O grande compositor maranhense que tanto gosto, Zeca Baleiro, acertou em cheio quanto à minha condição sentimental nesses tempos difíceis: "Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar". E como é bom e prazeroso refutar aquela velha história de que "homem não chora", que nos era empurrada goela abaixo nos tempos antigos pelos nossos familiares machistas! Mal sabem eles que chorar de alegria e de emoção é tão bom e reconfortante!
A frágil e incompreendida Maudie me fez chorar. Sua história de sofrimento, abandono e amor à arte me cativaram de tal maneira que as lágrimas escorreram serenas, mas abundantes, dos meus olhos cansados de ver tanta injustiça e canalhice nesse mundo terreno dotado de tanta beleza pelo Criador.
Se você ainda não conhece a Maudie e sua belíssima história de vida, está na hora de conhecê-la. E se emocionar com ela. Sua história de vida e morte está contada no filme "Maudie", uma produção irlandesa e canadense de 2016, roteirizada por Sherry White e dirigida por Aisling Walsh, e que está disponível na Netflix. Os protagonistas, Sally Hawkins, como Maud Lewis; e Ethan Hawke, como Everett Lewis; dão um show de interpretação com imensa sensibilidade. Kari Matchett, como Sandra; Gabrielle Rose, como Tia Ida; e Zachary Bennett, como o amigo Charles Dowley, complementam os principais personagens da trama.
O filme traz um roteiro bastante improvável, mas baseada em uma história verdadeira. Uma história de amor entre duas figuras completamente diferentes, antagônicas, desiguais, tanto nos corpos quanto nas mentes. Maud é uma moça inteligente e de lingua afiada que não aceita que lhe aprisionem as ideias. Com um problema grave de saúde, uma artrite reumatoide, ela decide se virar sozinha após não se entender com sua tia, a quem lhe foi confiada a criação. Aproveita uma chance de emprego como empregada doméstica de um sujeito durão, bruto e solitário, o pescador Everett Lewis, ele também abandonado pela família. As personalidades tão diferentes serão colocadas à prova em inúmeras situações cotidianas até que o amor e a arte da pintura vão vencendo sutil e vagarosamente as terríveis ignorância e estupidez. Se na história se apresenta de um lado negativo o parente canalha e aproveitador, do outro surge também a pessoa abençoada e de coração bondoso que apoia e enaltece o talento da mocinha, abrindo caminho para que ela possa se expressar livremente e conquistar a Liberdade e o Amor tão almejados. Assim deveria ser sempre, o Amor vencendo a tudo e a todos!
Se eu der mais detalhes sosbre o filme, terei cometido um crime cinematográfico imperdoável, o de tirar do espectador apaixonado por boas histórias, a beleza e o prazer da descoberta.
Como apreciador inveterado de filmes baseados em históricas verídicas, sou suspeito para fazer esta indicação, mas não deixem de ver, pois a narrativa é por demais linda e emocionante. E a atuação de Sally Hawkins é magnífica!
Um grande abraço espinosense.
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