2062 - Dia de homenagear os médicos

Mesmo discordando, tenho que aceitar a nossa cultura de se se homenagear as pessoas em um único dia, determinado por sabe-se lá quem. Na minha cabeça dura, todo dia é dia de refletir e reconhecer o valor dos seres humanos, sejam eles de quaisquer profissões ou afazeres. Assim é que hoje os homenageados são os médicos, esses seres de bom coração que se desdobram para cuidar dos enfermos com carinho, respeito e dedicação, sempre seguindo o juramento firmado quando das suas formaturas: "Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário". Esta é a versão da UFMG para o juramento de Hipócrates, considerado o Pai da Medicina Ocidental, mais moderna e enxuta. Diz-se que a data de se homenagear os médicos tem a ver com o dia consagrado a São Lucas, que segundo o apóstolo Paulo, teria estudado Medicina, além de ser pintor, músico e historiador.

Doutor Dorivaldo Dantas com seu filho George

Reafirmo que o meu maior exemplo de exercício digno e humano da Medicina vem de Urandi, nossa cidade-irmã. Foi lá que viveu o Doutor Dantas, figura modelar de profissional da Medicina, por quem tenho o maior respeito e consideração, mesmo que ele já não esteja entre nós. O Doutor Dorivaldo Dantas, nascido em 3 de dezembro de 1918, se formou na Faculdade de Medicina da Bahia no ano de 1944, em Pediatria. Poderia ter ido ficar rico na capital, mas escolheu cuidar da gente do seu Sertão Baiano, espalhando amor e caridade. Casou-se com a professora Dona Edith, com quem gerou quatro filhos: a Nádia, professora; o Roberto e o George, advogados, e o Fred, músico de extremo talento. Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho digno e caridoso, em total harmonia com todos ao redor, aposentou-se como médico do SUS, ganhando uma diminuta remuneração. Doutor Dantas é lembrado por gente de toda a região pela sua brilhante competência profissional e pelo gigante altruísmo, atendendo a todos sem distinção, mesmo àqueles que não podiam pagar pelos seus serviços. Tive a felicidade de ter sido um dia atendido por ele, bem criança, levado pela minha mãe.   

Espinosa tem a sorte e o orgulho de ser uma cidade pródiga em "fabricar" médicos. São dezenas, sei lá, centenas. Todos de inegável talento, dedicação e capacidade profissional. Cometeria eu uma heresia se nominasse alguns e me esquecesse de outros. Não o farei. Mas para homenageá-los a todos, escolhi uma profissional de inegável abnegação na profissão, de indiscutível vocação para o cuidado das pessoas, de um coração amplamente dedicado ao amor, que cuidou dos meus dois filhos e por quem tenho um imenso carinho, respeito e estima. Todo o meu enorme apreço e admiração pela Doutora Maria Coeli Tolentino Mourão Gonçalves. E mais o meu muito obrigado por tudo!

Ao lhe prestar essa ínfima láurea, quero parabenizar e enaltecer a todos os profissionais da Medicina que nasceram ou trabalharam em nossa Espinosa. Que Deus continue a abençoá-los e a mantê-los sempre no caminho da humanidade, do respeito e do carinho para com os seus pacientes.

Um grande abraço espinosense.