Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

837 - "Cine Holliúdy" e "Serra Pelada": Ótimo cinema em dose dupla

Aproveitando uma noite chuvosa de segunda-feira em Montes Claros, nada como um cineminha para distrair a mente cansada após um longo dia de trabalho. E lá fui eu ao Shopping Ibituruna assistir a dois filmes brasileiros de temáticas completamente opostas.
O primeiro, uma despretensiosa comédia: "Cine Holliúdy". O longa metragem de baixíssimo orçamento, dirigido por Halder Gomes, tem no papel principal o ator Edmílson Filho na pele do obstinado e sonhador Francisglaydisson, que tenta a todo custo e com a ajuda da família, não deixar morrer a magia do cinema em uma cidadezinha do Ceará.
Com locações nas cidades cearenses de Fortaleza, Pacatuba, Quixadá e Quixeramobim, o filme conta a história de um sujeito fissurado pela sétima arte que tenta montar, com todas as dificuldades, um cinema em uma pequena cidade do interior. Os diálogos são todos na linguagem bem peculiar do povo cearense, o que forçou a inclusão de legendas para uma melhor compreensão pelo público de outras regiões do país.
A produção é um tanto quanto prejudicada pela falta de recursos, mas o que surpreende é o romantismo de um tempo glorioso do cinema que encantava a todos, adultos e crianças. Atualmente, vencido pela concorrência da TV e ainda mais pela onipresente Internet, o cinema deixou as grandes e imponentes instalações nas pequenas e grandes cidades e se encolheu a pequenos espaços inseridos nos shopping-centers das metrópoles. Mas a magia continua, como pode-se perceber na nostálgica história do Cine Holliúdy.
Destaque para as participações especiais de Falcão (o cego) e de Márcio Greick (o comprador de Vanderleia, a Veraneio amarela). Este último também participa na trilha sonora, com algumas de suas belas canções românticas dos anos 70.
Então, "macho réi", deixa de ficar aí "amofinado" e "pega o beco" pra ir ao cinema assistir a este filme "joiado", "arre égua"! Tu vai gostar, o filme é "pai d´égua", não é "fuleirage" não!
Elenco:
Edmilson Filho, como Francisglaydisson
Míriam Freeland, como Maria Das Graças
Joel Gomes, como o filho de Francisgleydisson
Roberto Bomtempo, como o prefeito Olegário Elpídio
Angeles Woo, como o apresentador de TV
Fiorella Mattheiss, como a Garota dos Sonhos
Rainer Cadete, como Shaolin
Karla Karenina, como a fã de futebol
Márcio Greyck, como o comprador de carros
Jorge Ritchie, como Padre Mesquita
Fernanda Callou, como Whelbaneyde
Falcão, como o cego Isaías
Haroldo Guimarães, como Ling, Orilaudo Lécio e Munízio
João Neto, como o Bebinho
Roteiro e Direção: Halder Gomes
Produção Executiva:  Dayane Queiroz e Edmilson Filho
Diretor de Arte: Juliana Ribeiro
Diretor de Fotografia: Carina Sanginitto
Figurino: Jo Fonteles e Cristiano Pires
Edição: Helgi Thor

 


O segundo filme da noite foi o drama "Serra Pelada", excelente superprodução brasileira que conta a saga de dois grandes amigos na aventura de tentar enriquecer no eldorado de Serra Pelada, em plena selva amazônica. A aventura acontece na região do estado do Pará onde ocorreu a segunda maior concentração de trabalho humano desde a construção das pirâmides do Egito, quando milhares de garimpeiros colocaram abaixo uma montanha de aproximadamente 150 metros de altura e ainda abriram um buraco gigantesco de cerca de 120 metros, de onde extraíram aproximadamente 100 toneladas de ouro.
Os mais velhos lembram-se bem da loucura que foi a descoberta de ouro no maior garimpo a céu aberto do mundo, no estado do Pará, no final dos anos 70. Naqueles tempos ainda de ditadura militar, milhares de brasileiros se dirigiram à inóspita região norte do Brasil em busca de riqueza.
O filme conta a história dos amigos Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) que resolvem largar tudo na cidade grande e tentar a sorte no garimpo. Juliano é solteiro e não tem muito o que perder, mas o professor Joaquim deixa para trás mulher e filho por nascer. O sonho era descobrir ouro e retornar rico em breve, mas a realidade dura da vida no garimpo, sem lei e sem quaisquer certezas, muda radicalmente a vida dos grandes companheiros, causando enorme transformações em suas trajetórias. O filme mescla de forma brilhante imagens atuais com imagens reais da época, em uma simbiose perfeita.
Algumas críticas foram feitas quanto aos muitos palavrões e às cenas de sexo na produção, mas não há como ocultar a realidade de um lugar tão perigoso e violento, com milhares de pessoas de índoles diferentes, oriundos de todas as partes do país, em busca da riqueza fácil. Não há como omitir a dureza e as asperezas da vida real em lugar tão temerário como aquele.  
Além dos protagonistas Cazarré e Andrade, participam da produção dirigida pelo Heitor Dhalia, Wagner Moura (como Lindo Rico), Sophie Charlotte (como Tereza) e  Matheus Nachtergaele (como Coronel Carvalho), todos em atuações impecáveis, dignas de elogios.
Ótimo filme, não deixe de ver. É uma página interessantíssima da nossa história, quase inacreditável.
Um grande abraço espinosense.

 

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