E a Copa do Mundo do homofóbico, machista, retrógrado, sóbrio e injusto socialmente Catar chegou ao fim. Um lugar super moderno e estranho, onde sobram dinheiro e tecnologia, mas onde as mulheres são obrigadas a cobrir totalmente o corpo, onde é proibido demonstrar carinho a outro ser humano em público e onde não se pode tomar nem uma cervejinha nas ruas. Após os 63 jogos disputados nas fases de grupo, de oitavas de final, de quartas de final, de semifinais e na decisão do terceiro lugar, eis que finalmente chegava a hora da grande decisão do maior espetáculo do planeta futebol de seleções. Com o aperitivo da disputa do terceiro lugar disputada na véspera, a esperada final da Copa concentrou a atenção de milhões de aficionados por futebol no mundo inteiro, aguardando a anunciação do premiado vencedor no início da tarde deste domingo.
Ontem, no sábado, 17 de dezembro de 2022, às 12 horas do Brasil, no Estádio Internacional Khalifa, Croácia e Marrocos entraram no gramado para lutarem a sua última batalha no torneio, em busca do consolo da terceira melhor posição na Copa do Mundo FIFA 2022. E a partida começou em ritmo avassalador, com dois gols antes dos 10 minutos jogados. A Croácia abriu o placar logo aos 6 minutos, com um gol do jovem e ótimo zagueiro Josko Gvardiol (camisa 20), após bela jogada ensaiada. Dois minutos depois o Marrocos empatou a partida, com um gol também de cabeça do Achraf Dari (camisa 20). O jogo continuou movimentado, com boas chances de lado a lado. O goleiro Yassine Bounou "Bono" (camisa 1) quase entregou a rapadura, com um chute torto que quase entrou em sua própria meta, resultando em escanteio, mas se recuperou e adiante no jogo fez belas defesas. A Croácia passou à frente do placar com bela finalização de Mislav Orsic (camisa 18). O valoroso time marroquino ainda tentou a todo custo o empate, mas a saída de jogadores lesionados e o cansaço atrapalharam o sonho de alcançar a vitória. Marrocos perdeu, mas deixou o Catar com a glória de ter entrado na história das Copas como o primeiro time africano a chegar às semifinais, mostrando um futebol eficiente, coeso e competitivo que surpreendeu o mundo. Com a vitória por 2 x 1 sobre o Marrocos, a Croácia conquistou a terceira colocação, uma posição muitíssimo honrosa, e retornará para casa orgulhosa do seu desempenho e trajetória entre os gigantes do futebol mundial.
Para iniciar o show de encerramento da Copa, uma interpretação, por uma cantora vestida de branco, da canção composta por Bob Thiele, George Douglas e George Weiss que se eternizou na voz de Louis Armstrong, "A Wonderful World". Em seguida, luzes, cores, músicas e coreografias preencheram o estádio lotado até que a bola rolasse e colocasse fim à primeira Copa realizada no deserto.
Às 16 horas, horário de Brasília, no Estádio Lusail, era a hora do espetáculo final. Com toda a ansiedade dos milhões de torcedores espalhados pelo mundo inteiro, deu-se início ao protocolo e à cerimônia de abertura da partida, com a réplica gigante da taça sendo carregada para o centro do gramado, assim como os gigantescos símbolos da Argentina e França, as bandeiras da FIFA, da campanha social, dos países finalistas em tamanho menor e os painéis com os nomes da competição e local. Logo em seguida, clicados por centenas de profissionais da imprensa e sob disparos de canhões de luzes, chamas e fumaça, a equipe de arbitragem, as crianças e os selecionados finalistas entraram em campo para a execução dos hinos nacionais. Terminada a cerimônia que se repetiu pela última vez neste domingo, a contagem regressiva deu lugar ao toque inicial e ao início da partida em que todos os 32 participantes sonharam jogar.
E a decisão começou tensa, com muitas faltas e provocações entre os jogadores e, é claro, muita atenção e marcação cerrada. Nesta partida, o francês Hugo Lloris (camisa 1) se tornou o goleiro com mais jogos disputados em Copas do Mundo: 20. Ele participou das quatro últimas Copas, 2010, 2014, 2018 e 2022, superando os colegas Neuer (19 jogos), Maier e Taffarel (18 jogos) e Casillas, Zoff, Barthez e Shilton (17 jogos).
