Espinosa, meu éden

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domingo, 14 de setembro de 2025

3851 - O "Bruxo" Hermeto Paschoal foi fazer música no Céu

Silenciou-se momentaneamente "O Bruxo". Mas seus incríveis sons criados com as mais variadas e inusitadas coisas deste mundo permanecerão eternos e influenciando pessoas por todo o planeta. Morreu, aos 89 anos, o alagoano de Lagoa da Canoa, à época distrito de Arapiraca, Hermeto Pascoal. O virtuoso músico multi-instrumentista, compositor e arranjador, nascido aos 22 de junho de 1936 no seio de família do Sertão Nordestino, por ser poupado do trabalho na roça sob o Sol escaldante pela condição de albino, utilizou-se do tempo para aprender a tocar o acordeão de seu pai, descobrindo-se um apaixonado pela música. Ouvinte atento dos sons da Natureza, conseguiu então captar a essência sonora de tudo quanto ao seu redor, desde os cantos dos pássaros até o zumbido de uma chaleira no fogo. Aos 14 anos de idade, mudou-se com a família para a capital pernambucana, Recife, onde se aperfeiçoou na arte de tocar instrumentos. Em 1954, casou-se com Ilza da Silva, com quem viveu 46 anos e teve seis filhos: Jorge, Fábio, Flávia, Fátima, Fabíula e Flávio. Dali voou para o mundo, indo morar e tentar a carreira musical nas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo. Tocou em inúmeros lugares, integrou vários grupos musicais, gravou e arranjou discos e viajou pelo mundo mostrando sua arte e a rica música brasileira de alcance universal. Tocou e virou ídolo do grande artista norte-americano Miles Davis e eternizou a apresentação da cantora Elis Regina no Festival de Montreux, na Suíça, em 1979.



Pascoal conseguiu reconhecimento mundial pela sua incrível capacidade de criar música de extrema qualidade, das mais esdrúxulas maneiras, utilizando-se de qualquer coisa disponível à mão. Foi premiado três vezes com o Grammy Latino e além de ser homenageado pelas universidades federais da Paraíba e de Alagoas, foi agraciado também com o título de Doutor Honoris Causa da prestigiosa escola de artes Juilliard de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
O artista alagoano se apresentou no Brasil pela última vez no dia 19 de junho, no famoso Circo Voador, no Rio de Janeiro. O show integrou o Mimo Festival e marcou a celebração dos 89 anos do multi-instrumentista alagoano. 



Entre tantos trabalhos realizados, com shows e discos, um álbum seu merece destaque. O disco "Pra Você, Ilza", lançado em 28 de maio de 2024, foi criado em homenagem à sua esposa, falecida no ano de 2000. Foi eleito pela APCA um dos melhores álbuns brasileiros do ano. Sua trajetória foi descrita nas páginas do livro "Quebra Tudo – A Arte Livre de Hermeto Pascoal", do jornalista paulistano Vitor Nuzzi, também autor de "Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida".
Hermeto Pascoal, carinhosamente chamado de "Campeão", com sua figura excêntrica e bem-humorada, com sua barba e cabelos brancos e longos "fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música. escutando o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira, a música universal que segue viva". Assim descreveram sua partida para o além. Hermeto deixou seis filhos, 13 netos e dez bisnetos, e uma obra gigantesca de volume e riqueza.

 

Hermeto Pascoal é um artista múltiplo e único que criou a boa música, aqueles sons que nunca poderão ser classificados em uma nomenclatura qualquer. Suas criações, que se utilizam de qualquer coisa para gerar som, estão muito acima de rótulos de gênero ou estilo, incluindo e misturando um pouco de tudo: Jazz, Samba, Chorinho, Música Popular e Erudita. Tudo é Música e constrói a Natureza.
Que descanse em paz, Campeão!
Um grande abraço espinosense.


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