Recebi, dias atrás, um e-mail de Bruno Augusto Oliveira Cruz, advogado, atleticano, filho dos amigos Zé Conset e Carleuza. Era uma crônica brilhantemente escrita por Sílvia Tibo, filha de Dr. Juraci Barbosa Lima e Leninha, falando de amor e da imensa saudade que sentia da presença da mãe dela, que não está mais entre nós.
Li, emocionado, e diante de tanta beleza de texto e sentimentos, peço humildemente à Sílvia que permita-me aqui publicá-la para que toda a comunidade espinosense possa se inteirar da beleza do amor infinito exposto em suas sábias palavras.
A MEDIDA DO AMOR
Sílvia Tibo
Sempre acreditei que “é preciso amar as pessoas como se não
houvesse amanhã”. E, seguindo esse lema, tenho procurado saborear intensamente
os momentos em que a vida me concede a alegria e a graça de estar entre aqueles
que mais amo.
Nos últimos finais de semana, a vida resolveu ser generosa comigo,
presenteando-me com a oportunidade de estar, ainda que por poucas horas, em
companhia de pessoas queridas, com as quais, por motivos alheios à minha
vontade, acabo convivendo pouco, mas que nem por isso deixam de ocupar a maior
parte do meu coração.
São avós, tios, primos. E filhos dos primos. E esposas e maridos
dos primos. Tudo junto, misturado, em pacotinhos cuidadosamente elaborados, com
lindas e boas doses de alegria, sorrisos, brincadeiras, gargalhadas, beijos e
abraços apertados.
Volta e meia, me pego imaginando como seria bom tê-los por mais
tempo e mais perto. Como quando
éramos mais jovens e morávamos todos na mesma cidade. Época, aliás, em que
muitos deles (os hoje menorzinhos) sequer haviam chegado. Eram ainda sonhos,
projetos, que só viriam (e vieram) colorir nossas vidas alguns anos mais tarde.
Desde que saí de casa, já há uns bons anos, passei tempos buscando
meios de trazer ao menos parte dessas pessoas tão queridas para perto de mim.
Torcia, por exemplo, para que meus pais tomassem gosto pela vida da cidade grande
e se mudassem de vez para um cantinho aqui nas minhas imediações. Pensava que a
vida era curta e que não bastava “amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.
Era preciso, também, estar perto delas.
Quão ingênua eu era. E egoísta também.
Pra mim, nessa época, amor era sinônimo de contato físico, de
proximidade de corpos. Queria e precisava desses corpos amados bem ali, juntinho
de mim. Imatura e ansiosa, mal sabia que o que mais interessa nessa história
toda é a proximidade de corações. E os laços invisíveis (mas intensos e
verdadeiros) que existem entre eles.
Parafraseando Carla Dias, assim que minha mãe “se foi”, senti que
o amor ganhou outra e nova conotação em minha vida. Há tempos não a vejo, não
sinto sua pele, seu cheirinho, nem ouço sua voz, sempre doce. Mas o fato é que a
amo cada vez mais. Amo-a com os
defeitos e as qualidades que tinha. E não só pelo que foi ou fez, mas pelo que é
e representa agora na minha vida.
Justo eu, que acreditava já tê-la amado no maior nível possível e
imaginável.
Que boba eu fui. Não sabia que a medida do amor é a mesma da
saudade. E que se o peso da ausência física não se desfaz com o passar do tempo,
ao menos se ameniza através das boas recordações.
Entre esses pesos e medidas, no final das contas, o que são alguns
quilômetros ou horas de voo, carro ou avião? Ou o que é (até mesmo) a tênue
linha existente entre a vida e a morte?
A verdade, lá no fundo, é que distâncias e separações momentâneas
de corpos físicos nada (ou pouco) significam para corações e espíritos que se
sentem e se veem eternamente emaranhados, na lembrança das alegrias
compartilhadas e na expectativa dos futuros reencontros.
Obrigado à Sílvia pelo texto luminoso e belíssimo, que eu gostaria de ter capacidade de escrever, tamanha a similaridade de pensamento. Parabéns e felicidades.
Um grande abraço espinosense.
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