Lá pelos anos 80, eu e meu grande amigo de infância Daílson (In memoriam), que mais tarde viria a se tornar meu compadre, nos entusiasmamos e resolvemos nos aventurar em uma viagem a Salvador, capital baiana. Era um sonho conhecer a cidade de tão belas construções antigas e de praias paradisíacas. Saímos ainda de manhã de Espinosa em um ônibus velho que fazia a linha Espinosa-Guanambi. Naquela época esse trecho ainda não era asfaltado e os buracos, lama e poeira eram constantes. Havia chovido bastante no dia anterior e muitas poças de lama haviam se formado na estrada. De tão velho, o ônibus tinha um enorme buraco no assoalho. Quando passávamos em uma poça d´água, a lama invadia o interior da marinete e se espalhava pelo piso. Tínhamos que levantar os pés para não ter os calçados molhados. Mas conseguimos chegar bem a Guanambi. Como o ônibus para Salvador só saía às 14 horas, ficamos por ali tomando umas cervejinhas e batendo papo para passar o tempo. Na hora certa embarcamos para completar a viagem. Ia tudo bem até chegarmos em Brumado. O ônibus em que estávamos teve um problema mecânico e não pôde continuar a viagem. Tivemos então que embarcar em outro ônibus que iria sair de Brumado em pouco tempo. O problema era que este já tinha bastantes passageiros. Tivemos que disputar lugares para continuar a viagem. Alguns seguiram em pé. Começava ali uma aventura repleta de incidentes e muita alegria. Havia um cara que ficava o tempo todo contando piadas e nos fazia quase morrer de rir. Uma senhora ao nosso lado limpava o cocô do seu filho pequeno, que exalava um cheiro terrível. E a viagem continuava. Quando começou a escurecer, surgiu outro problema. Houve uma pane nos faróis, que não acendiam. Tivemos que interromper a viagem por um tempo. Um mecânico que viajava no ônibus fez uma gambiarra ali e conseguiu fazer funcionar as luzes do carro. E seguimos viagem. Mais na frente, outro ônibus da mesma empresa, Novo Horizonte, estava quebrado na estrada. Todos os seus ocupantes tiveram que completar a viagem conosco, todo mundo de pé no corredor. Parecia uma lata de sardinha ou uma sauna seca. E o cara continuava alegrando a todos, contando as suas boas piadas. E finalmente chegamos a Salvador. Ficamos em um hotel ali na Rua Chile, entre o Elevador Lacerda e a Praça Castro Alves. Dia seguinte, bem cedinho, saímos para conhecer a cidade. Caminhamos por tudo que é lugar ali na cidade alta e na cidade baixa. No dia seguinte fomos à praia. Pegamos um ônibus que nos deixaria na Praia do Farol da Barra. Acontece que o o motorista estava levando o carro para a garagem, era a sua última viagem. Tivemos que voltar e pegar outro ônibus para finalmente contemplar a beleza do mar. Ficamos ali o dia inteiro, observando as belas turistas, nos refrescando no mar e tomando cerveja, muita cerveja. Já de noite, retornamos ao hotel e não tivemos forças para sair à noite. Caímos na cama, cansados. O dia seguinte amanheceu chovendo e resolvemos pegar um cineminha. No Cine Castro Alves estava passando um filme em 3D, com uso de óculos especiais, novidade da época, assim como hoje acontece. O problema é que era um filme pornográfico, mas o nome não dava a mínima ideia disso. Depois de assistir a uns poucos minutos, vimos que não tinha sido uma boa ideia e deixamos o cinema, morrendo de rir. Já imaginou a cena de um cara pelado balançando as partes íntimas diante do seu nariz? Não dava para continuar, né? Como a chuva não cessava, voltamos para o hotel e fomos jogar baralho. Outro dia intensamente chuvoso nos fez desanimar e voltar rapidamente para Espinosa, desta vez em uma viagem tranquila, sem maiores incidentes. Ficou a lembrança de uma aventura inesquecível e a saudade de um ótimo amigo e companheiro, meu compadre Daílson, que nos deixou prematuramente. Coisas de Espinosa.
Um grande abraço espinosense.
Um grande abraço espinosense.
Um comentário:
Caro amigo Eustaquio,
Hoje 03-08-12 , completa 02 anos que o nosso parceiro foi prestar os seus serviços ao lado do grande DEUS, pois ate DEUS, precisa de bons homens para ajuda-ló a fazer deste mundo, um mundo melhor para os que ficam. Saudade Dailson.
Um abraço
Carlinhos de Espinosa em BH.
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