Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.
Existe um lugar maravilhoso na nossa Espinosa que, apesar do nome de Impossível, é acessível a quem tiver bastante ânimo, uma boa condição física e uma alta dose de espírito aventureiro. Não sei agora nos tempos atuais, mas antigamente o Impossível era um local de difícil acesso e de uma beleza cativante. Só estive lá uma única vez, quando da minha juventude, em companhia dos amigos-irmãos da Rua da Resina. E foi um passeio e uma farra inesquecíveis. Alugamos uma velha picape cujo motorista era um ex-namorado de Ana, posteriormente esposa do amigo Jésus Natalino Vieira. Desde o início ficamos receosos de haver alguma desavença entre eles, mas felizmente nada de conflito aconteceu. Lá fomos nós numa ensolarada manhã de domingo, a maioria acomodados na carroceria desconfortável de madeira, na estradinha tortuosa e irregular. Levávamos cerveja e gelo em um grande isopor, e panelas, utensílios e alimentos para serem cozidos e assados, em sacolas. Os mais fortes se encarregaram de transportar a carga pesada. Em certa parte do percurso, tínhamos que passar nos equilibrando em cima dos longos canos de ferro que levavam água dali para a cidade, uma aventura digna de filmes de James Bond. Em determinado momento, um escorregão de um sujeito descuidado no cano liso fez despencar a caixa de isopor, derramando uma pequena parte dos vasilhames de cerveja nas pedras, causando um prejuízo não só financeiro. Mas a ação rápida dos carregadores impediu o desastre total e a queda do isopor lá embaixo nas pedras da beira do rio. Dali em diante, para evitar novas surpresas desagradáveis, o percurso foi feito bem devagar, escorregando sentados sobre os canos. Adiante, próximo do canyon, montamos acampamento para fazer a farra, com Jésus assumindo a função de cozinheiro, uma de suas especialidades, enquanto outros se dedicavam a fazer o churrasco. Outros com menos ou nenhum dote culinário, como eu, ficamos só com a privilegiada tarefa de beber e servir a cerveja.
Passamos todo o dia de domingo ali naquele lugar selvagem, maravilhoso, cheio de pedras e com água fria e cristalina, completamente preservado da louca destruição humana. Comemos e bebemos com fartura, contamos casos e rimos muito, como sempre acontecia nos nossos encontros e confraternizações, tudo na mais completa harmonia. Em certo momento, com Tião tirando uma soneca, o pessoal tirou sarro dele como se estivesse morto, simulando um velório, na maior zoeira, como pode se ver na segunda fotografia. Coisas da juventude!
Pela tardinha, recolhemos tudo, sem deixar lixo nenhum ali, e fizemos o caminho de volta até a caminhonete estacionada um pouco distante. Nesta volta, algumas quedas causadas por escorregões foram verificadas, o que causou gostosas gargalhadas. Nos instalamos já cansados na carroceria da picape e retornamos para casa, chegando vivos e inteiros, graças a Deus. Foi um dos melhores passeios da minha vida. Nunca mais tive a oportunidade de retornar ao Impossível.
Além de mim, estiveram presentes nesta aventura no início dos anos 80, Gera de Vavá, seu irmão Quinha, Mílton Barbosa, Jésus, Carlos Gaiola, Dailsinho, Júlio César, Tião Xavier e Carlos Valmiral, além claro, do motorista, do qual não lembro mais o nome.
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.
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