Aos 22 minutos, com um pênalti meio "mandrake" marcado pelo árbitro, o gênio e artilheiro da Copa Lionel Messi (camisa 10) bateu com a costumeira categoria e colocou a Argentina na vantagem do marcador., para delírio dos torcedores argentinos presentes no estádio, na Argentina e no mundo todo. Com este gol, o cracaço argentino se iguala a Pelé, com 12 gols marcados em Copas, ficando atrás apenas de Klose (16 gols), Ronaldo (15), Gerd Mueller (14) e Just Fontaine (13). Aos 35 minutos, após troca rápida e certeira de passes, a Argentina marcou o seu segundo gol, através de Ángel Di Maria (camisa 11). A França estava em maus lençóis, perdendo por 2 x 0 ainda no primeiro tempo e sendo dominada pela Argentina. A única alternativa para a França era voltar com tudo na segunda etapa, em busca de uma reviravolta épica e pouco provável. Mas estava difícil, com Kylian Mbappé (camisa 10) completamente anulado. Mas aos 34 minutos, um alento, com a marcação de um pênalti sobre Randal Kolo Muani (camisa 12). O artilheiro Mbappé bateu no cantinho e recolocou a França no jogo. E logo depois, a ressurreição francesa aconteceu. O mesmo Mbappé pegou de primeira um passe aéreo de Marcus Thuram (camisa 26) e marcou um golaço, decretando o empate na partida e o silenciamento da animada e barulhenta torcida argentina. E a França acordou, passando a sufocar a Argentina em busca da vitória ainda no tempo regulamentar. Mas Messi fez o goleiro Lloris fazer milagre, com uma defesa espetacular em um chutaço do camisa 10 de fora da área, nos acréscimos. Sem mais gols, veio a prorrogação. Cansaço, tensão, nervosismo, emoção, até que brilhou a estrela do gênio. Messi completou uma defesa do goleiro adversário com um leve toque de perna direita e marcou para a Argentina, 3 x 2. Vitória garantida, jogo encerrado? Que nada! Outro gênio da bola, Mbappé, deixou tudo igual de novo no placar, batendo pênalti com classe e tranquilidade. Já nos acréscimos do tempo extra, foi a vez de Emiliano Martínez (camisa 23) fazer outro verdadeiro milagre, ao defender espetacularmente um chute de Randal Kolo Muani (camisa 12) à queima-roupa. E a decisão foi para os pênaltis! A França começou com Mbappé marcando. Messi converteu. Coman bateu para a defesa do goleirão Martínez. Dybala bateu no centro do gol e marcou. Tchouameni chutou para fora. Paredes converteu sua cobrança. Kolo Muani cobrou forte e marcou. Montiel foi para a bola e balançou as redes. Estava decidida a Copa, a Argentina de Messi é a grande Campeã do Mundo da FIFA!
A Argentina, na sua 18ª participação e 6ª final em Copas do Mundo, conquista o seu terceiro título, (1978, 1986 e 2022), fazendo justiça a um dos maiores gênios do futebol mundial, o craque Lionel Messi. Ninguém mais do que ele, merece esta conquista! Viva Messi! E parabéns à França e ao Mbappé, craque que ainda encantará muitas vezes o amante do futebol.
