Foi porreta demais! Como seres abençoados por Deus, tivemos, eu e a esposa Cléa Márcia, a dádiva e o privilégio de podermos estar neste final de semana na capital mineira Belo Horizonte, em um clima extremamente gélido, para curtirmos um trem de que muito gostamos: espetáculos culturais. E foi proveitoso e ótimo, como esperávamos. Em três dias consecutivos pudemos vibrar com o Clube Atlético Mineiro, com a dupla de talentosos mineirinhos Saulo Laranjeira e Paulinho Pedra Azul e com o genial, sábio e sereno senhor soteropolitano Gilberto Passos Gil Moreira, este que em breve, em 26 de junho de 2025, comemorará seus 83 anos de idade em plena lucidez e atividade.

Pegamos o busão da Transnorte às 9 horas da quinta-feira na rodoviária de Montes Claros e, em paz e segurança, chegamos por volta das 17h30 em Belo Horizonte. Um táxi até o Hotel Íbis Budget BH Afonso Pena Savassi para o check-in, uma rápida troca de roupa para trajar o manto sagrado do Galo e uma apressada caminhada de 650 metros até o Restaurante Almanaque na Rua Alagoas para aguardar a chegada do ônibus da Conexão Arena MRV já reservado. O tempo curto só nos permitiu a degustação de uma única cerveja e o encontro com a jovem garota Bianca, de Catas Altas (MG), atleticana entusiasmada e agora residente em BH. E, com a chegada pontual do ônibus às 19 horas, lá fomos nós seguros e confortavelmente acomodados em direção ao estádio. Deu tempo de tomar uma cervejinha vendida pela gentil e atenciosa Carol dentro do coletivo. Chegamos a Arena MRV e depois de passarmos pela obrigatória revista da segurança, logo nos dirigimos ao portão de acesso na esplanada, não sem antes registrar em fotos a nossa presença diante da bela escultura de aço inoxidável de 8 metros de altura e 13 toneladas, intitulada "Galo Inox Aperam". Infelizmente não deu tempo de procurar o nome de Ricardinho no Mural Alvinegro na esplanada do estádio, onde estão eternizados centenas de nomes de apaixonados atleticanos. Fica para uma outra oportunidade, com mais tempo disponível.

Antes de falar sobre o jogo, tenho que contar o perrengue que passei. Celular na mão já aberto no app do Galo, fomos para a catraca do setor Inter Leste para entrar no estádio. Como fiz a compra dos dois ingressos na minha conta, imaginei que os dois QR Codes estariam juntos e disponíveis no meu celular, pois antes da liberação no dia do jogo os ingressos apareciam na minha conta. Passei o primeiro QR code na catraca e coloquei Cléa para dentro, sem problemas, mas aí quando tentei acessar o meu, não apareceu. Imaginei que fosse pela falta de sinal de Internet no local, mas não. Depois de muitas tentativas, nada. Pedi auxílio a um rapaz da organização para resolver o problema e ele, depois de tentar e não conseguir, instruiu-me a ir até o setor de bilheterias tentar uma solução. Pedi a Cléa o seu celular para eu tentar encontrar o outro QR code, mas não havia sinal de Internet disponível. O trem foi complicando para mim, com Cléa dentro do estádio e eu fora, com poucos minutos para o início do jogo. Corri até o setor de bilheterias para pedir ajuda e me deparei com umas cinco enormes filas de atleticanos irritados com problemas no acesso eletrônico ao estádio. Como não tinha outra alternativa, entrei em uma fila atrás de uma linda garota de nome Vitória que reclamava de ter sido barrada na catraca. Ela perguntou o meu problema e eu lhe contei. Ela se dispôs a ajudar aquele idoso ignorante com muita boa vontade. Conseguiu finalmente acessar a Internet da Arena MRV no celular de Cléa e finalmente apareceu o danado do QR code que me colocaria para dentro. Feliz e aliviado, dei-lhe um fraterno abraço, agradeci carinhosamente e saí correndo para o setor de acesso, com medo de a bateria do celular acabar de repente. Finalmente e completamente aliviado, passei livre pela catraca e me reencontrei com Cléa que já estava preocupada com a demora. Subimos a rampa sinuosa e enfim estávamos diante do gramado do nosso belo estádio, ainda sem Hulk e companhia. Aí foi só encontrar um lugar para nos aconchegar e esperar o apito inicial do árbitro. Iniciada a partida, o time alvinegro das Gerais sofreu alguns sustos, mas com merecimento venceu a partida da 12ª rodada do Campeonato Brasileiro contra o Internacional de Porto Alegre por 2 x 0, gols contra e de Júnior Santos. Após o jogo, pegamos o ônibus da Conexão MRV e voltamos tranquilamente para casa, de pé e em segurança do Almanaque até o Íbis. Vale ressaltar o frio congelante em BH, cerca de 10 graus. Mas valeu o sacrifício, pois o Galo ganhou e se aproximou do líder Flamengo, ficando na sétima posição na tabela de classificação a apenas quatro pontos de distância na parada para a disputa da primeira Copa do Mundo de Clubes da FIFA que acontecerá nos Estados Unidos no período de 14-06 a 13-07-2025, sem a participação do Hexacampeão Mineiro, infelizmente.

