Espinosa, meu éden

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

2888 - A história de "Marighella" na tela grande

Não é à toa que um dos filmes mais assistidos nos cinemas do Brasil em 2021 seja a produção dirigida pelo ator e diretor Wagner Moura e protagonizada brilhantemente pelo cantor e ator Seu Jorge. O filme "Marighella" merece sim toda essa atenção. É óbvio que em tempos sombrios e tão conturbados por que passa o país, econômica e politicamente, a simples menção a personagem que causa tanto amor e ódio fatalmente resultará em acaloradas discussões e discrepâncias de opiniões, continuando a colocar em rota de colisão progressistas da "esquerda" e conservadores da "direita". Mas a verdade é que a verdade deve sempre prevalecer, com os fatos sendo mostrados limpidamente para que os espectadores conheçam a nossa História e reflitam profundamente sobre nosso passado ainda pouco conhecido, muito pela ignorância vigente até em pessoas mais instruídas e de alto poder aquisitivo. Não se pode repudiar a verdade dos fatos, jamais! O maldito golpe militar e civil de 1964 existiu, durou longos, autoritários e violentos 21 anos e foi claramente apoiado pelos EUA, assim como o foram quase todos os demais golpes na América Latina. Marighella realmente tomou a decisão certa de lutar contra a ditadura, mas infelizmente a decisão errada e suicida de promover a ação armada, acabando covardemente assassinado por facínoras em uma rua da capital paulista. 
Não se deve rechaçar a verdade dos fatos! É fato que muita gente conservadora e defensora da ditadura se nega a ir assistir ao filme, nem que seja para detoná-lo ou para rebater as cenas e a visão do diretor ali mostradas. Para se criticar alguma coisa é mais do que preciso conhecê-la, de preferência profundamente. É triste aquela historinha do "não vi e não gostei". Ver, ler, inteirar-se, aprofundar-se, discordar, contestar com fatos é absolutamente crucial para a compreensão do mundo.
A verdade é que o filme do diretor Wagner Moura é muito bom, focado mais na história cheia de ação e suspense do que na panfletagem ideológica. O personagem principal, de carne e osso e vida real, age como mocinho e vilão, entre demonstrações de carinho à família e assaltos a trem e banco para arrecadação de fundos e armas para o combate ao regime. O filme "Marighella" é cinema de ótima qualidade, com atuações elogiáveis e cenas de pura emoção, algumas tão realistas que podem incomodar pessoas sensíveis à violência exacerbada, como as muitas delas da tortura tão utilizada nos porões das prisões estatais nos tempos de chumbo. Nomes talentosos e conhecidos do público da televisão também podem atrair telespectadores, casos de Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Herson Capri, Luiz Carlos Vasconcelos. 



"Marighella" é a chance de boa parte da população brasileira, sobretudo os jovens, descobrirem um longo e tenebroso processo que feriu de morte a Liberdade de Expressão e que fuzilou sem piedade a nossa sempre frágil Democracia, espalhando censura, violência, sangue, morte, dor e lágrimas. A verdade pode ficar por anos, décadas, séculos, escamoteada do povo, mas um belo dia ela finalmente eclodirá com toda sua força fidedigna aos fatos. Se ela vier através de um filme transmitido na tela grande do cinema, melhor ainda. Assim, mesmo se você que está lendo isto aqui seja um radical de extrema direita ou de extrema esquerda, não deixe de ir ao cinema para assistir a uma boa e qualificada fita que mostra um pouquinho da nossa história tão desconhecida de muitos. Não se arrependerá, eu garanto! 
Um grande abraço espinosense.

       

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