Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 31 de julho de 2025

3813 - Apocalipse nos Trópicos, um raio-x das pretensões evangélicas na política

O momento conturbado por que passa o Brasil neste momento crucial da nossa frágil Democracia, com o julgamento em andamento dos criminosos que tentaram aplicar um golpe de Estado antes, durante e após as eleições presidenciais de 2022, e os absurdos ataques comerciais dos Estados Unidos da América sob a administração Donald Trump contra o Brasil, não poderia ser mais propício para que um documentário sobre a briga pelo poder seja mostrado e assistido por todos os cidadãos preocupados com o país, a nossa existência e o futuro dos nossos filhos e netos. A luta pelo poder é dura e cotidiana desde que o mundo existe. Em tempos idos, era até muito mais sangrenta, mas a atual se mostra tão cruel quanto. E as estratégias de uns para a conquista do poder seguem sendo as mais covardes, desonestas e sofisticadas.



Por longo tempo e em várias nações, a política andou de mãos dadas com a religião, sobretudo com governos atrelados à poderosa Igreja Católica de outrora. Era o tempo em que os poderosos de então conquistavam o perdão dos seus pecados com doações polpudas às igrejas. O tempo passou e a Constituição de 1988 ratificou decisão sábia desde que Ruy Barbosa redigiu o Decreto 119-A, de 07-01-1890: o Estado é laico. Ou seja, o Estado não aceita ou recebe influência religiosa alguma, sendo totalmente livre para decidir civilmente seus destinos sem intromissão de nenhuma religião. Mas tem quem pense e queira o contrário. E a exemplo do Irã, instituir aqui uma teocracia radical como a dos aiatolás. E há um processo em andamento já algum tempo com muita força, inclusive dentro da casa do povo, o Congresso, onde a bancada da Bíblia, como é chamada, alcançou número importante e decisivo de deputados e senadores. A propósito, existe no Congresso a bancada BBBB, que defende os grandes interesses econômicos do pessoal da Bíblia, da bala, do boi e agora das casas de apostas, as bets. Todos estes com grande força e influência em decisões que afetam a população inteira, quase sempre negativas, mesquinhas e prejudiciais.
Mesmo com a laicidade do Estado explicitada na Lei Maior do país, vemos constantes ataques e perseguições de radicais extremistas a religiões de origem africana e tentativas legislativas de influência religiosa em decisões civis realizadas no Congresso. Portanto, há que se manter olhos e ouvidos atentos para evitar retrocessos no progresso e evolução da nossa sociedade.



Sobre esse assunto fundamental para a sobrevivência da Democracia, está disponível, desde o dia 14 de julho no catálogo da Netflix, o documentário "Apocalipse nos Trópicos", uma produção brasileira dirigida pela Petra Costa, cineasta indicada ao Oscar em 2020 pelo seu outro excelente documentário "Democracia em Vertigem", que mostra o golpe do impeachment da Presidenta Dilma Vana Rousseff.
O filme traz depoimentos de figuras conhecidas da política brasileira como Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Messias Bolsonaro e Silas Lima Malafaia e analisa com alguma profundidade a planejada ascensão do neopentecostalismo na política brasileira com o intuito não só de acumular fortuna, mas também com foco e objetivo no controle do poder. Utilizando-se com veemência da Teologia da Prosperidade, os pastores com suas pretensões políticas fazem a cabeça dos fieis com pouco ou quase nenhum conhecimento profundo dos significados do Evangelho, tornando-se presas fáceis para serem explorados financeiramente e controlados politicamente, dando maior atenção aos bens materiais em detrimento dos valores espirituais, afastando-se dos ideais de humildade, paz e amor ao próximo ensinados por Jesus Cristo.   
Os males desta associação funesta entre religião e política suja podem já ser percebidos no nosso país nos últimos anos, principalmente durante a pandemia da Covid-19, quando a aposta de dirigentes e pastores irresponsáveis que espalhavam fake News e deturpavam fatos sobre Ciência e Saúde, ajudaram a aumentar desmedidamente o número de vítimas do vírus no país, resultando em um número absurdo e inaceitável de mais de 700 mil mortes. E mortes que continuam acontecendo, resultado da demonização realizada contra as vacinas. 
As religiões, todas elas, de todas as matrizes, são saudáveis, importantes e necessárias, desde que não se desviem da função primordial das suas existências, a de propagar e ensinar de forma clara, límpida e verdadeira os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo de Justiça, Verdade, Empatia, Paz e Amor.
Um grande abraço espinosense.


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