Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 8 de junho de 2012

449 - O famoso "Casamento na Roça" em Espinosa

O mês de junho chega trazendo aquele friozinho gostoso que, em Espinosa, é coisa rara, só acontecendo nesta curta época do ano. Mas junho também chega trazendo toda a tradição das festas juninas em nossa cidade, com as comemorações dos dias de Santo Antônio (13), São Pedro e São Paulo (29) e São João Batista (24). As comemorações do dia de Santo Antônio casamenteiro se caracterizam pelas simpatias utilizadas pelas mulheres que estão à procura de namorados ou maridos. Uma das mais conhecidas é a de se colocar uma imagem do santo de cabeça para baixo atrás da porta até que o pedido se realize. A festa de São Pedro e São Paulo, mesmo com algumas fogueiras sendo acesas e fogos de artifício sendo queimados, não tem o mesmo apelo da mais concorrida e animada comemoração de Espinosa, a festa de São João, que ganhou até a decretação de feriado na cidade.
Nos tempos idos da minha infância, as fogueiras eram itens obrigatórios nas portas de todas as casas, resultando em um maravilhoso espetáculo de luzes e alegres reuniões dos moradores. Ali, sentados nas cadeiras e nos bancos de madeira em suas portas, os moradores se animavam conversando, bebendo quentão e comendo leitão assado, canjica, pamonha, pipoca e milho cozido, enquanto a meninada se divertia desvairadamente soltando traques, bombinhas, estalos de salão e pulando a fogueira durante toda a noite. Sem esquecer das batatas doces cozidas na fogueira. As ruas eram todas enfeitadas com bandeirolas coloridas e a alegria contagiava a todos, adultos e crianças. Muitas brincadeiras eram utilizadas nesta época do ano, com destaque para a corrida do ovo na colher, o pau-de-sebo e o quebra-pote.
Hoje em dia as festas acontecem mais nos clubes e nas escolas, com bandas mais modernas, mas que ainda mantém um pouco da tradição ao usar sanfona, triângulo e zabumba, tocando o tradicionalíssimo forró pé-de-serra. Faz parte da festa a tradicional quadrilha, que reúne casais de dançarinos, damas e cavalheiros, obedecendo às evoluções dos marcadores. As roupas dos homens consistem basicamente de camisas quadriculadas e calças remendadas com panos coloridos, enquanto as mulheres se vestem com longos vestidos de chita, sem esquecer o indispensável e tradicional chapéu de palha.
Uma das maiores atrações dos festejos de São João, ainda hoje em alguns lugares, é a encenação do casamento na roça, com todo o seu roteiro hilariante. O casamento caipira surgiu como uma paródia dos casamentos clássicos. O enredo clássico mostra o pai, rude e moralista, obrigando, com uma espingarda em punho, o namorado a casar com a sua filha, depois de tê-la engravidado. Com a presença do delegado, do padre e de toda a família da noiva, o insolente garanhão, totalmente alcoolizado, tenta a todo custo se desvencilhar da situação, gerando muitas gargalhadas da plateia.
Consegui uma fotografia de um casamento na roça estrelado, na quadra da AABB, pelos queridos amigos e colegas do Banco do Brasil de Espinosa nos anos 80, em que atuaram Walter Pinto (como o padre), Marly (a noiva), Tiãozinho (o noivo), Geraldão (o delegado), Rose e Xará (os pais da noiva) e os demais convidados Dino e Zá, Cláudio e Tina, Quites e Iara e Serjão e Tânia. Uma atuação digna de um Oscar da Academia de Hollywood. Saudades dessa turma de amigos especiais espalhados por essa nossa Minas Gerais.
Um grande abraço espinosense.

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