelo mundo. A sua mais notória façanha na defesa da vida já tem algum tempo de início. Quando se recolheu à fazenda de sua família em Aimorés, interior de Minas, para se curar de um problema na visão, Salgado se espantou com a degradação no local. Resolveu então, com sua esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado, criar em abril de 1998 uma organização não governamental, denominada "Instituto Terra", "uma organização civil sem fins lucrativos com a ideia de realizar a restauração ambiental e o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Rio Doce", especialmente da sua propriedade. Desde então ele, com sua propriedade reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), a Fazenda Bulcão, "desenvolve projetos que vão desde a restauração florestal e proteção de nascentes até a pesquisa científica aplicada e educação ambiental, com apoio financeiro vindo de diferentes parceiros, tanto da esfera governamental como da iniciativa privada, bem como de Fundações e doadores individuais de vários países e de outras instituições do Terceiro Setor". Com o reflorestamento da área, tudo mudou, com o renascimento das nascentes e com o aparecimento de centenas de pássaros e outros animais à floresta reconstruída.





Juntando forças a este projeto maravilhoso de devolver a vida à Natureza degradada, o velho moço Gilberto Gil emprestou sua genialidade musical para passar a todos sua mensagem de esperança e ação na defesa do Meio Ambiente. A música chama-se "Refloresta" e nos ensina o óbvio: é preciso proteger a floresta para que a população mundial esteja protegida. A ideia é conseguir apoio para a produção anual e o plantio de 1 milhão de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, juntando-se aos 3 milhões de mudas já plantadas pela instituição criada pelo Sebastião Salgado.
Sem a Natureza, teremos nada, nem para nós e muito menos para os nossos descendentes. Já há muito passou a hora de nos conscientizarmos da necessidade urgente de cuidarmos da nossa nave-mãe, a Terra, linda, imensa, esférica, generosa.
Um grande abraço espinosense. 



"REFLORESTA"
Gilberto Gil

Manter em pé o que resta não basta
Que alguém virá derrubar o que resta
O jeito é convencer quem devasta
A respeitar a floresta

Manter em pé o que resta não basta
Que a motosserra voraz faz a festa 
O jeito é compreender que já basta
E replantar a floresta

Milhões de espécies, plantas e animais
Zumbidos, berros, latidos, tudo mais
Uivos, murmúrios, lamentos ancestrais
Porque não deixamos nosso mundo em paz?

Além do morro, o deserto se alastra
Por toda Terra, da serra aos confins
Um toco oco, um casco de canastra
Onde enterramos saguis

Manter em pé o que resta não basta
Já quase todo o verde se foi
Agora é hora de ser refloresta
Que o coração não destrói

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