Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Centenário de Espinosa - Postagem 19

Para comemorar o Centenário de Espinosa da sua emancipação política, publicarei aqui no nosso blog 100 (CEM) textos específicos (além das postagens normais), sobre imagens, acontecimentos e "causos" sobre mim, a minha Espinosa e alguns dos seus notáveis personagens.

Entre tantos bares e botecos espalhados pelo município de Espinosa, inclusive alguns que se perderam no tempo, nenhum teve tamanha importância para nossa Turma da Resina como o Copacabana Bar, comandado pelo metódico e sincero Zade, na verdade o senhor Osvaldo Cerqueira da Cruz, filho do ilustre casal Joaquim Cerqueira e Dalva Cardosina da Cruz. Oriundo de família tradicional, numerosa e apreciada na comunidade, Zade ficou famoso por entregar aos seus clientes fiéis ou momentâneos a cerveja mais gelada da cidade. Fiel aos seus princípios, ele imediatamente parava de vender e servir aos seus clientes se a sua cerveja não estivesse no ponto que considerava ideal. Mesmo com a nossa insistência, ele nunca recuava e explicava calmamente que a cerveja não estava no ponto certo e que iria fechar as portas naquele momento. Outra característica interessante do boteco de Zade era a quase inexistente opção de tira-gostos, o que era combustível para as muitas gozações. Para acompanhar a cerveja gelada ou a famosa pinga de Clóves vendidas ali, havia somente uns pacotinhos plásticos de pipoca colorida ou salgadinhos. 





Apesar da fisionomia fechada pelas espessas barba e bigode, Zade era bem-humorado e espirituoso, sempre soltando suas alfinetadas. Era hilária sua expressão "Bate a nica!" para os supostos maus pagadores, no sábio intuito de receber antecipadamente a grana antes da entrega do produto. Nos Carnavais que eram realizados antigamente no Clube dos 100 ou no Espigão de Sêo Zé do Hotel, Zade bloqueava o bar com mesas na entrada, de onde servia a gente. Certa vez, alguém sorrateiramente passou por baixo da mesa e entrou no bar para ir ao banheiro sem sua permissão, levando um sonora bronca dele. Adorando aquela cena e situação, fizemos uma pequena alteração na letra de uma das marchinhas que "bombavam" naqueles bons tempos: "Zade avisou agora, quem quiser urinar, vai urinar lá fora, aqui dentro não, aqui dentro não, tem que haver respeito dentro do balcão". Coisas de jovens ingênuos, irrequietos, empolgados e inconsequentes, mas sempre pacíficos e benignos.
Zade infelizmente já se foi para outra dimensão, deixando um vazio enorme em Espinosa para os seus muitos clientes fiéis e uma lacuna para quem aprecia realmente uma cerveja estupidamente gelada, sua especialidade.
Um forte, imenso e centenário abraço lençóisdorioverdense. 

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