Espinosa, meu éden

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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

3069 - MPB em lágrimas, morreu a diva Gal Costa

A notícia é avassaladoramente triste para quem ama a música, como eu. Morreu a estrela, diva, musa, deusa, ícone e notável Maria da Graça Costa Penna Burgos, a Gal Costa dos cabelos encaracolados, da beleza original, do espírito inquieto, da voz cristalina, dos muitos sucessos, das performances pulsantes, inspiradas, emocionantes e inesquecíveis. 
Nascida aos 26 de setembro de 1945, na cidade de Salvador, na Bahia, a bela morena tornou-se conhecida nacionalmente ao se tornar a musa da Tropicália, apresentando-se ao lado dos também talentosos e maravilhosos baianos Bethânia, Gil e Caetano. Gal cantou divinamente todos os sons, encantou plateias pelo mundo inteiro e agora tornou-se encantada, subindo aos céus para enfim encantar a Deus face a face.



A voz bela, gostosa, afinadíssima e divina de uma das rainhas da MPB esteve sempre presente na minha vida. Fez-me apreciar e mergulhar na Tropicália, cantando "Baby", de Caetano Veloso. Foi trilha sonora dos meus mais inesquecíveis carnavais da minha Espinosa com a "Festa no Interior", de Abel Silva e Moraes Moreira; "Balancê", de João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro; "Bloco Do Prazer", de Fausto Nilo e Moraes Moreira; e "Massa Real", de Caetano Veloso. Acompanhou minhas primeiras descobertas amorosas com "Sua Estupidez", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; "Chuva de Prata", de Ronaldo Bastos e Ed Wilson; "Sorte", de Ronaldo Bastos e Celso Fonseca; e "Meu Bem, Meu Mal", de Caetano Veloso. Deixou-me profundamente emocionado com "Mãe", de Caetano Veloso; "Estrada Do Sol", de Tom Jobim e Dolores Duran; e "Força Estranha", também de Caetano Veloso. Abriu minha mente com o "Vapor Barato", de Waly Salomão e Jards Macalé; "Vaca Profana", de Caetano Veloso; e "Juventude Transviada", de Luiz Melodia. Foi importante na minha evolução com "Podres Poderes" de Caetano Veloso; "Solar", de Fernando Brant e Milton Nascimento; e "Luz do Sol", de Caetano Veloso.
Cantou de tudo um pouco, Samba, Rock, Axé, Balada, Baião, Xaxado, Blues, MPB, Bossa Nova, música estrangeira, sem nunca desafinar. Gravou os mestres e os jovens compositores da rica Música Popular Brasileira, Lupicínio Rodrigues, Jair Amorim e Evaldo Gouveia, Herivelto Martins, Noel Rosa, Cartola (Angenor de Oliveira), Chico Buarque, Moraes Moreira, Gilberto Gil, Rita Lee, Djavan, Hyldon, Herbert Vianna, Adriana Calcanhotto, Tim Bernardes, Nando Reis, Guilherme Arantes, Mallu Magalhães, Moreno Veloso,  Vander Lee etc. Homenageou em álbuns, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Caetano Veloso e Tom Jobim. 



A intérprete formidável de voz divina construiu uma carreira bem-sucedida por mais de seis décadas, conquistando novos admiradores sem nunca se deixar render ou abdicar de suas convicções sociais e políticas. Posicionou-se sempre e firmemente contra a ditadura, a violência e o autoritarismo, mostrando o corpo sem neuras, gravando canções críticas a poderosos e cantando e vivendo o amor, mas mantendo seus relacionamentos sob a mais profunda discrição. Gal viveu a vida em plenitude, sem fazer concessões, sem estardalhaço. O filho adotivo Gabriel só lhe fez ainda mais feliz, acolhido quando ela já tinha 60 anos.  



Gal é divina, maravilhosa, plural, estratosférica. Agora é estrela na Terra e também no Céu! Enquanto escrevo de olhos cheios de lágrimas, só tenho a agradecer à linda e sublime Gal Costa pelas mais prazerosas emoções proporcionadas pelo seu canto magnífico e tocante. Tive a honra e o privilégio de vê-la e ouvi-la, ao vivo, em um show no Circo da Unimontes, há muitos anos atrás aqui em Montes Claros. Foi uma dádiva! Inesquecível! Continuarei ouvindo a voz da Gal, com imenso prazer! 
Assim como viveu em paz, que ela descanse em paz! Gratidão por tudo, Gal! 
"É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte" (Caetano Veloso e Gilberto Gil).
Um grande abraço espinosense. 


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