Está se aproximando o dia de comemorarmos o nascimento do menininho que mudou a história do mundo: Jesus Cristo! E nada mais propício, necessário e urgente que façamos todos uma reflexão extremamente profunda sobre as nossas convicções e as nossas atitudes cotidianas até o presente momento, pois o momento de partir desta vida terrena é incógnito e pode chegar a qualquer instante. Será que realmente estamos, nós cristãos que acreditamos integralmente na Palavra de Deus, colocando em prática no dia a dia os ensinamentos de Jesus? Será que as nossas opiniões, decisões e atitudes diárias correspondem exatamente ao que nos doutrinou o tão amado Cristo?
Qualquer um antenado vivente sabe "de cor e salteado" o teor dos 10 mandamentos, que entre outros princípios nos indica que não é aceitável matar, desonrar pai e mãe, criar e espalhar mentiras e destilar o ódio contra quem quer que seja, sem exceção. Quando Jesus Cristo nos ensina tão claramente que "é preciso amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", ele deixa bastante claro que o tal "próximo" não é só a sua mãe, o seu pai, o seu filho, a sua esposa, o seu irmão, a sua avó, o seu avô, a sua namorada e o seu amigo predileto, mas também o ladrão, o torcedor do time adversário, a prostituta, o homossexual, o transexual, o pobre mendigo deitado na calçada, o desempregado que pede dinheiro no sinal para alimentar a si e à sua família, o marginal condenado por intolerância racial ou assassinato, o concorrente a uma vaga de emprego, o antagonista político, o patrão, o empregado, o concorrente comercial, o sujeito que lhe roubou a mulher amada e a mulher não amada como deveria que se cansou de sofrer violência e decidiu ir distante viver em paz. O que sai da boca do homem (e da mulher, obviamente) deve estar em total consonância com os atos praticados na rotina do dia a dia, senão o que veremos é a mais abjeta hipocrisia. Quase diariamente rezamos a poderosa oração do "Pai Nosso". Será que estamos mesmo agindo de acordo com a prece, "Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"? Será mesmo?
Quando se aproxima o Natal, repentinamente entra em cena o tal "espírito natalino", processo em que algumas pessoas são tomadas por um abrandamento do radicalismo, do egocentrismo e da ganância demonstrados durante o ano inteiro e passam a distribuir sorrisos, abraços, presentes e doações aos necessitados. Mas a pergunta que incomoda e se faz essencial é: "Por que isso só agora, no Natal?". Porque não se adota essa posição de fraternidade, humanidade, afeto e empatia durante o ano inteiro? Por que, ao invés de doar um brinquedo e uma cesta básica a quem passa fome (registre-se e ressalte-se atitudes elogiáveis!) não se luta por uma justiça social ampla, geral e irrestrita que garanta uma vida digna a todos os brasileiros que passam necessidade e até são vítimas da maldita fome quase todos os dias do ano? Por que não trocar a caridade de momentos específicos (sim, laudável!) por uma renda mínima básica perpétua garantida na Constituição, para que nossos irmãos menos favorecidos não tenham que sofrer as mais excruciantes situações com suas famílias na maior parte do tempo?
Não, não temos muito o que comemorar neste Natal, pois a triste realidade é que não estamos seguindo como deveríamos os preceitos e exemplos do Nosso Senhor Jesus Cristo! Enquanto houver um único ser humano sendo perseguido, agredido, violentado, torturado, assassinado, censurado, humilhado, injuriado, ultrajado, vilipendiado, injustiçado, discriminado, não seremos realmente Filhos de Deus!
Assim é que no Natal, a data magnífica do nascimento de Jesus Cristo, todos devemos realizar uma visceral reflexão para compreender se estamos mesmo colocando em prática no cotidiano os preceitos contidos na Bíblia Sagrada sempre empunhada com estardalhaço nas igrejas e redes sociais como o caminho, a verdade e a vida.
Cada um com as suas consciências, vamos sim comemorar com alegria a data da vinda do mais importante ser deste mundo, o Jesus Cristo da paz, da harmonia, da solidariedade e do amor sem limites!
Feliz Natal e um Ano de 2022 repleto das melhores emoções e acontecimentos a todos!
Um grande abraço espinosense.
Um comentário:
A socialista Rosa Luxemburgo já cobrava essa postura cristã no início do século passado, denunciando o comportamento anticristo de membros das igrejas. Ela cobrou, dentre outros dos ensinamentos de Cristo, o "amai - vos uns aos outros". Observou a revolucionária que o amor não passa pela exploração, pelo desprezo à fome dos trabalhadores e por classificar as pessoas em classes sociais, já que Jesus afirmou sermos iguais.
Eu não consigo entender como alguém que se diz seguidor de Cristo, apoia esse projeto genocida em curso no Brasil.
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