Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.
Sêo Aristides José Tolentino era um homem rico, muito rico. Era um espinosense cidadão milionário com espírito empreendedor. Não contente em possuir grana no banco, boa casa e carro novo, além de uma fonte gigantesca de lucro na sua algodoeira, ele se aventurou em dois grandes investimentos na cidade, um, o imenso hotel na Rua Dom Lúcio, e o outro, o moderno e amplo cinema na Praça Antonino Neves. Sobre o hotel, falo em outra postagem. Sobre o Cine Coronel Tolentino, foi uma dádiva aos que apreciavam a arte e a cultura na cidade interiorana, bem distante das capitais mineira e baiana. O cinema era maravilhoso, uma coisa mágica, principalmente para mim, durante a infância e adolescência. Construído de forma desafiadora no terreno alagado da lagoa, com bases bem fincadas que resistem bravamente até os dias atuais, o prédio continha o melhor maquinário disponível na época e instalações modernas e confortáveis. Os projetores eram de última geração, as poltronas eram acolchoadas, as cortinas eram grossas e compridas, a sala de espera era limpa, agradável e espaçosa, com bomboniere, e a projeção na tela grande era em cinemascope. Com tamanha modernidade e conforto, o cinema ainda nos encantava com as fotografias e cartazes dos filmes por estrear, exibidos na sala de espera. Um diferencial encantador era a série de luzes coloridas no teto, que piscavam alternadamente no momento em que era tocado o tema de abertura do Cine Coronel Tolentino, a belíssima "Sinfonia n.º 40 em Sol Menor" do genial Wolfgang Amadeus Mozart, composta em 1788. É só escutar esta maravilha que minh´alma se teletransporta imediatamente para aquele passado gostoso em que eu, encantado, viajava no tempo e no espaço da imaginação provocada pela magia do cinema.
Se há uma coisa boa do passado em Espinosa e que me dá imensa saudade, é o cinema. Ali dentro daquele imenso prédio, vivi emoções formidáveis, envolvendo-me profundamente nas histórias e aventuras de personagens como Tarzan, Sansão, Os Trapalhões, Mazzaropi, Django, Sartana e outros heróis e bandidos da ficção. Era bom demais também ver as imagens do Canal 100, sobretudo as do futebol brasileiro. Lembro-me que guardávamos como tesouros os pedacinhos de fita de imagens dos filmes que eram descartados pela janela lateral que hoje dá para a sede da APAE. É uma pena que os cinemas tenham perdido tanto espaço no país, hoje encaixotados em salas de shopping e com preços altos, bem inacessíveis para a grande maioria da população.
Para finalizar, uma descoberta que me surpreendeu. Imaginava eu que o prédio da Cotesp havia sido construído após o do cinema, mas como mostra inapelavelmente a velha fotografia, estava eu totalmente enganado. Nunca é tarde para descobrir a realidade dos fatos.
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense.
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