Espinosa, meu éden

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segunda-feira, 30 de março de 2020

2384 - 75 anos do Deus da Guitarra

Chegar aos 75 anos de idade com completa lucidez e o imenso talento ainda impecável é uma dádiva celestial, ainda mais para quem viveu momentos conturbados e turbulentos em sua trajetória pessoal e profissional. Eric Clapton está mais vivo do que nunca e suas mãos mágicas ainda dedilham as cordas das suas muitas guitarras inebriando milhões de apreciadores de boa música, assim como eu, pelo mundo inteiro.


30 de março de 2020. Há exatos 75 anos nascia em Ripley, Surrey, Reino Unido, o garotinho Eric Patrick Clapton, fruto do namoro entre a jovem Patricia Molly Clapton, de apenas 16 anos, e do jovem soldado canadense lotado ali durante a Segunda Guerra Mundial, Edward Walter Fryer, de 24 anos. Nascido o bebê, Edward retornou para o Canadá para os braços da sua esposa, deixando a menina em maus lençóis. Coube então aos pais de Patricia, Rose and Jack Clapp, a tarefa de cuidar do garotinho, criando-o como se irmão fosse da sua mãe. O sobrenome de Eric, Clapton, vem do primeiro marido de Rose, o pai de Patricia, o senhor Reginald Cecil Clapton, falecido em 1933. Tempos depois, Patricia casou-se com um militar, Frank MacDonald, e mudou-se dali. O casal teve mais três filhos: Brian (1948), Cheryl (1953) and Heather (1958). Brian morreu em 1974, aos 26 anos, vítima de um acidente automobilístico. Eric cresceu em um ambiente bastante musical, já que sua avó (e mãe) tocava piano e adorava ouvir as big bands da época. Somente aos 9 anos, Patricia, sua mãe verdadeira contou-lhe a verdade sobre sua família, o que lhe deixou arrasado, passando a ir mal na escola. Com seu jeito introspectivo de ser, Eric foi aos poucos descobrindo o que realmente amava na música e não tardou para que o Rock and Roll e o Blues o arrebatassem para sempre.


No ano de 1963, aos 17 anos, Eric entrou para sua primeira banda, a Roosters. Esta não durou muito e ele participou de mais outra banda, a Casey Jones e The Engineers, enquanto trabalhava junto ao avô como operário de obras. Como já estava um tanto conhecido e elogiado por suas apresentações em bares locais, ele foi convidado em outubro de 1963, por Keith Relf e Paul Samwell-Smith, para integrar a banda "The Yardbirds", com quem gravou seus primeiros discos e ganhou o apelido de "Slowhand". Após 18 meses de banda, ele saiu por não aprovar a direção mais comercial que ela tomou. Em abril de 1965 ele foi convidado e passou a fazer parte da "John Mayall and the Bluesbrakers", quando ganhou mais um apelido: "God", depois de ser retratado por um admirador grafiteiro na parede da estação de metrô de Islington, em Londres, com a frase "Clapton é Deus".


Unindo-se em 1966 a Jack Bruce e Ginger Baker para criar sua banda Cream, Eric consolidou sua posição de destaque no cenário da música, com seu imenso talento e suas belas performances em shows e nos três álbuns da banda: "Fresh Cream", "Disraeli Gears" e "Wheels of Fire". A banda durou pouco, dois anos apenas, mas seu legado ficou, colocando seu nome definitivamente na história do Rock and Roll. Inquieto, Eric fundou a "Blind Faith", com a companhia de Steve Winwood, Ginger Baker e Rick Grech. Depois da extinção da banda, tocou em turnê com "Delaney and Bonnie" e participou de um álbum gravado ao vivo. Em seguida, no verão de 1970, Eric formou o "Derek and the Dominos" com Jim Gordon, Carl Radle e Bobby Whitlock, que também durou pouco tempo. Desiludido com as separações e com problemas pessoais insolúveis, Eric entrou em parafuso, afogando-se nas drogas, especialmente na heroína. Com a ajuda do amigo Pete Townshend, do "The Who", recomeçou a sua carreira em janeiro de 1973, com dois shows no Rainbow Theatre de Londres. A partir daí ele investiu na sua carreira solo, com turnês e álbuns de enorme sucesso. Participou do Live Aid, fez trilhas sonoras e realizou grandes shows pelo mundo.


Sua vida teve um enorme baque em 20 de março de 1991, quando ele perdeu seu filho Conor, de apenas quatro anos, em acidente doméstico, com ele caindo da janela do apartamento da mãe Lori del Santo em Nova York. Eric teve vários relacionamentos na vida. O primeiro se deu com Pattie Boyd Harrison, com quem se casou em 27 de março de 1979. Eles não tiveram filhos e se separaram em 1989. Ele se casou novamente em 2002, desta vez com Melia McEnery, com quem teve três filhas: Julie Rose (nascida em junho de 2001), Ella Mae (nascida em janeiro de 2003) e Sophie (nascida em fevereiro de 2005). Ele também tem uma filha mais velha do relacionamento com Yvonne Kelly, a Ruth (nascida em janeiro de 1985), que é casada e tem dois filhos pequenos.


Além do problema com drogas, Eric Clapton também tem problemas com o álcool. Alcoólatra, passou por momentos difíceis na vida e na carreira até que decidiu lutar contra a dependência nos anos 80, parando definitivamente de beber no ano de 1987, seguindo os passos dos Alcoólicos Anônimos. Para ajudar pessoas com o mesmo vício, em fevereiro de 1998 ele criou um centro de tratamento para dependentes químicos carentes em Antígua, no Mar do Caribe, batizado de Crossroads Center. O centro ainda fornece bolsas de estudo aos internos. Para conseguir manter a Crossroads Center Foundation, ele faz periodicamente leilões das suas muitas guitarras e promove anualmente festivais de guitarra com a presença dos maiores guitarristas do mundo. 


Aplaudido em centenas de palcos históricos no mundo, idolatrado por admiradores de todos os lugares e admirado pelos seus colegas músicos, Eric Clapton é o único artista a ser homenageado triplamente no Hall da Fama do Rock and Roll como membro do "The Yardbirds", do "Cream" e como artista solo. Sua vida e obra está aberta no livro "Clapton - A Autobiografia", publicada em outubro de 2007 e traduzida para doze idiomas. Em 1994, Eric Clapton foi condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico por sua contribuição para a música. No ano de 2004, ele foi condecorado com o título de Comandante da Ordem do Império Britânico (CBE) em reconhecimento à sua contribuição para a indústria fonográfica britânica.
Eric tem turnê marcada para começar no dia 21 de maio em Munique na Alemanha, passando por República Checa, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Finlândia e terminando em Moscou, Rússia, em 23 de junho, mas tudo deve ser cancelado por conta da pandemia do Coronavírus. Que esta calamidade mundial possa passar rápido e que o Deus da Guitarra possa voltar logo aos palcos para mostrar sua encantadora arte com os dedos e mãos mágicas. 
Um grande abraço espinosense.





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