Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

168 - "Causos" e histórias espinosenses: A terrível e hilária queda de moto

Lá pelos anos 80, era comum a nossa participação em partidas de futebol de salão em cidades vizinhas que, invariavelmente, terminavam em farras muito animadas. Em uma dessas oportunidades, fomos jogar em Monte Azul, no clube do BNB, e após a partida, claro, houve aquela cervejada. Não me lembro do resultado do jogo nem do time adversário, mas isso é o que menos nos importava. O legal mesmo era fazer amizades, bater uma bolinha e logo depois, tomar muita cerveja com a turma que nos recepcionava com muito carinho e consideração. A estrada que nos liga a Monte Azul ainda era de terra, nada de asfalto. Então, depois de muita confraternização, resolvemos que era hora de nos mandar de volta à Espinosa. Pedrão*, funcionário, e Pedrinho*, menor-aprendiz do Banco do Brasil voltavam de moto. Naquela época ninguém usava capacete ainda. Eu possuía um Chevette e estava voltando com meu primo Júlio César quando, em uma curva próxima à linha férrea que margeava a estrada, deparamo-nos assustados com Pedrão, meio ensanguentado, sinalizando desesperadamente com os braços, parado no meio da estrada, pedindo para que eu parasse. Pedrinho estava caído perto dali. Eles haviam caído da moto, na curva. Na hora, pensei o pior. Mas os caras deram muita sorte, pois saíram da estrada e foram arremessados contra uma moita bastante espessa à beira dos trilhos, que lhes amorteceu a queda.

Rapidamente colocamos os dois no carro, Pedrão no banco da frente, rebaixado, e Pedrinho deitado no banco de trás. Júlio ficou responsável por levar a moto de volta para casa. Saí em disparada para levá-los o mais rapidamente possível ao hospital em Espinosa. A situação era preocupante, mas ao mesmo tempo hilária. Durante o percurso, Pedrinho, bastante machucado e totalmente desorientado, se levantava a todo momento do banco traseiro e me perguntava: - Onde estou? Onde a gente estava? O que a gente estava fazendo? Eu estava com quem? Para onde estamos indo? Eu pacientemente tentava acalmá-lo, explicando tudo. Só depois de um tempo ele se deu conta do que havia acontecido e então bateu o medo de enfrentar a sua mãe. Pediu que sua mãe, que foi minha professora no grupo escolar, não fosse avisada do acontecimento, pois ao saber do que ocorrera, ela iria castigá-lo severamente. Mais uma vez, consegui acalmá-lo até chegar ao hospital em Espinosa. Deixei os dois lá sendo atendidos pelo médico e me dirigi à casa de Dona Maria* para comunicá-la sobre o acidente. Depois de contar todo o acontecido, ela, ainda assustada e bastante preocupada, foi vê-lo no hospital, mas não para castigá-lo, como ele imaginava. Depois do atendimento médico, Pedrinho recebeu alta e ficou alguns dias se recuperando do acidente em casa, sob os afetuosos cuidados da mãe. No final, ele se recuperou rapidamente, sem sequelas e sem levar qualquer castigo da mamãe. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
* Nomes fictícios.

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