Não confunda com "para no ar", façanha restrita a beija-flores, helicópteros e ao espirituoso artilheiro Dario Maravilha. O Lago Paranoá não é uma criação da Natureza, nem das mentes privilegiadas do idealizador de Brasília Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa ou do genial arquiteto Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, mas a realização de uma brilhante ideia do engenheiro, botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, integrante da 2ª Comissão Cruls realizada de 1894 a 1895, que imaginou construir o lago de Brasília muito antes de ela existir. A Comissão Exploradora do Planalto Central foi chefiada pelo astrônomo e geógrafo belga Louis Ferdinand Cruls e contava com 21 pessoas, demarcando uma área de 14.400 km², considerada adequada para a futura capital. A equipe composta por pesquisadores, geólogos, geógrafos, botânicos, naturalistas, engenheiros e médicos, entre outros, realizou estudos científicos na região, mapeando aspectos climáticos e topográficos, estudando a fauna, a flora e os cursos de rios. Através dos estudos do francês Glaziou é que se viabilizou a constituição do lago mais de 60 anos depois, quando JK, o presidente Juscelino Kubitschek, finalmente construiu Brasília no Planalto Central do Brasil. A inauguração da nova e moderna capital brasileira deu-se em 21 de abril de 1960. A decisão para sua construção aconteceu em um comício do então candidato à presidência, JK, na cidade goiana de Jataí, ao prometer a um cidadão comum, se eleito, a transferir a capital para a região central do país, antigo projeto que constava no Artigo 4º do Ato das Disposições Constitucionais Provisórias da Constituição de 1946, que previa a mudança da Capital Federal. O cumprimento da promessa gerou críticas e resistência de boa parte de políticos e poderosos milionários que pretendiam manter o Rio de Janeiro como a capital do país. Interessante que, como já existia a cidade de Brasília aqui em Minas Gerais, foi requisitado gentilmente que esta acrescentasse a denominação "de Minas" para que a capital pudesse ser batizada como Brasília, nome sugerido no ano de 1823 por José Bonifácio, durante a Constituinte do Império.
O Lago Paranoá, peça integrante do projeto de Lúcio Costa, pretendia ser um local para o lazer da população, sem bairros residenciais ao seu redor e rodeada de bosques, tendo sua construção iniciada em 1957 pela construtora americana Raymond Concrete Pile of the Americas. Como a empresa iria atrasar a entrega prevista para abril de 1960, JK rescindiu o contrato e transferiu o comando da construção para a empresa brasileira NOVACAP, que tinha a parceria das construtoras Camargo Corrêa, Rabello e Engenharia Civil e Portuária. A inauguração da enorme barragem que tem três ilhas, Paranoá, Retiro e dos Clubes, foi solenemente inaugurada no dia do aniversário de 57 anos do Presidente Juscelino, 12 de setembro de 1959.
Pode parecer estranho, mas mesmo incrustada no centro do país, bem distante do mar, a cidade de Brasília possui o quarto maior número de embarcações inscritas na Marinha do Brasil, atrás de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. São cerca de 52.800 barcos e lanchas. Posteriormente, em 15 de dezembro de 2002, a barragem ganhou uma ponte de 1,2 km de extensão que se tornou um dos cartões postais da cidade, batizada de Ponte Juscelino Kubitschek, mas também chamada de Ponte JK ou Terceira Ponte. O projeto foi do arquiteto carioca Alexandre Chan.
Fonte: www.arquivopublico.df.gov.br
Durante a construção da nova capital Brasília, ali no ano de 1959, cerca de 16 mil operários, denominados de candangos, que trabalhavam nas diversas construções do Plano Piloto como as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e dos vários Ministérios, moravam com suas famílias em um acampamento chamado Vila Amaury, nome dado em homenagem a um engenheiro que era o responsável por receber e alocar os migrantes recém chegados ao Planalto Central do Brasil. Como o local era provisório, os trabalhadores que ali residiam tiveram que sair quando a construção do lago foi finalizada, as comportas fechadas e a água começou a inundar a região. Com esta debandada, os trabalhadores e seus familiares foram morar em cidades próximas de Brasília como Taguatinga, Gama e Sobradinho, resultando em pobreza, transtornos e violência. Como seria de se esperar, muitos foram os que criticavam ferozmente a decisão do Presidente Juscelino Kubitschek, tachando de loucura construir um lago artificial na capital. JK, inteligente e espirituoso, mandou um recado a eles quando a obra enfim foi terminada: "Encheu, viu?".
Um mar de água doce no coração de Brasília, o Lago Paranoá oferece aos seus visitantes várias oportunidades de lazer, com possibilidades de praticar esportes ou curtir estabelecimentos gastronômicos à beira da lagoa ou apenas se exercitar e apreciar a beleza do local.
Só gratidão ao grande Presidente mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, um dos maiores líderes do nosso democrático Brasil!
Um grande abraço espinosense.
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