A quem interessar, abomino veementemente o ódio, a ganância, a arrogância, a hipocrisia, a mentira, a violência, a tortura, a guerra. E uma frase famosa, atribuída ao piloto alemão Erich Hartmann, traz-me a definição mais acertada sobre essa insanidade constantemente cometida por alguns poderosos e desalmados seres humanos: "A guerra é um lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam entre si, por decisão de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam". De tempos em tempos, dirigentes radicais e belicosos levam os seus países para o campo de batalha por questões políticas, religiosas ou econômicas, levando pavor, sofrimento, destruição e morte a inocentes que nem se envolveram no imbróglio. Morrem violentamente idosos, crianças, jovens, adultos, sem a menor piedade. Outros milhões têm que abandonar suas casas e suas formas de sustento para fugir em condições precárias, sofrendo as agruras da fuga e as hostilidades dos xenófobos. Uma tristeza, uma dor enorme no coração.
De situação semelhante, elevou-se aos céus há algum tempo a força da arte e da poesia, em protesto contra tamanha barbaridade cometida pelos humanos, ou desumanos. Diante do rastro de horror, sofrimento e desespero que viveram as populações das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, quando as bombas atômicas apelidadas sarcasticamente de "Fat Man" e "Little Boy" destruíram as cidades e causaram mortes e ferimentos em milhões de pessoas inocentes, o poetinha Vinícius de Moraes escreveu o tocante poema "Rosa de Hiroshima", posteriormente musicado de forma brilhante pelo Gerson Conrad do grupo "Secos e Molhados", liderado pelo prodigioso cantor e showman Ney Matogrosso.
Contra a insanidade da guerra, basta refletir sobre os ensinamentos de Jesus Cristo de Amor, Paz e Harmonia. Quanto ao Ney e seu talento extraordinário, só existem elogios de quem convive com ele, dizendo da sua imensa dignidade, honradez e lealdade. Ney Matogrosso, nascido Ney de Souza Pereira em 1º de agosto de 1941 na pequena Bela Vista (MS), revolucionou a música brasileira com sua participação fugaz e fulminante à frente da banda "Secos e Molhados" em 1973/74, também integrada por Gerson Conrad e João Ricardo. Imediatamente após deixar a banda, Ney continuou a fazer estrondoso sucesso com seus 25 álbuns de estúdio e mais outros gravados ao vivo, em milhares de apresentações por todo o mundo, confirmando seu talento e sua capacidade extraordinária de interpretar canções com sua voz magnificamente privilegiada. Aos 82 anos de idade, Ney continua inteiro, verdadeiro e ativo, levando música de qualidade para onde quer que vá.
Em breve teremos a oportunidade de ver a sua história de vida retratada nas telas de cinema, com a estreia da sua cinebiografia intitulada "Homem Com H", protagonizada pelo ator Jesuíta Barbosa. Outras personalidades ligadas a Ney serão interpretadas pelos atores Jullio Reis (Cazuza), Bruno Montaleone (Marco de Maria, seu companheiro por 13 anos), Hermila Guedes (Beita, sua mãe), Mauro Soares (João Ricardo, parceiro de Secos & Molhados) e Jef Lyrio (Gerson Conrad, o outro parceiro de Secos & Molhados).
Saúde, paz, luz e ventura, Ney! E um incomplacente, implacável e ruidoso NÃO à guerra e aos bárbaros, belicosos e beligerantes!
Um grande abraço espinosense.
ROSA DE HIROSHIMA
Vinícius de Moraes e Gerson Conrad
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
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