ARGENTINA 3 (4)X 3 (2) FRANÇA
Motivo: Partida final da Copa do Mundo de Seleções FIFA 2022
Data: 18 de dezembro de 2022, Domingo, 12 horas de Brasília
Local: Estádio Lusail, Catar
Arbitragem: Szymon Marciniak (Árbitro), Pawel Sokolnicki (Assistente), Tomasz Listkiewicz (Assistente) e Ismail Elfath (Quarto Árbitro)
Gols:Messi, aos 22 min. do 1º tempo, de pênalti, Di Maria, aos 35 min. do 1º tempo, Messi, no 2º tempo extra (Argentina), Mbappé aos 34 e 36 min. do 2º tempo, Mbappé no 2º tempo extra, de pênalti (França)
Cartões amarelos: Enzo Fernández, Marcos Acuña, Leandro Paredes, Gonzalo Montiel (Argentina), Adrien Rabiot, Marcus Thuram, Olivier Giroud (França)
ARGENTINA: Emiliano Martínez (23); Nahuel Molina (26) (Gonzalo Montiel-4), Cristian Romero (13), Nicolás Otamendi (19) e Nicolás Tagliafico (3) (Paulo Dybala-21); Rodrigo De Paul (7) (Leandro Paredes-5), Enzo Fernández (24), Alexis Mac Allister (20) (Gastón Pezzella-6) e Lionel Messi (10), Julián Álvarez (9) (Lautaro Martínez-22) e Ángel Di Maria (11) (Marcos Acuña-8)
Treinador: Lionel Scaloni
FRANÇA: Hugo Lloris (1); Jules Koundé (5) (Axel Disasi-3), Raphaël Varane (4) (Ibrahima Konaté-24), Dayot Upamecano (18) e Théo Hernandez (22) (Eduardo Camavinga-25); Aurélien Tchouameni (8), Adrien Rabiot (14) (Youssouf Fofana-13) e Antoine Griezmann (7) (Kingsley Coman-20); Ousmane Dembélé (11) (Randal Kolo Muani-12), Kylian Mbappé (10) e Olivier Giroud (9) (Marcus Thuram-26)
Treinador: Didier Deschamps
Artilheiros da Copa:
Kylian Mbappé (França) - 8 gols
Lionel Messi (Argentina) - 7 gols
Julián Álvarez (Argentina) - 4 gols
Olivier Giroud (França) - 4 gols
Enner Valencia (Equador) - 3 gols
Richarlison (Brasil) - 3 gols
Álvaro Morata (Espanha) - 3 gols
Gonçalo Ramos (Portugal) - 3 gols
Cody Gakpo (Holanda) - 3 gols
Bukayo Saka (Inglaterra) - 3 gols
Marcus Rashford (Inglaterra) - 3 gols
Melhor jogador jovem: Enzo Fernández (Argentina)
Melhor goleiro: Emiliano Martínez (Argentina)
Melhor jogador: Lionel Messi (Argentina)
Dois cracaços de bola |
Terminada mais uma Copa do Mundo, infelizmente sem uma conquista brasileira, é tempo de os responsáveis pelo futebol brasileiro, os poderosos homens da CBF, reunirem-se, exercitarem a humildade, discutirem os processos utilizados e realizarem uma ampla autocrítica, na tentativa de descobrirem eventuais equívocos cometidos para que estes sejam sanados o quanto antes. Talvez um desses erros seja o não enfrentamento às equipes europeias de maior poder técnico durante a preparação para a Copa do Mundo. Jogadores de excelente qualidade, temos em grande número. Treinadores competentes, também temos em boa quantidade. Com poucas trocas de jogadores na Seleção Brasileira, com a aposentadoria dos mais antigos, casos de Daniel Alves, Weverton, Everton Ribeiro e Thiago Silva, teremos certamente em 2026 as presenças do craque Neymar e de outros imprescindíveis e experientes jogadores que ainda tem idade para jogar mais um torneio mundial, como Marquinhos, Casemiro e Alisson, e essa safra de excelentes jovens jogadores, caso de Rodrygo, Vinícius Júnior, Pedro, Lucas Paquetá, Bruno Guimarães, Antony, Richarlison, Gabriel Jesus, Gabriel Martinelli e Raphinha. O futebol é como política e vestibular, quando a gente ganha, comemoramos com toda alegria; quando a gente perde, aceitamos a derrota, engolimos a tristeza, enxugamos as lágrimas e seguimos adiante na busca de uma preparação melhor para a próxima batalha, sem desânimo e pranteio. É o que fazem os gigantes, os éticos, os vencedores. Então, 2026, aí vamos nós em busca do hexa mais uma vez!
Um grande abraço espinosense.
Um comentário:
Excelente texto Mestre das letras Taquinho! Parabéns pelo olhar clínico desse evento!
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