Chegou a sexta-feira e tínhamos outro compromisso na agenda, o show da dupla de cantores e compositores Saulo Laranjeira e Paulinho Pedra Azul, dois ícones da música mineira e do mundo. Para quem desconhece ambos os notáveis cantadores do Vale do Jequitinhonha, o Saulo Pinto Muniz, conhecido como Saulo Laranjeira, é um humorista, ator, apresentador, cantor, narrador e compositor brasileiro nascido na cidade mineira de Pedra Azul em 11 de novembro de 1952, com 72 anos, portanto. Já o também pedrazulense Paulo Hugo Morais Sobrinho, conhecido como Paulinho Pedra Azul, nascido aos 3 de agosto de 1954, com 70 anos de idade, é um cantor, poeta, artista plástico e compositor brasileiro.
Fomos à noite, a pé, na pequena distância de 800 metros até o lindo Palácio das Artes localizado no Parque Municipal de Belo Horizonte, mesmo local onde no dia 25 de março de 1908, no coreto, 22 jovens estudantes sonhadores se reuniram em assembleia e fundaram o glorioso Athletico Mineiro Football Club, hoje Clube Atlético Mineiro. Não conhecia o Palácio das Artes por dentro e me encantei com o belo, confortável e charmoso espaço cultural que passará em breve por uma ampla e moderna reforma. O espetáculo denominado de "A Arte do Encontro" foi sedutor, bem humorado e aprazível, com os dois artistas cheios da famosa mineiridade se revezando no palco, ora em dupla, ora em performances solos. Do encontro de celebração da arte e da longa amizade entre os conterrâneos de Pedra Azul saíram poesias, "causos" de Geraldinho e canções magníficas de Elomar Figueira de Mello, de Vander Lee, de Dominguinhos, de Cartola, dos Beatles e, claro, dos admirados protagonistas nas suas carreiras artísticas. Ouvimos atentos a "Arrumação", "Jardim da Fantasia", "Lamento Sertanejo", "As Rosas Não Falam", "The Long and Winding Road" e "Onde Deus Possa Me Ouvir" e mais um tanto de música boa. Na apresentação, acompanharam os artistas os músicos Clóvis Aguiar (teclados), Alexandre da Mata (violão), Fabiano Zan (sax e flauta) e Serginho Silva (percussão). Se não bastassem a alegria e a satisfação de assistir à apresentação musical tão preciosa e gratificante, ainda tive o surpreendente encontro com minha querida amiga colega de escola em Espinosa, Júnia Ribeiro da Cruz, filha de Sêo Dirceu e Dona Vina. Foi um enorme prazer reencontrá-la e poder abraçá-la depois de tanto tempo sem nos ver, um presente do destino. Bom demais!

