Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

161 - "Causos" e histórias espinosenses: O nosso maior orador

O maior orador da cidade, o homem que tinha o dom da palavra fácil, com toda a sua eloquência e os seus famosos suspensórios. Este era o Senhor Geraldo Anacleto, comerciante que tinha a sua loja na Praça Coronel Heitor Antunes. Personagem assíduo nas comemorações cívicas da cidade, principalmente nos festejos do 7 de setembro, quando todos os alunos ficavam perfilados sob um sol escaldante em frente ao palanque da praça da Prefeitura, para ouvir os discursos das autoridades municipais. Seu Geraldo Anacleto, com sua barriga proeminente e seus elegantes suspensórios, era o grande mestre de cerimônias nestas ocasiões. Nós, estudantes, não gostávamos muito dos discursos do nosso grande orador, pois enquanto ele discursava solenemente por um tempo bastante longo, nós ficávamos ali de pé, em fila indiana, debaixo de um sol abrasador, sem poder debandar, sob o olhar compenetrado dos nossos professores. Não era mole não!
O senhor Geraldo Anacleto foi homenageado pela Câmara Municipal ao receber o título de Cidadão Honorário de Espinosa nos anos 70, merecidamente. Era uma pessoa muito querida na comunidade.
Diz a lenda que um comerciante da cidade, a quem ficticiamente chamarei de Pedrão, depois de ver encalhado em seu estabelecimento (sem vender uma única peça), um grande lote de determinada mercadoria, decidiu se livrar daquele problema. Ou seja, decidiu "empurrar" o pepino para frente. Depois de matutar bastante, ele teve uma ideia. Contratou alguns meninos e pediu a eles que se dirigissem até o comércio de Sêo Geraldo, lá na praça, por vários dias e em horários diferentes, perguntando se havia disponível para compra a tal mercadoria. A intensa procura deixou-o chateado pela perda da oportunidade de venda e consequente lucro. Dias depois, como quem não queria nada, o comerciante Pedrão passou por lá para bater um papo e saber das novidades. Conversa vai, conversa vem, ele introduziu no papo o assunto da grande procura pela tal mercadoria. Sêo Geraldo então confessa que se tivesse um estoque daquele produto, teria vendido tudo nos últimos dias, já que a procura estava muito grande. O esperto comerciante então, se fazendo de inocente, conta a ele que, por coincidência, acabara de receber uma grande quantidade e que cederia, com a maior boa vontade e pelo melhor preço, a "metade" (leia-se tudo) da mercadoria tão procurada. E assim aconteceu. Sêo Geraldo Anacleto recebeu o lote da mercadoria, pagou à vista e ainda agradeceu emocionado ao seu colega pela atitude tão sublime. Terminada a negociação e a entrega dos produtos pelo espertalhão, eis que nunca mais se viu ninguém procurando por aquela famosa mercadoria, que a partir dali apodreceu abandonada em alguma das prateleiras da loja de Sêo Geraldo Anacleto até os seus últimos dias de vida.   
Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
Obs: As fotos da cerimônia na Câmara Municipal  me foram gentilmente cedidas pelo Sissi Caldeira, a quem agradeço.
Sr. Geraldo Anacleto assina documento na Câmara Municipal de
Espinosa, tornando-se cidadão honorário espinosense ao lado
dos vereadores Albino da Costa Ramos, Lauro Mendes e Luiz
Antunes Caldeira, o Sissi. O inusitado da foto é que além dos
salgadinhos sobre a mesa, há duas garrafas de whisky, fato
que seria considerado politicamente incorreto nos dias atuais.

Sr. Geraldo Anacleto recebe cumprimentos pela homenagem
da Câmara Municipal de Espinosa. Estão presentes na foto
os vereadores Lourinho d´Os Cardeais, Dão de Vita e Jefferson.

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