Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

892 - Criatividade brasileira no mundo animal

Ninguém duvida da incrível capacidade criativa do povo brasileiro que ao longo do tempo cria expressões e "apelidos" para algumas situações corriqueiras do cotidiano. Para exemplificar determinadas situações do dia a dia ou para denominar algumas figuras humanas sui-generis, usa-se a criatividade para simplificar o entendimento pelo restante da população, empregando-se palavras comuns da língua portuguesa, muitas delas envolvendo animais de todas as espécies.
Que tal conhecermos alguns dessas "pérolas" criadas pela verve sarcástica do nosso sábio povo?
 
ABRAÇAR O JACARÉ - Estar em uma situação complicada, entrar em uma fria. 


ACABAR COM A BOCA CHEIA DE FORMIGA - Morrer, falecer, ser assassinado.
 
A CAVALO DADO NÃO SE OLHA OS DENTES - A expressão significa que, ao recebermos um presente, devemos mostrar satisfação, mesmo que não seja do nosso agrado. O provérbio tem relação à idade dos equinos, que podem ser facilmente avaliados pelo estado dos seus dentes.
 
ACERTAR NA MOSCA - Acertar em cheio alguma definição ou resposta.
 
A COBRA VAI FUMAR - Se algo de errado acontecer, a situação vai ficar complicada para alguém. É o sentido básico desta expressão surgida no final de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, quando se falava que o Brasil entraria na guerra, e os repórteres diziam: "É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra". Quando o primeiro contingente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), embarcou para a Itália, o povo começou a usar a expressão "A cobra vai fumar", no sentido de que o Brasil enfrentaria sérios problemas.

AEROPORTO DE MOSQUITO - Cabeça raspada, careca, ausência de cabelos (gíria).

AFOGAR O GANSO - Ter relação sexual, transar.
 
AMARRAR O JEGUE - Ir embora, recusar-se a fazer alguma coisa, plantar-se.

 
AMIGO DA ONÇA - Indivíduo falso, em quem não se pode confiar. Tornou-se famosa devido ao personagem criado pelo cartunista Péricles Maranhão, para designar uma pessoa cafajeste, debochada e irônica.
 
ARRUMAR SARNA PARA SE COÇAR - Procurar confusão, criar problema para si, meter o dedo onde não foi chamado, se intrometer em assunto alheio.
 
A VACA FOI PRO BREJO - Tudo se perdeu, acontecimento desastroso, completo insucesso.
 
BAFO DE ONÇA - Animal carnívoro, a onça tem um hálito fétido. A expressão significa então mau hálito, pessoa com forte cheiro de pinga na boca.
 
BAGRE ENSABOADO - Sujeito esperto, liso, que sempre leva vantagem e consegue se safar de todas as situações complicadas.
 
BALAIO DE GATOS - Confusão generalizada, situação cheia de rolos, reunião de pessoas espertas e não confiáveis.
 
BODE EXPIATÓRIO - Pessoa que é declarada culpada por algum erro do grupo, alguém em que se deposita a responsabilidade pelo insucesso de algo. 

BOTAR A PERERECA PARA TOMAR LEITE DE CANUDINHO - Fazer sexo, ter relação sexual.

BURRO - Indivíduo que é pouco inteligente, estúpido, bronco.

CABRA DA PESTE - Pessoa valente, decidida, enérgica,  pessoa temida por sua valentia associada à crueldade.
 
CACHORRA - Mulher libertina, atrevida, devassa, imoral.
 
CADA MACACO NO SEU GALHO - Usada para determinar as atribuições de cada indivíduo, sem que haja intromissão em assuntos alheios, sem interferências que possam causar conflitos.

 
CAIR DO CAVALO - Significa se dar mal em alguma atividade, quando se tinha certeza de bons resultados, frustrar-se, decepcionar-se.
 
CANTAR DE GALO - Dar uma de bonzão, querer mandar, ser o dono do pedaço, dominar a situação.
 
CÃO CHUPANDO MANGA - O "cão" da expressão é o diabo, que é sempre retratado como bem feio. Então significa algo ou alguém muito feio ou pessoa que faz coisas de que até Deus duvida. A expressão pode ser usada também quando a pessoa é boa, é "fera" em determinado assunto, valente, determinado, inteligente.

CARANGUEJO -  Pessoa lerda, vagarosa, lenta.

CARRAPATO - Indivíduo importuno que segue outro por toda parte, pessoa grudenta, marcador implacável no futebol.

CASCAVEL - Pessoa (especialmente mulher) maledicente ou de mau gênio, pessoa vingativa.

 
CAVALO PARAGUAIO - É bastante utilizada no futebol para designar um time que inicia uma competição com força total, alcançando rapidamente o primeiro lugar e que aos poucos vai sucumbindo, caindo de rendimento, ficando pelo caminho e não conseguindo o título.
 
COELHO - Nas provas de corrida longa, assim é chamado o corredor que, sem nenhuma expectativa de vitória, é utilizado para sair na frente e imprimir um ritmo forte, incentivando uma disputa maior na prova. Às vezes, a sua participação é uma tática usada por alguma equipe, para favorecer a vitória de algum outro integrante do grupo. Devido ao esforço demasiado, eles participam apenas dos primeiros quilômetros e logo abandonam a prova.

COM A PULGA ATRÁS DA ORELHA - Desconfiado, suspeitoso em relação a uma situação ou fato, às intenções de alguém etc.

