Pois é, quão imensa é a minha ignorância! Mas minha luta cotidiana para diminuí-la, nem que seja bem devagarinho, persiste e continua, dia após dia, agora com uma parceira infinita e indispensável, a Internet. E foi através dela que fiz uma descoberta interessante e por demais gratificante. Em meio a tanta porcaria que se produz hoje na música mundial, mesmo com a ajuda quase que completa da tecnologia, consegui descobrir um brasileiro craque especialista na arte de tocar com maestria um violão. Laurindo José de Araújo Almeida Nóbrega Neto é o nome dele, brasileiro da pequena cidade de Miracatu (antiga Prainha), São Paulo, onde nasceu aos 2 de setembro de 1917, virginiano como eu.
Compositor e exímio violonista, Laurindo Almeida nasceu em lar simples com pais apaixonados por música, de onde herdou a paixão musical, começando ainda menino a dedilhar um violão com lições da irmã Maria. Aos 18 anos, já dominando o instrumento com excelência, foi sonhador e sozinho para Santos e dali para o Rio de Janeiro, tentando viver da sua arte. Passou por imensas dificuldades, até para conseguir o pão de cada dia, até que passou a se apresentar em um navio de cruzeiro. Começando a ser reconhecido como músico, foi levado pelo radialista César Ladeira para trabalhar na Rádio Mayrink Veiga, formando um duo com o lendário artista Garoto e atuado ao lado de ícones da música como Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnattali e Pixinguinha. No ano de 1947, já transformado em músico hábil e virtuoso, foi tocar na orquestra de Carmen Miranda, que fazia enorme sucesso no Brasil e no exterior.
Decidiu então, no início dos anos 50, alçar voo para uma carreira internacional, mudando-se, sem conhecer uma única palavra em Inglês, para a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, a meca do cinema hollywoodiano, onde participou de várias produções cinematográficas de sucesso, fazendo arranjos ou tocando vários instrumentos em trilhas sonoras, como por exemplo, O Poderoso Chefão (1972), Os Dez Mandamentos (1956) e Os Imperdoáveis (1992). Foi violonista da orquestra de Stan Kenton, gravou discos também com o saxofonista Bud Shank e participou do Modern Jazz Quartet, tendo indiscutível influência na difusão e consolidação da Bossa Nova no mundo.
O virtuoso músico miracatuense de Jazz, Clássico e Bossa Nova, infelizmente, não tem o devido reconhecimento na sua terra natal, até porque sua existência é pouco conhecida do público brasileiro, mas nos Estados Unidos ele é respeitadíssimo, inclusive tendo sido premiado com nada menos que seis Prêmios Grammy, após onze indicações.
O nosso grande artista nos deixou em 26 de julho de 1995 quando tinha 77 anos de idade, sendo sepultado no San Fernando Mission Cemetery, no Condado de Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos. Seu talento ímpar ficou registrado em filmes, discos e em vídeos de apresentações suas pelo mundo, como esta abaixo registrada na Alemanha em 1992, em que ele inicia o show tocando uma versão da música de Wolfgang Amadeus Mozart, Symphony n 40 k 550 "Molto Allegro", aquela maravilha que nos encantava na abertura das cortinas da tela de exibição do inesquecível Cine Coronel Tolentino de Tidim e Nelito em Espinosa.
Viva a Música Brasileira e seus exímios músicos!
Um grande abraço espinosense.



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