Os Estados Unidos da América são uma nação rica e poderosa construída sobre um sustentáculo de guerra, violência, sangue e dor. Esse apego inveterado de parcela considerável da sociedade americana a armas de fogo, à busca enlouquecida pelo lucro e poder e à obsessão discutível a ter uma sensação de Liberdade, vêm causando estragos irreparáveis na vida de milhões de estadunidenses e de habitantes de muitos outros países do mundo. Desde os tempos iniciais da construção do país, sobretudo a partir da colonização do Oeste, são muitos os cidadãos dizimados pela violência desenfreada que caracteriza o povo da Terra do Tio Sam. Que o digam os milhões de indígenas nativos assassinados ou expulsos de suas terras. Ou quem sabe, se tivessem como se expressar, os milhões de bisões abatidos nas pradarias.
Essa fixação doentia pelas armas de fogo desagua, inevitavelmente, em tragédias. Não raro, crianças e adolescentes são massacrados em escolas do país por malucos insanos e sanguinários com armas de alto calibre nas mãos. E são bastante comuns os casos terríveis dos serial killers nos EUA. E não só, crimes bárbaros são cometidos constantemente, envolvendo pessoas comuns e até figuras famosas, endinheiradas e poderosas da sociedade.
Um desses casos trágicos que viraram manchetes de jornais pelo mundo inteiro está em evidência atualmente no catálogo da Netflix, com duas produções cinematográficas: "Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story" e "O Caso Dos Irmãos Menendez".
O caso é antigo, mas voltou a ficar em evidência, com dois documentários trazendo mais informações e polêmicas sobre o assassinato brutal do casal José e Mary Louise "Kitty" Menendez pelos próprios filhos, Lyle e Erik, então com 21 e 18 anos de idade. O enredo é dramático e surreal. Em 20 de agosto de 1989, na Califórnia, EUA, uma família de classe alta, que vivia na rica e chique Beverly Hills, foi completamente destroçada quando os filhos assassinaram fria e violentamente os pais, com tiros de espingarda, 10 disparos na mãe e seis disparos no pai. O bárbaro crime chocou a sociedade americana, muito pelo parricídio e mais ainda por se tratar de um importante e influente executivo de Hollywood, que havia fugido de Cuba durante a Revolução, quando perdeu tudo, reconquistando fortuna com seus métodos pouco ortodoxos nos negócios na nova pátria.
O primeiro documentário é na verdade a segunda temporada da série "Monster", projeto de Ryan Murphy que pretende contar histórias de criminosos famosos. Depois da primeira, que mostrou a "The Jeffrey Dahmer Story", a segunda traz a "The Lyle and Erik Menendez Story", estreando em 19 de setembro de 2024. São nove episódios com duração entre 36 a 65 minutos, escritos e dirigidos por diversos profissionais.
Elenco e personagens:
Javier Bardem como José Menendez
Chloë Sevigny como Kitty Menendez
Cooper Koch como Erik Menendez
Nicholas Alexander Chavez como Lyle Menendez
Ari Graynor como Leslie Abramson
Nathan Lane como Dominick Dunne
Dallas Roberts como Dr. Jerome Oziel
Jason Butler Harner como Det. Les Zoeller
Leslie Grossman como Judalon Smyth
Jeff Perry como Peter Hoffman
Marlene Forte como Marta Cano
Jade Pettyjohn como Jamie Pisarcik
Enrique Murciano como Carlos Baralt
Larry Clarke como Brian Andersen
Charlie Hall como Craig Cignarelli
Michael Gladis como Tim Rutten
Jess Weixler como Jill Lansing
Intitulado "O Caso dos Irmãos Menendez", o segundo documentário é dirigido por Alejandro Hartmann e procura oferecer aos espectadores mais informações inéditas e uma visão mais apurada das circunstâncias que levaram a desfecho tão inesperado e cruel, inclusive com depoimentos dos próprios assassinos. A duração é de 1h58.
Obviamente que casos atrozes parecidos ocorrem nos mais diversos lugares do mundo, mas convenhamos, nunca com tamanha frequência como nos Estados Unidos, onde a cultura do apego às armas e manutenção do maldito racismo ainda imperam como questão de honra. No Brasil, um caso deplorável de parricídio ocorreu em 2002 em São Paulo, quando a jovem Suzane Von Richthofen, ajudou seu namorado e o irmão deste a matar os seus pais, um crime que abalou o país. Ao contrário dos irmãos Menendez que foram condenados à prisão perpétua, a Suzane já cumpriu parte da pena de 39 anos (20 anos) e encontra-se atualmente em liberdade após progressão ao regime aberto.
É impressionante como são complexas essas histórias de crimes violentos, com minúcias expostas ao público que não nos permitem ter absoluta certeza dos fatos, já que muitas são as versões criadas por advogados espertos e ardilosos. Por isso é importante assistir a ambos os filmes com bastante atenção aos detalhes, fazendo uma profunda reflexão para tentar descobrir a verdade dos acontecimentos e a verdadeira cara dos personagens.
Um grande abraço espinosense.
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