Espinosa, meu éden

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Centenário de Espinosa - Postagem 6

Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.

Nos meus muitos anos de vida, presenciei alguns acontecimentos extraordinários na minha pequena Espinosa. Lembro-me dos fatos, mas nunca fui bom em localizar no tempo quando eles ocorreram. Mas imagino que o caso que vou narrar tenha acontecido no final dos anos 80 ou início dos 90. Um caminhão Mercedes Benz azul estava sendo abastecido no posto de Florival Rocha, quando de repente alguém notou que havia nele um início de incêndio. Imediatamente, uma pessoa de raciocínio e ação rápidas, uns dizem que foi Sidney Castro, entrou na cabine, ligou o motor e saiu em disparada com o caminhão em direção à Avenida Doutor José Cangussu, na tentativa de evitar uma explosão dos tanques de combustíveis que poderia causar uma tragédia inimaginável. Ao chegar à frente da casa de Dona Edith e da sorveteria de Sêo Agostinho, com a Escola Joaquim de Freitas do outro lado, o motorista desligou o motor e saiu rapidamente do caminhão pois as chamas já queimavam a parte externa da cabine. O caminhão estava levando uma mudança de uma família que até hoje não soube quem era e tinha em seu interior toda a mobília e ainda um automóvel. Tudo foi queimado em poucos minutos. Estávamos farreando na Praça Antonino Neves, se não me falha a memória, e quando soubemos do fato, imediatamente fomos até o local e, junto a uma grande turma de curiosos, ficamos ali apreciando o consumir das chamas. De vez em quando nos assustávamos com as explosões dos pneus. 
Uma coisa que nos deixou chateados neste dia, ou noite, foi que depois que o fogo havia cessado, fomos ver bem de perto o estrago e um policial, que estava sinalizando com cordas o local, foi bastante rude e arrogante com nosso amigo Jésus, que nada havia feito senão se aproximar para observar o que restara do incêndio no caminhão. O brutamontes o empurrou de maneira truculenta e até o ameaçou de prisão. Então, para evitar problemas com a Lei, o retiramos dali e voltamos à praça para curtir a noite, mesmo com um sentimento de tristeza pelas perdas materiais do proprietário do caminhão e dos bens da mudança da desconhecida família, mas aliviados por ninguém ter se ferido. E também felizes e orgulhosos pela ação heroica de um nosso conterrâneo.


O extraordinário acontecimento atraiu a atenção de quase toda a população da cidade, que compareceu ao local no dia seguinte para ver de perto o dano causado pelo incêndio. Sei não, mas naqueles tempos imagino que não tinha seguro, nem do caminhão nem da carga, e o prejuízo foi grande para todos. Mas quem sabe eu esteja enganado e eles foram ressarcidos? Tomara que sim!
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.

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