Aí chegou o sábado, mais um dia congelante na linda, agradável e diversificada "botequiniamente" Belo Horizonte que tanto gosto. Depois de no dia anterior visitarmos o Mercado Central, iríamos até a Praça da Liberdade conferir as exposições nos museus da região, especialmente no Centro Cultural Banco do Brasil, mas descobri uma promoção incrível de livros na Outlet de Livro na Rua Paraíba e abortei a ideia. Na feira, uma imperdível oportunidade para quem gosta de cultura: mais de 40 mil livros ao preço unitário de um real. E com show ao vivo do PMG Trio + 1. Claro que levamos uns 20 livros para casa, dos mais variados temas. E uma coisa hilária nos chamou a atenção no percurso até a livraria. Um atleticano fanático acrescentou o nome de Hulk em todas as placas da Rua Paraíba, o maior barato. Após a oportunidade de adquirir cultura a preço baixíssimo, fomos tomar uma cerveja e almoçar no Restaurante Mercado Central, na Cláudio Manoel. A comida estava ótima, saborosa. Aí foi tempo de retornarmos ao hotel para um pequeno descanso até a saída para o Mineirão. Banho tomado, agasalhos vestidos, lá fomos nós de Uber para o estádio da Pampulha. Na ida, custo de R$ 50,00; na volta, uma pequena inflação: R$ 150,00, o triplo do preço! E tinha "uberista" cobrando R$ 200,00. É a famosa Lei da Oferta e da Procura do Capitalismo. Como sempre, na ida, mais um motorista de Uber se sentindo um empreendedor da elite, coitado. Contando papo e falando abobrinhas a rodo, mas tudo bem, faz parte. Desobedecendo as leis do trânsito, conseguimos chegar em paz, sem atropelos. Para o acesso ao estádio, desta vez nenhum perrengue. Chegamos cedo, por volta das 5h20 e tratamos de entrar logo, pois a gelada ventania estava insuportável na esplanada do Mineirão. Escolhemos um bom lugar antes da grade de vidro que separa os setores e lá ficamos sentadinhos até o horário de início do show. Com um pequeno atraso de cerca de meia hora, sob o clarão dos fogos de artifício no teto do estádio, o grande Gilberto Gil invadiu o palco tocando "Palco". Dali em diante, foram mais 29 canções compostas e gravadas em mais de 60 anos de uma rica e bem-sucedida carreira musical. Um dos momentos mais bonitos, emocionantes e festejados da apresentação foi durante a execução da canção "Cálice", quando o coautor Chico Buarque de Hollanda apareceu no telão contando detalhes da composição e gravação da música contra a ditadura que foi sumariamente censurada pelo maldito regime ditatorial repressivo e violento que sangrou o país durante longos 21 anos. A interpretação aguda, comovente e visceral de Gil emocionou o público e levou a uma overdose de gritos de "sem anistia!" no estádio lotado, em revolta à possibilidade de perdão aos covardes criminosos golpistas antidemocráticos que tentaram derrubar a Democracia no Brasil. Em seguida, a multidão clarividente e feliz se esbaldou dançando as músicas agitadas do compositor baiano, até que mais para o final ele interpretou as calmas e maravilhosas "Se Eu Quiser Falar Com Deus", "Drão", "Estrela" e "Esotérico". Mas a sua incrível veia pulsante da mistura de Rock, Reggae, Samba e Baião viria no caminho do encerramento com as homenagens às nações africanas e ao reggae de Bob Marley, fechando o espetáculo com vibração nas dançantes canções "Expresso 2222", "Andar Com Fé", "Emoriô", "Aquele Abraço", "Esperando na Janela" e "Toda Menina Baiana", com pitadas de "Frevo Rasgado" e "Atrás do Trio Elétrico". Um clímax de prazer e contentamento invadiu os nossos corações.

Apresentação encerrada, frio congelante, coração aquecido, mente saciada, expectativa plenamente atingida, era hora de voltar para o hotel. Com sorte, conseguimos rápido um carro de aplicativo do Uber dirigido pelo Leonardo, que nos levou de volta, com músicas de Rock do Pearl Jam, Metallica e afins tocando no som ambiente. Depois foi tempo de se agasalhar bastante e cair no sono de alma lavada de felicidade.
O show no Mineirão foi a 13ª apresentação de Gil na sua turnê de despedida "Tempo Rei". Ainda restam 10 apresentações pelo país, sempre acompanhado pela banda composta por 12 músicos. Além dos filhos Bem (guitarra e baixo), José (bateria) e Nara (voz) e dos netos João (guitarra e baixo) e Flor (voz), a banda conta com Mestrinho (sanfona), a nora Mariá Pinkusfeld (voz), Diogo Gomes (sopro), Thiago Oliveira (sopro), Marlon Sete (sopro), Danilo Andrade (teclado), Leonardo Reis (percussão), Gustavo Di Dalva (percussão) e mais um quarteto de cordas. A última turnê do Ministro da Cultura, do Imortal da Academia Brasileira de Letras, do Doutor Honoris Causa pela Berklee College of Music em Boston (EUA), do Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do genial cantor e compositor Gilberto Gil tem direção artística de Rafael Dragaud e direção musical de Bem Gil e José Gil e é uma realização cultural da 30e e da Gege Produções Artísticas, com apresentação do Banco do Brasil, patrocínios de Correios, Rolex e Estrella Galicia e apoio de WhatsApp, Smiles e GAC.
