Espinosa, meu éden

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

3948 - Brigitte Bardot, a estrela se vai

Quem aprecia a sétima arte, certamente estará triste, com a notícia do falecimento, aos 91 anos, da atriz, modelo e ativista francesa Brigitte Anne-Marie Bardot. A linda e voluptuosa mulher que encantou o mundo nas telas dos cinemas, sobretudo nos anos 50 e 60, nasceu em Paris, no dia 28 de setembro de 1934. Formou-se em balé clássico no Conservatório Nacional de Música e Dança. Por sua beleza estonteante, já aos 15 anos aparecia como modelo em capas de revistas famosas, estampando em 1949 a capa da prestigiada revista Elle. Ao estrear nas telas em 1952, no filme "A Garota do Biquíni", começou a chamar a atenção do público. A explosão da fama mundial viria quatro anos depois, em 1956, quando sua atuação de protagonista no filme "E Deus Criou a Mulher", dirigido por seu então marido, Roger Vadim, encantou a todos, transformando-a rapidamente em um dos maiores ícones do cinema francês e um dos mais famosos símbolos sexuais do planeta. Contribuíram para isto a sensualidade, a sedução, a desinibição, a liberdade sexual, a quebra de tabus e a atitude feminista da atriz, gravada em cenas picantes que causaram até censura à produção em Hollywood por confrontar frontalmente os códigos morais da época. Protagonizou outras produções de sucesso como "Babette Vai à Guerra" (1959), "A Verdade" (1960) e "O Desprezo" (1963), atuando com charme, desenvoltura e sensualidade em mais de 40 filmes, angariando aplausos e admiração ao mesmo tempo em que atraía ódio e críticas por desafiar padrões conservadores da arcaica sociedade de então, como não permitir relações inter-raciais e relações sexuais fora do casamento, um atraso social tremendo.



Aventurou-se também na carreira de cantora, gravando cerca de 70 músicas, na maioria canções de amor. Surpreendentemente em 1973, aos 39 anos e no auge da fama, ela fez o anúncio bombástico de que estava largando a carreira artística por conta do cansaço e do assédio sufocante da mídia, iniciando uma cruzada em defesa dos direitos dos animais. Toda essa história foi contada em seu livro "Lágrimas de Combate", lançado em 2018.
Na movimentada vida amorosa, a atriz casou-se quatro vezes, com Roger Vadim (1952–1957), Jacques Charrier (1959–1962), Gunter Sachs (1966–1969) e Bernard d’Ormale, seu marido desde 1992.  Teve um único filho, com Jacques Charrier, em 1960, batizado de Nicolas-Jacques. Também teve relações amorosas com Serge Gainsbourg e Warren Beatty.



Convidada pelo então namorado, o ex-jogador de basquete do Flamengo, o franco-marroquino-brasileiro Bob Zagury, Bardot veio passear no Rio de Janeiro em 1964. Mas atormentada pelo batalhão de jornalistas e fotógrafos que não lhe davam sossego, foi levada pelo namorado para a pequena, pacata e sossegada vila de pescadores em Armação dos Búzios, ainda um desconhecido distrito de Cabo Frio, onde permaneceu tranquila e sem ser incomodada por cerca de quatro meses, convivendo harmoniosamente com a população local. Apaixonada pelo belíssimo lugar, voltou no final do ano para passar o Réveillon, mas aí tudo foi diferente, com os paparazzi não lhe dando sossego. Nunca mais voltou, mas sua curta presença provocou um fenômeno de projeção nacional e internacional da então incógnita vila de pescadores. Búzios se transformou rapidamente em um dos mais chiques e prestigiados destinos turísticos do mundo. Em reconhecimento, a localidade instalou uma estátua sua à beira da praia e batizou de Orla Bardot sua área principal.



Brigitte Bardot também influenciou enormemente para que outra localidade pacata e linda, o vilarejo de pescadores no sul da França chamado Saint Tropez, transformasse, após sua chegada, em um dos mais caros e sofisticados destinos turísticos do planeta, apreciado pelos bilionários e celebridades do show business. O lugar foi tema da canção "San Tropez" da banda inglesa Pink Floyd, incluída no álbum "Meddle", de 1971. Lá, a atriz viveu a maior parte da vida, desde 1958, na La Madrague, uma bela casa, confortável e sem nada de luxo, com vista para o mar na Riviera Francesa.
Brigitte Bardot leiloou suas joias e pertences de alto valor para fundar, em 1986, a Fundação Brigitte Bardot, que iria lutar na defesa e proteção dos animais. BB, como era carinhosamente chamada na França, se tornou vegetariana e se envolveu com entusiasmo em várias campanhas, entre elas uma contra o abate anual de focas no Canadá, outra contra as touradas na Espanha e mais uma em favor da castração de cães de rua na Romênia.  
Nem tudo, entretanto, foi glória e prazer na vida da famosa beldade. Seu relacionamento com o único filho nunca foi tranquilo e amoroso. Ela, que confessou não ter condições emocionais para ser mãe, afirmou em determinado momento que preferia ter parido um cachorrinho ao invés do filho. Já idosa, frequentou tribunais e foi multada por fazer comentários preconceituosos e controversos sobre os homossexuais e os imigrantes, especialmente os muçulmanos, o que resultou em várias condenações na Justiça por incitação ao ódio racial. Se não bastasse esse posicionamento arcaico, intolerante, radical e lamentável, ela se posicionou favorável à líder de extrema-direita francesa, Marine Le Pen.



Brigitte se notabilizou no cinema por pouco tempo, mas manteve sua fama até o fim da vida, utilizando seu tempo e energia para lutar em defesa dos animais, o que é digno de elogios e reconhecimento. Também, como todo ser humano, tomou atitudes questionáveis e mereceu críticas. Como algumas pessoas que vivem bastante, ela envelheceu mal, tornando-se uma pessoa ressentida, intolerante e reacionária, o que é uma pena. E Deus, que criou a mulher, saberá julgá-la com misericórdia no Juízo Final. Que receba o perdão pelos seus pecados e que descanse na mais completa paz!
Um  grande abraço espinosense.

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