COM MINHOCA NA CABEÇA - Pensando bobagem ou besteira, estar pensativo suspeitando ou imaginando coisas, desconfiando de algo ou de alguém.
 
CUTUCAR A ONÇA COM VARA CURTA - Mexer com alguém perigoso, afrontar alguém.
 
DAR COM OS BURROS N´ÁGUA - Fazer uma bobagem, falhar, fracassar fragorosamente. 

DEU ZEBRA - Deu tudo errado, resultado negativo inesperado, insucesso.
 
ENGOLIR SAPOS - De acordo com a Bíblia, durante o período das pragas do Egito, milhares de rãs invadiram as casas das pessoas, causando a maior confusão. Daí, engolir sapos passou a significar a convivência serena com situações absurdas ou desagradáveis.


ESTAR COM A MACACA - Estar exageradamente agitado, estar muito nervoso ou irritado.
 
FAZER UMA VAQUINHA - arrecadar alguma quantia com doações de várias pessoas para custear alguma compra ou atingir algum objetivo, normalmente em ação solidária.

FILHO DE UMA ÉGUA OU FI D´UMA ÉGUA - Indivíduo safado, traiçoeiro, mau, de péssimo caráter, filho da puta, sujeito sacana.

IDEIA DE JERICO - Intenção ou pensamento pouco inteligente, estúpido.

JECA-TATU - Denominação genérica do caboclo do interior do Brasil, habitante pobre e humilde das zonas rurais, capiau.

LÁGRIMAS DE CROCODILO - Choro que não é sincero, expressão fingida de tristeza ou sofrimento, falsidade, hipocrisia.

LÁ NO SOVACO DA COBRA - Lugar longe e de existência duvidosa.

LAVAR A ÉGUA - Vencer competição, jogo etc. com grande vantagem, ter grande sucesso em algo, ganhar muito dinheiro, aproveitar ao máximo uma situação ou oportunidade, saciar-se.
 
MÃO DE VACA - Indivíduo pão-duro, egoísta, mão fechada, avarento.


MATAR CACHORRO A GRITO - Fazer qualquer coisa, vender-se, estar em situação desesperadora.
 
MEMÓRIA DE ELEFANTE - Facilidade para memorizar fatos e números. Assim como os elefantes.

MIOLO DE GALINHA - Indivíduo que não pensa, que não é esperto, miolo mole.

MULHER GALINHA, PIRANHA - Mulher libertina, leviana, que tem relações sexuais com qualquer homem, vagabunda, meretriz, prostituta. 
 
NEM QUE A VACA TUSSA - De maneira nenhuma, de jeito nenhum, impossível, jamais, nunca.
 
OLHA O PASSARINHO! - Na época da invenção da máquina fotográfica, era difícil manter as pessoas paradas e atentas para ser fotografadas, devido ao tempo considerável para a fixação da imagem. Para manter os fotografados focados na lente da máquina, principalmente as crianças, os fotógrafos colocavam uma gaiola com um passarinho acima da câmera para atrair a sua atenção. Daí veio a expressão até hoje utilizada para a pose dos modelos.

PAGAR MICO - Dar mancada, fazer besteira, passar vergonha.

PAPAGAIO - Tagarela, pessoa que conversa demais, indivíduo que costuma repetir o que ouviu ou leu, sem saber ao certo do que está falando.


PAPAGAIO VELHO NÃO APRENDE A FALAR - Ideia preconceituosa de que os idosos não aprendem mais, passaram do tempo de aprender.
 
PARTO DE ELEFANTE - Algo difícil e bastante demorado.

PATO - Pessoa que se deixa enganar facilmente; bobo, idiota.

PÉ-DE-BOI - Trabalhador incansável, trabalhador braçal que encara todo tipo de serviço pesado sem reclamar, sujeito quebra-galhos, indivíduo pau pra toda obra, que não desiste, determinado, persistente.

PEIXE FORA D´ÁGUA - Desajustado, desconfortável, pouco à vontade em certa situação ou circunstância.

 
PENSAR NA MORTE DA BEZERRA - Significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.
 
PICAR A MULA - Cair fora, sair de algum lugar em disparada, ir embora.

PORCO - Sujeito muito desligado da ação de limpeza, pouco preocupado com a higiene.

PROCURAR CHIFRE NA CABEÇA DE CAVALO - Procurar o que não existe, desconfiar de algo que não está acontecendo, cismar que está sendo traído, sem razão.

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO - Usar das possibilidades disponíveis em determinada situação complicada, fazer de tudo para conseguir o que se pretende buscando recursos alternativos, sem desanimar.

SOLTAR A FRANGA - Desinibir-se, perder o acanhamento, gesticular (um homem) com gestos afetados, mais típicos de uma mulher, comportar-se (homem) como homossexual, afeminado.
 
SOLTAR OS CACHORROS - desabafar ruidosamente, ser agressivo, insultar alguém.

TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA - Significa ter que desistir de alguma coisa, abandonar pretensões, perder as ilusões de conquistar algo, não esperar que alguma coisa venha a acontecer.

VÁ PENTEAR MACACO - Significa algo como "vai cuidar da tua vida", "não amola", "cai fora", "para de encher o saco", "vai ver se eu estou na esquina", usada para afastar alguém que está sendo chato ou inconveniente.
 
Um grande abraço espinosense.

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