Em cada show da turnê, há participações especiais. Neste de BH, o convidado especial foi o Samuel Rosa, do Skank, que cantou junto com Gil a canção "Vamos Fugir". Já subiram ao palco para acompanhar Gil os artistas Caetano Veloso, Anitta, Sandy, Lulu Santos, Marisa Monte, Preta Gil, Liniker e Alexandre Carlo, do Natiruts. Após a turnê, será realizado o "Cruzeiro Tempo Rei", viagem de navio de Santos (SP) ao Rio de Janeiro (RJ) do dia 1º ao dia 4 de dezembro, com shows de Gil e mais Os Paralamas do Sucesso, Elba Ramalho, Liniker, Nando Reis, Elba Ramalho, João Gomes e Mãeana, Gilsons e Jorge Vercillo.
Músicas tocadas no show em BH:
"Palco"
"Banda Um"
"Tempo Rei"
"Eu Só Quero Um Xodó"
"Eu Vim da Bahia"
"Procissão"
"Domingo no Parque"
"Cálice"
"Back in Bahia"
"Refazenda"
"Refavela"
"Não Chore Mais"
"Extra"
"Vamos Fugir"
"Barracos"
"A Novidade"
"Realce"
"A Gente Precisa Ver o Luar"
"Punk da Periferia"
"Extra II (O Rock do Segurança)"
"Se Eu Quiser Falar Com Deus"
"Drão"
"Estrela"
"Esotérico"
"Expresso 2222"
"Andar Com Fé"
"Emoriô"
"Aquele Abraço"
"Esperando na Janela"
"Toda Menina Baiana"
Datas da turnê "Tempo Rei":
15 de março de 2025 - Salvador - (ESGOTADO)
29 de março de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)
30 de março de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)
5 de abril de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)
6 de abril de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (ESGOTADO)
11 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)
12 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)
25 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (DATA EXTRA)
26 de abril de 2025 - São Paulo - Allianz Parque (ESGOTADO)
31 de maio de 2025 - Rio de Janeiro - Marina da Glória (DATA EXTRA)
1º de junho de 2025 - Rio de Janeiro - Marina da Glória (DATA EXTRA)
7 de junho de 2025 - Brasília - Arena BRB Mané Garrincha
14 de junho de 2025 - Belo Horizonte - Estádio Mineirão
5 de julho de 2025 - Curitiba - Ligga Arena
9 de agosto de 2025 - Belém - Estádio Mangueirão
6 de setembro de 2025 - Porto Alegre - Beira Rio
17 de outubro de 2025 - São Paulo - Allianz Parque
18 de outubro de 2025 - São Paulo - Allianz Parque
25 de outubro de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (DATA EXTRA)
26 de outubro de 2025 - Rio de Janeiro - Farmasi Arena (DATA EXTRA)
15 de novembro de 2025 - Fortaleza - Centro de Formação Olímpica (CFO)
22 de novembro de 2025 - Recife - Classic Hall (ESGOTADO)
23 de novembro de 2025 - Recife - Classic Hall (DATA EXTRA)

Foram marcantes, maravilhosos e inesquecíveis os três espetáculos que assistimos na gostosa BH. Ver o Galo, o Saulo e o Paulinho e finalmente o Gil, em meio à família, tocando quase que o tempo inteiro em pé, durante uma apresentação vigorosa de cerca de 2 horas e meia, foi deveras gratificante e ficará na minha velha mente até o fim dos dias de lucidez. Por amar tanto Gil e sua música, já perdoei a troca do Flamengo pelo Cruzeiro na interpretação de "Aquele Abraço". Tudo bem, sem mágoa ou mimimi. Aceito tranquilamente o apreço do artista baiano pelo time mineiro, nosso maior cliente.
Feliz e realizado também por completar a façanha de assistir ao vivo os shows dos quatro queridos Doces Bárbaros: Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia.
A vida é breve, fugaz e frágil, com duração indefinida e com final incógnito. Então é urgente viver em paz e amor, fazendo o que se gosta e se dedicando a ser feliz, pois deste mundo nada se leva.
Gratidão ao Criador e um grande abraço espinosense.